Governo adia reavaliação do Plano SP após aumento de 18% nas internações
O governo de São Paulo anunciou hoje que decidiu adiar a reclassificação que estava programada para hoje do Plano SP, o conjunto de medidas restritivas adotadas para controlar a pandemia do novo coronavírus no estado.
No anúncio, o governador João Doria (PSDB) citou "preocupação" e "cautela" por um aumento constatado de 18% nas internações por covid-19 na última semana. No entanto, o governo estadual disse que o dado ainda precisa ser analisado em conjunto com estatísticas de novos casos e mortes, que são fornecidas pelo Ministério da Saúde e tiveram um problema de atualização nos últimos dias por causa de uma falha no sistema da pasta federal.
Doria prometeu uma nova atualização para 30 de novembro, quando mais regiões podem avançar à fase verde do plano, que prevê medidas menos restritivas. O aumento nas internações já era observado nas unidades de saúde paulistas na semana passada, mas ainda era negado pelo governo.
Segundo a administração estadual, que acredita na possibilidade de defasagem nos números de casos e mortes, o aumento nas internações pode ter sido maior por ser em comparação com uma semana anterior "boa", com relativamente poucas internações.
"A falta de informações sobre casos e óbitos, durante seis dias da semana passada, causada por pane no sistema do Ministério da Saúde, estará solucionada nessa semana, mas afetou normalização dos dados em todo o Brasil, aqui em especial", disse Doria durante entrevista coletiva realizada no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.
"Pelos indicadores disponíveis, a maioria [das regiões de São Paulo] seria promovida para a fase verde. Porém, indicadores de leitos de UTI e internações, sob responsabilidade do governo de São Paulo, cresceram em relação à semana anterior. O momento requer precaução para uma análise mais completa. Cautela e cuidado", completou o governador.
O governo estadual explicou que a falha no sistema do Ministério da Saúde pode ter feito com que dados de novos casos e mortes causadas pela covid-19 tenham ficado represados. Por isso, a administração paulista só confia na análise das estatísticas de responsabilidade direta do estado, como número de internações e ocupação de leitos. Já os números de casos e mortes são remetidos pelas cidades diretamente à pasta federal.
Secretária de Desenvolvimento Econômico de São Paulo, Patrícia Ellen explicou que os dados disponíveis até agora do Ministério ainda indicam estabilidade de casos e óbitos, mas que a continuidade do aumento nas internações na próxima semana pode ser "muito ruim".
"Hoje temos um patamar limite de internações para a fase verde, que é de 40 internações a cada 100 mil habitantes. Estamos com média de 29,8. Então temos uma sobra bastante grande. Mas como houve instabilidade em indicadores que pesam, estamos aguardando as próximas semanas. A gente já chegou a ter o dobro disso. O que não sabemos é se esse aumento, se ele permanecer, é muito ruim. Por isso estamos tomando essa medida cautelar", disse a secretária.
Segundo dados de hoje fornecidos pelo governo paulista, a taxa de ocupação de leitos de UTI é de 47,3% na Grande São Paulo e 42,3% no estado, com 7.973 pacientes internados, sendo 4.601 em enfermaria e 3.372 em unidades de terapia intensiva.
Clima de preocupação
Apesar de ainda esperar para confirmar o possível agravamento da pandemia no estado, as autoridades paulistas demonstraram um ar de preocupação na entrevista coletiva de hoje. Coordenador-executivo do Centro de Contingência da covid-19 em São Paulo, João Gabbardo foi enfático ao criticar o clima de normalidade que ele disse ter observado nos últimos dias.
"Não devemos considerar como significado definitivo esse aumento. Serve como precaução para que reforcemos orientação de distanciamento social. Ainda não dominamos esse vírus e não temos controle sobre a pandemia", explicou.
"Até o final do ano essa recomendação se mantém para evitar festas. Parece que a temporada de festas de casamento está liberada. Isso não está previsto", criticou Gabbardo.
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