Empresas testam covid-19 para volta ao escritório; imunidade não é certeza
Resumo da notícia
- Empresas contratam testes para saber quais funcionários já têm imunidade à covid-19
- A ideia é que quem já tenha sido curado da doença possa voltar a trabalhar presencialmente
- Pelo menos 25 empresas que operam em São Paulo adotaram a prática
- OMS acredita que maior parte dos curados crie resistência contra a doença
- Mas ainda não é consenso quanto tempo essa proteção dura, nem qual o nível
Ao menos 25 empresas em São Paulo compraram testes de imunidade ao covid-19 para determinar quais funcionários voltarão a trabalhar presencialmente. As companhias partem do pressuposto de que quem já se infectou pelo novo coronavírus não pegaria a doença novamente — embora o consenso científico, como alertou a OMS (Organização Mundial de Saúde) no último fim de semana, seja de que essa imunidade seja provável, mas não certa.
As empresas, de médio e de grande porte, já entraram em contato com laboratórios para a realização dos testes, conforme identificou levantamento da reportagem junto a três dos maiores do setor na cidade.
O banco Santander, por exemplo, pretende testar funcionários de cargos de direção e gerência, para que eles possam voltar a trabalhar presencialmente. A intenção foi anunciada pelo presidente do banco no Brasil, Sergio Rial, no começo de abril durante uma live.
Imunidade é provável, mas não é certeza
Por tratar-se de um vírus novo, a comunidade científica ainda não sabe exatamente como o corpo humano se comporta após vencê-lo: a imunidade à covid-19 pode funcionar como a do sarampo, que dura a vida inteira; ou como a da gripe comum, que dura cerca de dez meses.
No fim de semana, a OMS criticou países que pretendem lançar "passaportes de imunidade" — documentos emitidos por médicos que autorizariam curados a deixar a quarentena.
A organização afirmou que é esperado que a "maioria das pessoas infectadas pela covid-19" desenvolva anticorpos que deem algum tipo de proteção contra a doença.
"O que ainda não sabemos é qual o nível de proteção ou por quanto tempo ele durará", escreveu a organização.
Em São Paulo, Jean Gorinchteyn, médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, fez ressalvas sobre as incertezas sobre o tempo e o nível de proteção adquirida pelos curados, mas classificou a iniciativa das empresas privadas de positiva.
"Para as empresas que têm condições de fazer isso, é excelente", disse à reportagem.
"Ajuda a saber quantas pessoas deste ambiente de trabalho estariam contaminadas, saber quem deve se manter afastado ou não", afirmou.
Na última semana, a Coreia do Sul anunciou que mais de 180 pessoas voltaram a testar positivo para a covid-19 mesmo após terem se recuperado da doença. Segundo o Centro para Controle e Prevenção de Doenças do país (KCDC), os casos de recaída testados "têm pouca ou nenhuma transmissibilidade", ou seja, não representariam risco de transmitir o coronavírus a outras pessoas.
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