SP estuda quarentena "híbrida" restritiva na capital e flexível no interior
Resumo da notícia
- Grande São Paulo estuda cenário com quarentena mais restritiva, mas sem lockdown
- A medida aumentaria a lista de atividades proibidas de funcionar durante a pandemia
- A possibilidade de não haver lockdown ocorre mesmo sem o megaferiado ter atingido isolamento social de 55%
- No estado, existe probabilidade de flexibilização em cidades com poucos casos e baixa ocupação hospitalar
- A decisão final será divulgada na quarta, um dia depois de o comitê de saúde se reunir para avaliar as estatísticas estaduais
A possibilidade de lockdown no estado de São Paulo diminuiu neste final de semana, mesmo com o megaferiado na capital não tendo o efeito desejado. Hoje, o bloqueio total é considerado pelo governo algo "remoto". Apesar de o isolamento social não ter subido para os desejados 55% nos últimos dias, o cenário mais provável é de que na próxima semana seja anunciada uma quarentena mais restritiva na Região Metropolitana, com diminuição das atividades comerciais, informaram autoridades que participam das discussões.
Ao mesmo tempo, a depender de critérios de saúde, pode haver uma flexibilização e retomada de parte das atividades em algumas cidades, criando uma quarentena híbrida no estado.
Na capital, os feriados de Corpus Christi (celebrado em junho) e da Consciência Negra (20 de novembro) foram antecipados para quarta e quinta, respectivamente. A sexta-feira (22) foi decretada ponto facultativo.
A Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) aprovou a antecipação do feriado de 9 de julho (Revolução Constitucionalista) para amanhã. A medida vale para todo o estado.
O objetivo das medidas, classificadas como "última cartada" pelo prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB), era o de aumentar ao menos 55% a adesão para ao isolamento social a fim de conter a pandemia do novo coronavírus. Contudo, as estatísticas ficaram abaixo do esperado: na sexta, foram de 49% na capital e 48% no estado.
Integrantes do comitê econômico e autoridades de saúde do estado estão avaliando este e outros dados. Fontes ouvidas pelo UOL relatam que o próprio comitê de saúde do estado tem dúvidas sobre a eficácia do lockdown.
A justificativa é que a população não está respeitando a quarentena atual e poderia manter o comportamento. A avaliação é de que haveria maiores implicações econômicas e problemas sociais delas derivadas, sem garantia de benefícios.
Ao mesmo tempo em que esta solução intermediária ganha força na Região Metropolitana, é possível que exista uma flexibilização das restrições ao comércio em algumas cidades do estado, com retorno de atividades mediante cumprimento de protocolos sanitários.
A confirmação desta possibilidade depende de parâmetros de saúde como a curva de contágio e a taxa de ocupação de leitos de enfermaria e de UTI (Unidades de Terapia Intensiva) nos hospitais.
Quarentena mais restritiva
A decretação de lockdown já foi considerada questão de tempo, perdeu força, mas ainda não está descartada. No entanto, tem sido descrita nos bastidores do governo estadual como algo distante num futuro próximo.
A quarentena atual termina no próximo domingo, 31 de maio, e a resposta do que acontecerá de junho em diante será divulgada na quarta-feira, um dia depois de o comitê de saúde se reunir.
A possibilidade considerada mais fortalecida hoje é de que na Região Metropolitana de São Paulo ocorra um aumento na lista de atividades que não podem funcionar durante a pandemia.
Pelas regras atuais, setores como lavanderias, limpeza, construção civil e locadora de veículos podem operar. Existe a possibilidade de a Baixada Santista também ser incluída nesta quarentena mais restritiva pelos parâmetros de saúde que apresenta.
A adesão ao isolamento considerada necessária para impedir o colapso do sistema de saúde, de acordo com o Centro de Contingência ao Coronavírus, é de 55%, mas não foi alcançada em nenhum dia deste megaferiado.
Na quarta, o índice foi de 51% na capital. Na quinta, oscilou para 52% até atingir os 49% na sexta. É uma variação que está dentro da média observada na última semana: no último domingo, a taxa foi de 54%.
Mesmo assim, o lockdown é considerado uma opção menos provável. A explicação é de que o percentual de 55% seria um número simbólico e que importantes são as estatísticas de saúde. Outra razão é a preocupação com o descumprimento da medida.
Uma autoridade explicou à reportagem que existe o medo de as pessoas não respeitarem o decreto por falta de engajamento e também pela possibilidade de politização do lockdown.
Aglomerações precisariam de intervenção policial para que a medida não seja desacreditada, abalando a credibilidade dos governos estadual e municipal.
Um temor é a repetição de situação similar à do vídeo que viralizou em abril de uma mulher em Araraquara sendo detida por descumprir a quarentena. As imagens mobilizaram até o Palácio do Planalto.
Por último, um lockdown impõe fechamento de quase todas as atividades comerciais de uma cidade, região ou estado, o que traria impactos econômicos ao estado e a população.
Quarentena mais flexível
Ao mesmo tempo em que a Região Metropolitana de São Paulo e talvez a Baixada Santista devem experimentar maior restrição, existe a possibilidade de algumas cidades receberem autorização para retomar parte dos negócios. O Plano São Paulo, como é chamado o programa de flexibilização da quarentena, estipula três condições para relaxar o isolamento social.
As UTIs precisam ter ocupação inferior a 60%. É necessário ainda haver 14 dias de queda continuada no número de casos confirmados de covid-19. Por último, o isolamento social precisa ter índice mínimo de 55%.
O tema é tratado com bastante cuidado para evitar passos em falso, mas municípios com poucos casos de covid-19 e baixa ocupação de leitos hospitalares podem ter flexibilização da quarentena. A lista do que poderá eventualmente funcionar levará em conta a chamada vulnerabilidade econômica, ou seja, o risco de determinados setores quebrarem.
Outro ponto bastante observado é o número de empregados que cada atividade tem. É sabido que construção civil e telemarketing recrutam bastante mão de obra. Por último, está sendo avaliado o potencial de infecção dos setores e aqueles com menor possibilidade de contágio têm vantagem.
Atividades que puderem reabrir terão regras a seguir. O governo de São Paulo vai fixar uma série de medidas sanitárias por meio de um protocolo.
Ele ainda não está concluído, mas a modelagem é similar ao que ocorreu em países que já reabriram seus negócios e contém a obrigação de usar máscaras, manter distanciamento de clientes, não promover aglomerações e disponibilizar álcool gel para clientes e funcionários.
O UOL confirmou as informações junto a fontes dos governos municipal e estadual e solicitou manifestação oficial da Prefeitura e do Estado. O A Secretaria de Comunicação do governo do Eestado respondeu que vai informar a decisão sobre o enfrentamento ao coronavírus até o próximo domingo e que ela será baseada na ciência. Confira a íntegra.
"Antes do dia 31 de maio, quando encerra o prazo da atual quarentena, o Governo de São Paulo vai anunciar como passará a combater a epidemia. Os critérios serão definidos pela ciência e pela medicina com o intuito de salvar vidas, como o Estado vem fazendo desde o início de todo processo de enfrentamento ao coronavírus".
A Prefeitura não se manifestou. Caso ocorra um pronunciamento, ele será incluída nesta matéria.
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