Topo

Covid acelera 62% no Amazonas e mata mais pessoas fora de grupos de risco

Cemitério do Tarumã, o maior de Manaus, no Amazonas - Carlos Madeiro/UOL
Cemitério do Tarumã, o maior de Manaus, no Amazonas Imagem: Carlos Madeiro/UOL

do UOL, em São Paulo*

02/02/2021 02h52

Um total de 149 pessoas morreu de covid-19 no Amazonas e a média móvel de óbitos — comparação dos dados dos últimos 14 dias da doença — segue em aceleração, hoje calculada em 62%, registrou o consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte, baseado nos dados das secretarias estaduais de saúde.

O Amazonas já superou as 8 mil mortes por covid-19.

Nesta segunda-feira, morreu o quarto dos 18 pacientes transferidos do Amazonas para Uberaba (MG). O Estado foi um dos vários que recebeu pacientes amazonenses transferidos após o colapso do sistema de saúde do Estado que causou uma crise sem precedentes de falta de oxigênio nos hospitais locais e se alastra pelo interior.

Para o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a transferência de pacientes pode acelerar a disseminação da nova variante do vírus SARS-Cov-2 — descoberta no Amazonas — pelo restante do Brasil.

Crescem mortes de pessoas fora do grupo de risco no Amazonas

Análise realizada nos dados de mortes por (SRAG) Síndrome Respiratória Aguda Grave mostra que o número de pessoas sem comorbidades, portanto fora do grupo de risco para covid-19, cresceu proporcionalmente em janeiro em comparação com a média registrada ao longo do ano passado.

Entre os 1.664 mortos de covid-19 entre 1º e 25 de janeiro já registrados no sistema SARG, do Ministério da Saúde, 331 (19,9%) deles tinham menos de 60 anos e não sofriam de doenças crônicas.

No ano passado, das 5.303 vítimas de covid-19 no Amazonas, 491 (9,2%) não apresentavam comorbidades — doenças crônicas como cardiopatias, diabetes, pessoas com imunidade baixa, como transplantados, maiores de 60 anos, por exemplo — que são as pessoas com risco aumentado para terem modalidades mais graves da doença.

Em comparação com o restante do país, cuja média de mortos sem comorbidades foi de 7,3%, o levantamento chama a atenção e pode ser um indicativo de maior letalidade da nova cepa de covid-19 descoberta no Estado.

Não dá para descartar também um eventual papel da variante P.1. Já estamos quase certos de que ela é mais transmissível, mas ainda precisamos de mais análises genômicas e epidemiológicas para saber se ela é mais letal."
Jesem Orellana, epidemiologista da Fiocruz Amazônia.

Colômbia registra dois casos da variante brasileira do vírus da covid-19

A nova variante do vírus — cuja descoberta foi revelada pelo UOL — tem sido detectada em vários países desde então. No domingo (31), o Instituto Nacional de Saúde da Colômbia divulgou que dois cidadãos do país foram infectados "com a variante brasileira do coronavírus": uma mulher de 39 anos e um indígena de 79.

Ela é moradora de Leticia, cidade que faz fronteira com Tabatinga, no Amazonas. Devido aos temores de transmissibilidade da variante brasileira, a Colômbia mandou suspender os voos de passageiros de e para o Brasil durante um mês, e os voos domésticos de e para Leticia durante duas semanas, contudo a cidade colombiana onde foi detectada a nova cepa do vírus faz fronteira terrestre com o Amazonas e é possível atravessar a pé de um lado para o outro.

* Com informações de agências