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Coronavírus: Laboratório oferece exame a R$ 2.500; Governo desaconselha

Sede da Labcruz em Horizonte, Ceará - Reprodução/Google Street View
Sede da Labcruz em Horizonte, Ceará Imagem: Reprodução/Google Street View

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

07/02/2020 15h14Atualizada em 08/02/2020 09h57

Resumo da notícia

  • Laboratório no interior do Ceará coleta exame e promete resultado em sete dias
  • Testes podem ser desenvolvidos sem necessidade de aprovação prévia da Anvisa
  • Órgão desaconselha realização do exame e orienta que se procure o serviço público

Um laboratório no interior do Ceará oferece desde ontem um exame para identificar contaminação por coronavírus. Embora o Labcruz prometa o resultado em até sete dias úteis, o Ministério da Saúde desaconselha a opção.

Sem se identificar, o UOL perguntou ao laboratório o valor do exame e o método utilizado. "A Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] liberou para a gente desde ontem", afirmou a atendente. "O resultado fica pronto em sete dias úteis e custa R$ 2.000" parcelado no cartão de crédito.

Pelo Whatsapp, no entanto, o laboratório sediado na cidade de Horizonte, a 42 km de Fortaleza, informou o valor de R$ 2.500 pelo exame.

De acordo com a atendente, trata-se de um exame por biologia molecular. "A gente introduz um cotonete na faringe e retira duas amostras", diz.

O laboratório diz que o preço é alto por se tratar de um novo teste. "No começo, diagnosticar o Zika vírus também era caro."

Anvisa desaconselha laboratório particular

Procurada pelo UOL, a Anvisa explicou que qualquer laboratório com autorização para funcionar no Brasil pode desenvolver seu próprio teste para coronavírus e comercializá-lo sem a necessidade de aprovação pela agência.

Postagem de laboratório oferece exame, que não precisa de autorização da Anvisa - Reprodução - Reprodução
Postagem de laboratório oferece exame, que não precisa de autorização da Anvisa
Imagem: Reprodução

"Chamamos de 'in house' os testes desenvolvidos pelos laboratórios. Deve ser o caso a que o UOL se refere: eles não passam por registro da Anvisa", informou a assessoria de imprensa.

O órgão, no entanto, desaconselha a busca por laboratórios privados. "Não existe orientação para [casos de suspeita de coronavírus] procurar laboratórios particulares", diz a Anvisa. "A recomendação é procurar o serviço público de saúde."

É a mesma indicação do Ministério da Saúde. A pasta informa que "os casos leves devem ser acompanhados pela Atenção Primária em Saúde e instituídas medidas de precaução domiciliar".

Já os casos graves precisam ser encaminhados ao hospital de referência escolhido por cada estado da federação. Esses devem ficar isolados e iniciar tratamento. "São as pessoas que viajaram à China nos últimos 14 dias e apresentam febre e problemas respiratórios."

O UOL voltou a procurar o laboratório. A reportagem se identificou e informou que a Anvisa desaconselha a busca por laboratórios particulares. Na manhã deste sábado (8), o laboratório entrou em contato com o UOL. Ele afirmou que, ao contrário do que havia dito pelo telefone e na publicação do Instagram, não realiza o exame, faz apenas a coleta. "Trabalhamos com laboratório de apoio. O teste está disponível para todo laboratório parceiro."

Quais os laboratórios autorizados?

O ministério elegeu três laboratórios de referência nacional para diagnosticar o coronavírus: Fiocruz-RJ (Fundação Oswaldo Cruz), Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, e o IEC (Instituto Evandro Chagas), no Pará.

Já a OMS (Organização Mundial de Saúde) indica 15 laboratórios em 14 países, nenhum no Brasil.

Como é o teste?

O Ministério da Saúde explica que o laboratório utiliza um método para aspirar as vias aéreas ou induzir o escarro do paciente. "É necessária a coleta de duas amostras na suspeita do coronavírus", explica a pasta.

As duas amostras são "encaminhadas com urgência" para o Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública). Uma delas é enviada ao NIC (Centro Nacional de Influenza) e outra para análise "metagenômica" porque é necessário realizar exames de "biologia molecular que detecte o RNA viral".

Os casos graves devem ser encaminhados a um Hospital de Referência para isolamento e tratamento. Os casos leves devem ser acompanhados pela Atenção Primária em Saúde
Ministério da Saúde

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Anvisa é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A informação foi corrigida no texto.