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Brasil e EUA têm mais de mil mortes diárias por covid e briga com fake news

28.mai.2020 - Enterro de vítimas de coronavírus no Cemitério do Cajú (São Francisco Xavier) no Rio de Janeiro - SAULO ANGELO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
28.mai.2020 - Enterro de vítimas de coronavírus no Cemitério do Cajú (São Francisco Xavier) no Rio de Janeiro Imagem: SAULO ANGELO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Carolina Marins

Do UOL, em São Paulo

29/05/2020 01h30

Mais de mil mortes por covid-19 registradas em 24 horas e fake news envolvendo a política. Brasil e Estados Unidos lutam contra esses dois problemas, e um novo capítulo ocorreu ontem.

No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, foram registradas 1.156 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas — já são três dias consecutivos com mais de mil mortes em decorrência do novo coronavírus. No total, o país soma 26.754 óbitos pelo novo coronavírus.

Além disso, são 26.417 novos diagnósticos da doença, um recorde para o intervalo de 24 horas. O balanço mais recente do ministério aponta 438.238 diagnósticos da doença em todo o território nacional.

Enquanto isso, o país continua assistindo aos desdobramentos da operação da Polícia Federal que cumpriu anteontem 29 mandados de busca e apreensão contra empresários e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A operação está relacionada ao inquérito das fake news, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

O ministro do STF Edson Fachin solicitou em despacho que o plenário da corte julgue o pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, de suspensão do inquérito que apura ofensas e ameaças contra ministros do tribunal. Caberá agora ao presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, definir uma data para julgamento do caso.

De acordo com a Folha de S.Paulo, a maioria dos ministros do STF defende a manutenção do inquérito de fake news. Os ministros têm conversado por meio de videoconferência, e ao menos sete já mostraram apoiar a continuação da investigação.

Bolsonaro defendeu seus apoiadores atingidos pela operação da PF. Durante transmissão ao vivo pelo Facebook, afirmou ainda, em relação à consulta do ministro Celso de Mello, do STF, à Procuradoria-Geral da República sobre a possibilidade de confisco do celular presidencial, que não quer "brigar com Poder nenhum, mas a recíproca tem de ser verdadeira".

Fake news e mortes nos EUA

O tema fake news também tem atingido Donald Trump. Dois dias depois de o Twitter sinalizar uma publicação sua como "potencialmente enganosa", o presidente dos Estados Unidos assinou um decreto que permite punições a redes sociais.

"Estou assinando hoje um decreto para proteger e assegurar a liberdade de expressão e direitos do povo americano", declarou Trump, na Casa Branca. "Atualmente, gigantes das redes sociais como o Twitter recebem um escudo de responsabilidade sem precedentes, baseado na teoria de que eles são uma plataforma neutra — o que eles não são", completou.

Enquanto Trump diz se preocupar com "liberdade de expressão nas redes sociais", os Estados Unidos tiveram 1.297 mortes pelo novo coronavírus em 24 horas, elevando o total de óbitos a 101.573, segundo contagem feita pela Universidade Johns Hopkins. O país tem aproximadamente 1,7 milhão de pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus.

Aceleração da covid-19 em Estados brasileiros

São Paulo teve 6.382 casos confirmados de covid-19 de ontem para hoje — o maior número e quase o dobro do registrado no dia anterior. Ainda assim, o estado fala em flexibilização das regras de isolamento social.

O Pará também registrou sua maior alta de casos: 2.666, em 24 horas. Nos últimos sete dias, o estado do Norte contabilizou em média 1.990 novos diagnósticos por dia, valor que só é superado por São Paulo.

Os estados passam pelo período de aceleração da doença, em especial as grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Manaus. Com medidas de isolamento e a decretação de um megaferiado, o governo de São Paulo diz ver uma contenção na curva de crescimento e discute uma abertura gradual das atividades econômicas.

O Rio de Janeiro teve uma explosão de casos, começando a semana com mais de 37 mil notificações e caminhando para terminar perto das 50 mil. O alto número pode ser explicado pelo aumento na capacidade de aplicar testes no estado, que dobrou, segundo a secretaria de saúde. As mortes também aumentaram significativamente no mês de maio — agora são 4.856 óbitos por covid-19.

Paraíba, Amapá, Acre e Mato Grosso nunca haviam registrado tantas mortes em 24 horas como na atualização feita nesta quinta-feira pelo Ministério da Saúde.

Terceiro estado em casos e mortes, o Ceará também passa pelo período de aceleração e figura como epicentro da pandemia na região Nordeste. Ainda assim, o governo estuda um plano de reabertura gradual, semelhante ao desenvolvido em São Paulo.

Amazonas é outro estado que chama atenção, por já ter sofrido um colapso do sistema de saúde e funerário em sua capital Manaus, mas que atualmente aparece em quarto em casos e mortes.

A cidade tem uma explosão de mortes sem confirmação para a covid-19, o que aponta para uma possível subnotificação. O governo estadual também planeja uma abertura, que recebeu a reprovação do prefeito da capital.

A região menos afetada pelo coronavírus é a Centro-oeste, liderado pelo Distrito Federal. No entanto, há também a possibilidade de subnotificação na região, fato que pode ser observado nos baixos dados de mortos reportados diariamente.

O Mato Grosso do Sul não reportou novas mortes durante dias, ficando apenas com 17. Enquanto o Mato Grossa reporta poucos óbitos diários, geralmente dois ou três.