CoronaVac trará tranquilidade de não agravar doença, diz Pazuello
Ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, destacou hoje à noite a importância, para o combate da covid-19, da vacina CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. O discurso vai de encontro às críticas feitas por Bolsonaro à vacina patrocinada pelo governo de João Doria (PSDB), seu adversário político.
A vacina do Butantan vai ser muito importante, se aprovada pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], porque vai trazer a tranquilidade de não agravar a doença, ou seja, as pessoas que tomarem a vacina pelo menos não terão a doença agravada e não cairão numa UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ou num respirador."
General Eduardo Pazuello, ministro da Saúde
No início da semana, o governo de São Paulo anunciou que a CoronaVac tem eficácia geral de 50,38%. O resultado engloba todos os grupos analisados nos testes clínicos, e o percentual está acima de 50%, que é o mínimo exigido pela Anvisa. Além disso, os 50,38% atendem aos padrões da OMS (Organização Mundial de Saúde).
Há meses, Bolsonaro vem levantando dúvidas sobre os estudos com a CoronaVac, que tem como origem o laboratório chinês Sinovac. O mandatário brasileiro, aliado de primeira hora de Donald Trump, tem acumulado atritos com os chineses desde o início do governo, em especial no que diz respeito a supostas divergências ideológicas.
"A eficácia daquela vacina de São Paulo está lá embaixo, está lá embaixo", disse Bolsonaro ontem.
Aprovação na Anvisa
Durante a live de hoje, Pazuello disse que a Anvisa está concluindo a análise desses números e da documentação para o pedido de uso emergencial. "Aguardamos essa autorização para a vacinação, e vamos utilizar todas as vacinas aprovadas pela agência", reforçou.
A Anvisa informou que está prevista para domingo a reunião da Diretoria Colegiada que decidirá sobre pedidos de autorização para uso emergencial das vacinas do Instituto Butantan e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), respectivamente a CoronaVac e a AstraZeneca-Oxford.
Acho que domingo devemos ter - devemos, porque é uma agência independente. Se as duas forem certificadas, 'bora pro pau'. Se não for, eu não vou comprar, quem manda sou eu. Não somos irresponsáveis, tem que passar por lá. A gente não quer aplicar um placebo no pessoal também só para movimentar o mercado. O Brasil mudou."
Jair Bolsonaro
Em outubro, Bolsonaro chegou a dizer que o governo brasileiro não compraria as doses da Coronavac. Na ocasião, a declaração desautorizou anúncio feito pelo ministro Pazuello, que em reunião com governadores informou que o governo compraria 46 milhões de doses do imunizante.
"Vamos ultrapassar os EUA"
Enquanto aguarda a decisão da Anvisa, Pazuello declarou hoje que, no no próximo mês, o Brasil irá ultrapassar os EUA no ranking de aplicação de vacinas.
Em janeiro, com dois, seis ou oito milhões de doses, vamos nos tornar o segundo, talvez o primeiro, dependendo dos EUA, país que mais vacinou no mundo. Quando entrarmos em fevereiro com a nossa produção em larga escala, e nosso PNI [Plano Nacional de Imunização], que tem 45 anos, vamos ultrapassar todo mundo, inclusive os EUA."
General Eduardo Pazuello
Mais cedo, Pazuello se reuniu com a Frente Nacional de Prefeitos e prometeu distribuir 8 milhões de doses das vacinas do Instituto Butantan, a CoronaVac, e da Fiocruz na próxima semana para começar a campanha nacional de vacinação no dia 20. O início da vacinação, no entanto, foi posteriormente adiado em um dia porque o avião responsável por buscar parte das doses da vacina da Fiocruz na Índia só deve sair do país nesta sexta-feira (15).
Os Estados Unidos mencionados por Pazuello, por sua vez, já aplicaram ao menos uma dose de vacina em cerca de 11,1 milhões de americanos —menos do que os 20 milhões prometidos. Os dados são do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês).
Ontem, a OMS (Organização Mundial da Saúde) informou que cerca de 28 milhões de pessoas já se vacinaram contra a covid-19 em 46 países do mundo.
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