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Covid: O que sabemos sobre a vacina de Oxford

Brian Pinker, de 82 anos, é imunizado com vacina desenvolvida pela Oxford - Steve Parsons/Pool via REUTERS
Brian Pinker, de 82 anos, é imunizado com vacina desenvolvida pela Oxford Imagem: Steve Parsons/Pool via REUTERS

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

08/01/2021 16h09

A vacina contra covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca começou a ser aplicada na última segunda-feira (4) no Reino Unido.

Barato e de fácil armazenamento, o imunizante será produzido no Brasil pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que hoje formalizou à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) um pedido para uso emergencial de 2 milhões de doses que serão importadas da Índia. A agência estima que a análise deve levar até 10 dias

O uso emergencial permite a vacinação em grupos de risco como idosos, indígenas e profissionais da saúde. A Fiocruz informou que o pedido para registro definitivo (que permite vacinação em massa) deve ser feito até o dia 15 de janeiro.

Mas, afinal, o que se sabe sobre a vacina de Oxford?

Como funciona a vacina?

Vetor viral é o nome da tecnologia usada pelos laboratórios para fabricar a vacina de Oxford. Ao contrário da maioria dos imunizantes, que utiliza o próprio coronavírus para estimular a imunidade, a vacina britânica modifica em laboratório o adenovírus, causador de resfriados em chipanzés.

Esse vírus é ainda mais fácil de o nosso sistema imunológico combater, pois ele não está adaptado ao corpo humano e é facilmente eliminado pelo nosso sistema.

Os cientistas retiram do coronavírus sua proteína Spike (proteína "S" utilizada pelo vírus para entrar na célula humana) e o acopla no adenovírus modificado. Ao identificar a proteína S, nosso sistema imunológico a reconhece como estranha e produz anticorpos.

A vacina de Oxford será importada ou produzida aqui?

De acordo com a versão inicial do PNI (Plano Nacional de Imunização), divulgada no fim do ano passado, o Brasil encomendou 360,9 milhões de doses de diversas vacinas, mas 210,4 milhões são da Oxford (58%). A maior parte das vacinas, ou 110 milhões de doses, será fabricada em território nacional, no Complexo Industrial de Bio-Manguinhos, na sede da Fiocruz, Zona Norte do Rio.

O governo espera receber em janeiro o primeiro lote da vacina importado da Índia. A Fiocruz obteve recentemente autorização da Anvisa para importar 2 milhões de doses da vacina, produzida pelo instituto indiano.

Quando o Brasil começa a vacinar?

A Fiocruz planejava entregar ao Ministério da Saúde as primeiras ampolas em 8 de fevereiro, mas talvez faça isso ainda este mês, já que o governo declarou intenção de iniciar a vacinação em 20 de janeiro.

A expectativa é de que 100,4 milhões de doses sejam entregues até julho e 110 milhões entre agosto e dezembro. Para a compra e produção desses lotes, o Congresso liberou R$ 1,9 bilhão no começo de dezembro.

Vantagens da vacina de Oxford?

  • Fácil de armazenar: Pode ser acomodada em refrigeradores tradicionais, de temperatura entre 2°C e 8°C. O imunizante da Pfizer, por exemplo, exige refrigeração a -70°. Cada frasco com cinco doses será armazenado em caixas com 25 frascos.
  • Barata: Ela custa de US$ 3,16 (cerca de R$ 17) a US$ 5,25 (cerca de R$ 28), mais barata que a da Pfizer (US$ 19,50) e a da Moderna (até US$ 37).

Ela provoca reações adversas?

Estudos clínicos apontam que a vacina é segura para todas as faixas etárias, diz a Fiocruz. Nos testes, as reações adversas mais comuns foram dor no local da vacinação, febre e dor de cabeça de intensidade leve ou moderada. "Não foi registrada nenhuma reação grave relacionada à imunização", afirma a instituição.

Outra desvantagem pode ser a necessidade de duas aplicações. A da farmacêutica Janssen, ligada à Johnson & Johnson, por exemplo, exige apenas dose única.

Aprovação no Reino Unido

A agência reguladora do Reino Unido aprovou no último dia 30 o uso da vacina de Oxford, o que permitiu sua aplicação a partir de segunda-feira (4). A aprovação pela agência britânica foi realizada antes da conclusão total dos ensaios clínicos, com base nos resultados parciais divulgados em dezembro pela revista científica The Lancet.

O artigo indica eficácia de 70% em adultos com menos de 55 anos no Brasil, Reino Unido e África do Sul. O número supera a eficácia mínima de 50% estabelecida pela Anvisa para dar aprovação a um imunizante contra a covid-19.

Como está a aprovação no Brasil?

A aprovação no Reino Unido pode ajudar a acelerar o processo no Brasil. A AstraZeneca e a Fiocruz enviaram à Anvisa o primeiro pacote de informações sobre a vacina no final de setembro.

Em novembro, o laboratório divulgou eficácia de 62% a 90%, mas depois descobriu-se que o índice de 90% não incluía voluntários idosos suficientes. Em 22 de dezembro, a Anvisa recebeu outros dados de eficácia e segurança da vacina, e, nesta semana, voltou a se reunir com membros da Fiocruz para discutir a aprovação emergencial do imunizante. Na sexta, foi protocolado o pedido para importação de 2 milhões de doses.

Índia e Argentina

Além do Reino Unido, a Índia e a Argentina também liberaram o uso da vacina de Oxford em caráter de emergência. A Índia é o 2º país com o maior número de infectados no mundo, com mais de 10,4 milhões de casos e quase 151 mil mortes.