Puxadas por EUA e Brasil, Américas ultrapassam número de casos da Europa
O continente americano ultrapassou o número total de casos confirmados de coronavírus da Europa segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). Os números são puxados pelos Estados Unidos, o atual epicentro da pandemia, e pelo Brasil, que entrou em curva acelerada de casos e mortes. Já há alguns dias o continente americano vinha registrando mais casos e mortes do que o europeu.
Segundo dados divulgados hoje às 7h, que contabilizam casos oficiais registrados até ontem, as Américas atingiram 1,74 milhão de pessoas contaminadas. A Europa, por outro lado, começa a ver uma desaceleração no número de casos e mortes, que foram por muito tempo puxadas por Itália, Espanha e Reino Unido. O continente tem 1,73 milhão de casos.
"Definitivamente, o continente americano é o atual centro [da pandemia]", afirmou Margaret Harris, porta-voz da OMS, em entrevista coletiva hoje. "As Américas estão certamente dirigindo a pandemia no mundo, com maior número de casos e mortes."
A América do Norte ainda concentra os maiores números, em especial por causa dos Estados Unidos que têm no estado de Nova York o epicentro global da doença. Segundo a OMS, o país tem 1,3 milhão de casos e 78 mil mortes. Os dados da OMS, porém, costumam estar defasados.
O Canadá é o segundo país da parte norte do continente com mais casos e o terceiro da América toda — só perde para o Brasil. Já foram confirmados 69 mil casos e 4.900 mortes no país, que desde a segunda metade de março impõe medidas restritivas para conter a disseminação da doença.
A fronteira entre os dois países norte-americanos está fechada desde 20 de março e, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, já anunciou que manteria o fechamento por pelo menos mais algumas semanas. O presidente americano Donald Trump, por outro lado, manifestou o desejo de que a fronteira com o grande parceiro do norte seja uma das primeiras a reabrir.
Futuro da América Latina preocupa
A situação da América Latina e do Caribe é uma das que mais preocupa nas próximas semanas. No final de abril, o vice-diretor da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), Jarbas Barbosa, disse que a região estava igual à Europa de seis semanas antes — quando a Itália era considerada o epicentro da pandemia.
A entidade, que é o braço regional da OMS, defende que os países mantenham suas políticas de distanciamento social e aumentem a capacidade de testagem. Mas ainda assim prevê um aumento acelerado de casos na região.
Além do número de casos, as organizações latino-americanas se preocupam com a situação econômica pós-pandemia. A FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) alertou no dia 29 de abril para uma possível crise alimentar caso os governos não declarem oficialmente a alimentação e a agricultura como atividades fundamentais.
A Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) alertou que a pandemia vai levar a uma contração do PIB regional de 5,3%,o que geraria quase 11,5 milhões de novos desempregados e aproximadamente mais 30 milhões de pobres.
O Brasil é o país em pior situação na região, seguido por Peru, Equador e México. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil teve 168 mil casos confirmados hoje e 11.519 mortes, números ainda não computados pela OMS, pois há atraso no envio.
Assim como seus vizinhos, o Brasil está em fase de aceleração de casos e mortes e ainda não passou pelo seu pico. Mesmo assim, setores empresariais pressionam para a flexibilização dos isolamentos sociais. O ministro da Saúde, Nelson Teich, no entanto, disse não ver a possibilidade com o número de casos aumentando nesta velocidade e já admitiu a possibilidade de lockdown regional.
O Peru é o segundo país da América Latina em casos, mas em mortes é superado por México e Equador, segundo a OMS.
- Peru: 67 mil casos e 1.900 mortos
- Equador: 29.500 casos e 2.145 mortes
- México: 35 mil casos e 3.465 mortes
Para conter o avanço da doença, o Peru impôs quarentena absoluta no dia 16 de março e deve mantê-la no mínimo até o dia 10 de maio.
A medida é parcial de segunda-feira a sábado, e permite a um membro da família sair para comprar alimentos ou ir ao banco. Aos domingos, é proibido sair de casa.
Uma possível justificativa para o alto número de casos no Peru é sua alta capacidade de testagem. Segundo o site Worldometers, que compila dados de todos os países, a taxa de testagem peruana é de 14,3 para cada milhão de habitantes. É o segundo neste quesito na América Latina (excluindo ilhas), ficando atrás apenas da Venezuela (17,8 testes por milhão).
O Equador, segundo país em casos na América Latina, protagonizou o noticiário internacional nas primeiras semanas de abril quando surgiram imagens de cadáveres acumulando nas casas e até nas ruas de Guayaquil, no sudoeste do país.
O México decidiu fechar a sua fronteira com os EUA em 21 de março a fim de impedir que os altos números do vizinho chegassem ao seu território. O distanciamento social começou antes, em 16 de março, e deve durar no mínimo até 16 de maio. Mas o governo já fez projeções de manter até 1º de junho, segundo a imprensa mexicana.
Assim como o Brasil, o México sofre com a baixa adesão ao distanciamento social. Segundo dados de monitoramento de movimentação feito pelo Google, apenas 55% dos mexicanos estão respeitando o isolamento.
Os bons exemplos
Dois países que têm sido apontados como exemplos no combate à pandemia na região são Paraguai e Argentina, que impuseram duras restrições de circulação e fechamento de fronteiras logo nos primeiros casos e agora estão entre os números mais baixos.
O Paraguai comunicou no dia 29 de abril não ter mais nenhum paciente de coronavírus em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). O país tem um dos menores números de mortos: 10, e 724 casos Só está em pior situação que as ilhas do Caribe, que ainda estão na casa das dezenas de casos e nem registra óbitos em alguns casos.
No dia 1º de maio, no entanto, o ministro da saúde do país anunciou 67 novas casos no país, sendo 63 de viajantes brasileiros. O país tem demonstrado preocupação com a situação brasileira. No dia 7 de maio, o chefe do Congresso paraguaio disse que o Brasil é uma "ameaça" ao seu vizinho.
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