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Doria critica governo federal e faz apelo por antecipação de vacina em SP

Governador de São Paulo com caixa da CoronaVac na chegada do primeiro lote de insumos vindo da China, ainda no início de dezembro. Atualmente, Butantan diz ter 10,8 milhões de doses à disposição da vacina contra a covid-19 - Divulgação/Governo de São Paulo
Governador de São Paulo com caixa da CoronaVac na chegada do primeiro lote de insumos vindo da China, ainda no início de dezembro. Atualmente, Butantan diz ter 10,8 milhões de doses à disposição da vacina contra a covid-19 Imagem: Divulgação/Governo de São Paulo

Leonardo Martins, Rafael Bragança e Allan Brito

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL

11/01/2021 14h34Atualizada em 11/01/2021 16h02

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), voltou a criticar hoje o governo federal pela demora em estabelecer uma data para o início da campanha nacional de vacinação contra a covid-19. Em evento para anunciar detalhes do plano estadual de imunização, marcado para começar em 25 de janeiro, Doria fez um apelo para que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) agilize o processo de aprovação de uso emergencial da CoronaVac.

"Postergar, adiar e burocratizar para servir a qual interesse? Diante de um país vitimado pela covid e que já perdeu mais de 200 mil vidas. É hora de ter compaixão e colocar sentimento acima de qualquer discussão de ordem política, ideológica e partidária", disse Doria em entrevista coletiva realizada no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.

Desde a última quinta-feira (7), a Anvisa tem dados enviados pelo Instituto Butantan, responsável pela fabricação da CoronaVac no Brasil, a respeito do pedido de uso emergencial da vacina, que visa garantir o início da aplicação do imunizante para grupos prioritários em São Paulo. No entanto, já anteontem (9) a agência federal acusou que faltavam documentos no pedido do Butantan.

"Faço um apelo à Anvisa e ao governo federal", afirmou Doria. "Olhem as perdas que estamos tendo no Brasil. Mais de 60 países no mundo já estão vacinando sua população. E aqui estamos vacilando em vez de estarmos vacinando. Não faz sentido. É o segundo país em número de mortes, o terceiro em casos e não começamos a vacinar. Não é justificável. A única vacina em solo brasileiro é a vacina do Butantan com quase 11 milhões de doses aqui. De uma instituição com mais de 120 anos de existência", completou o governador paulista.

Atualmente, o Butantan, que é ligado ao governo de São Paulo, afirma ter 10,8 milhões de doses da CoronaVac à disposição para aplicação e que poderiam, pelo menos em parte, integrar o PNI (Programa Nacional de Imunização). No entanto, o governo federal ainda tenta contar com a vacina de Oxford, do laboratório AstraZeneca, para começar a campanha nacional. No Brasil, o imunizante será produzido pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), uma instituição federal.

Butantan x Fiocruz

Após a Fiocruz também solicitar pedido de uso emergencial para a vacina de Oxford na última sexta (8), formou-se um páreo para saber qual imunizante será aprovado antes pela agência federal, que também pode acabar dando o aval para a aplicação de ambos de forma simultânea. Até agora, porém, a Fiocruz largou na frente, o que também foi motivo de questionamento de Doria.

Enquanto o Butantan recebeu uma requisição para o envio de mais informações, a Fiocruz teve a sua documentação aceita pela Anvisa. No caso da instituição federal, o pedido é um pouco diferente do Butantan, se referindo especificamente ao uso emergencial de 2 milhões de doses que virão prontas da Índia, antes de a Fiocruz iniciar a produção nacional.

O que difere a Fiocruz do Butantan? É uma instituição tão respeitada quanto. Por que uma vacina está ok? Dados completos. E a Anvisa ainda anuncia que pode antecipar a aprovação da vacina da Fiocruz, que pertence ao governo federal. Enquanto a vacina do Butantan, ligada ao governo de São Paulo, a exigência sobe? [Fica] para reflexão
João Doria, governador de São Paulo

Apesar de ter divulgado a eficácia de 78% da CoronaVac na semana passada, o Butantan e o governo de São Paulo usaram um dado ainda incompleto, que não determina a eficácia geral da vacina. O número apresentado foi em relação aos desfechos secundários analisados nos estudos clínicos.

No anúncio dos dados completos prometido pelo governo paulista para amanhã (12), é esperado que a CoronaVac demonstre uma eficácia entre 63% e 68%, o que é considerado mais do que suficiente para uma vacina contra a covid-19. O mínimo exigido para a aprovação da Anvisa é uma proteção com 50% de eficácia.

Aumento de casos, internações e mortes

Também na coletiva de imprensa realizada hoje, o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, mostrou preocupação ao falar sobre os índices da pandemia no estado. Ele afirmou que, nas últimas quatro semanas, tivemos aumento de "todos os índices de saúde". E destacou que o estado tem a maior média móvel de internações e óbitos desde agosto do ano passado.

"Na análise entre a 51ª semana epidemiológica e a última, a semana passada, tivemos aumento de 44% no número de casos, 41% no número de óbitos e 10% no número de internações. AS UTIs [Unidades de Terapia Intensiva] tiveram ocupação de 66,7% na Grande São Paulo. No estado, 65%", explicou Jean.

O Secretário afirmou que, para combater esse problema, o governo está ampliando o número de leitos, mantendo assim a assistência em todo estado.

"Neste ano, na primeira semana, tivemos aumento de 250 leitos. Implementar leito é garantir que ninguém fique desassistido", concluiu Jean.