Após desencorajar atos, Bolsonaro compartilha vídeos de manifestações

Depois de desencorajar atos marcados para hoje em rede nacional de televisão e rádio devido à propagação do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) compartilhou nas redes sociais pelo menos 13 vídeos de manifestações deste domingo (15) pelo Brasil.

O primeiro vídeo compartilhado foi postado originalmente pelo deputado federal Éder Mauro (PSD-PA), que ontem já havia convocado apoiadores de Bolsonaro a irem às ruas apesar da pandemia mundial e da orientação do Ministério da Saúde para que pessoas não fiquem em aglomerações.

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O registro mostra motociclistas nas ruas da capital paraense com roupas e bandeiras verde e amarelo. Há atos programados para mais de 200 cidades pelo país.

Pouco depois, Bolsonaro compartilhou vídeo da manifestação na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Os manifestantes colocaram cartazes na grama com o escrito "Desculpe, Jair, mas eu vim", "Fora, Maia", "O povo pauta o Congresso" e "Parlamentarismo, não".

Havia também uma carreata que se estendia por todo um lado da Esplanada, sentido Congresso. A mobilização dos motoristas começava na altura da rodoviária do Plano Piloto e chegava até o Parlamento, trecho de cerca de 2,5 km.

Em seguida, o presidente compartilhou vídeos de atos no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Piauí, entre outros.

Nas redes sociais, as manifestações são explicitamente contra o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal). Nas últimas semanas, Bolsonaro deu aval aos atos compartilhando vídeos a amigos e apoiadores no WhatsApp. Após repercussão negativa entre ministros do Supremo e parlamentares, Bolsonaro negou que estivesse apoiando atos contra os outros Poderes.

No Facebook, Bolsonaro compartilhou uma transmissão ao vivo de uma manifestação em Brasília. "Devemos lealdade ao povo brasileiro", registrou.

Após negar apoio, em escala na viagem oficial aos Estados Unidos, em base área em Roraima, Bolsonaro voltou a estimular a população a comparecer aos atos. Já nos Estados Unidos, antes de pelo menos seis pessoas de sua comitiva pegarem o coronavírus, o presidente minimizou o risco de contaminação. Apenas quando o quadro se agravou ele fez pronunciamento na televisão e no rádio desencorajando as pessoas para este domingo.

Ainda assim, também em transmissão ao vivo, mandou um recado para o Congresso dizendo que os protestos poderiam voltar a acontecer daqui a "um, dois meses".

O clima entre parlamentares está permeado de conflitos na articulação política e ressentimento perante Bolsonaro por este ter convocado publicamente a população a participar das manifestações.

Na semana passada, comissão do Congresso aprovou projeto que dá direito de o relator do Orçamento distribuir até R$ 20 bilhões a parlamentares. O projeto, que agora vai ser votado em plenário, é o mais polêmico entre os três enviados por Bolsonaro ao Congresso como parte do acordo para a manutenção do veto 52, sobre o controle de R$ 30,1 bilhões em emendas e a prioridade no destino dos valores.

Bolsonaro recebe ministro no Alvorada

Bolsonaro está em isolamento no Palácio da Alvorada com a família, depois de resultado negativo para o coronavírus. Hoje pela manhã, ele recebeu o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. A assessoria do ministro se limitou a dizer que a ida dele foi uma "visita de cortesia".

O presidente também observou a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, andar de bicicleta pelos jardins do palácio. Junto a seguranças, ela também deu uma volta em ruas próximas, fora da residência oficial.