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Com pandemia no auge, Pazuello diz que contaminação está 3 vezes maior

Ministro da Saúde atribuiu a novas variantes do coronavírus a principal causa do pior momento da pandemia vivido pelo país - Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
Ministro da Saúde atribuiu a novas variantes do coronavírus a principal causa do pior momento da pandemia vivido pelo país Imagem: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo

Guilherme Mazieiro, Rafael Bragança e Thaís Augusto

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

25/02/2021 17h53

O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, reconheceu hoje que o país vive uma "nova etapa da pandemia" ao afirmar que a contaminação continua em alta, principalmente, por causa de novas cepas do novo coronavírus, que são consequência de mutações. Um dia após o Brasil chegar à marca de 250 mil mortos pela covid-19, Pazuello disse que o vírus está provocando uma contaminação três vezes maior.

"Estamos enfrentando uma nova etapa da pandemia. Hoje, o vírus mutado, ele nos dá três vezes mais a contaminação, e a velocidade com que isso acontece em pontos focais pode surpreender o gestor em termos de estrutura de apoio. Essa é a realidade que vivemos hoje no Brasil", afirmou o ministro durante pronunciamento em Brasília.

Participaram do evento o presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Carlos Eduardo de Oliveira Lula, e o presidente do Conasemns (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), Willames Freire. Eles estiveram reunidos com o ministro antes do pronunciamento para discutir medidas de enfrentamento à crise, como o pagamento de leitos de UTI.

Pazuello disse que uma das estratégias para enfrentar a nova etapa da pandemia é a transferência de pacientes. "Uma das estratégias com relação a leitos é a utilização de forma remota. São remoções", disse.

No entanto, apesar das falas de Pazuello, o presidente do Conass, que estava ao lado do ministro, afirmou que hoje haveria dificuldade para transferir pacientes.

"A gente termina a contabilidade tendo feito o transporte de mais de 600 pacientes do Amazonas para outros estados. E mais de 60 de Rondônia. Hoje a gente já teria dificuldade bem maior de fazer esse transporte porque todo mundo está no seu limite. Quase todo o Brasil recebeu pacientes do Amazonas", disse Oliveira Lula.

No início do ano, o estado do Amazonas enfrentou o colapso da rede de saúde e pacientes morreram sem oxigênio.

Variante

Sobre as variantes do vírus, Pazuello falava especificamente sobre a P1, que se tornou predominante em Manaus e é tida como mais transmissiva, mas o ministro também lembrou outras cepas que estão aumentando o contágio pelo mundo. A mais preocupante para o Brasil é a do Reino Unido, que já foi identificada em vários estados.

"Voltamos a ficar alertas, isso tem se confirmado, novas cepas no Brasil, nova linhagem em Manaus, a P1, extremamente agressiva em termos de contaminação, três vezes mais rápido. Esse vírus já faz parte do cotidiano, está em outros estados brasileiros. Como ela se desenvolve em cada lugar depende de outros fatores, climáticos, sociais, de saneamento, cultura", acrescentou o ministro.

Pazuello não citou especificamente em qual estudo baseou sua fala.

A fala do ministro vem num momento em que o país bate recordes nos números da pandemia, um ano após a confirmação do primeiro caso no Brasil. Há 34 dias consecutivos, o país tem uma média de mais de mil mortes diárias provocadas pela covid-19. O maior período com mortes acima de mil por dia tinha sido entre 3 de julho e 2 de agosto de 2020, com 31 dias seguidos.

Ontem, a média móvel de óbitos bateu um novo recorde: 1.129 pessoas morreram em média nos últimos sete dias, o maior número desde o início da pandemia no país. Os dados são do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte, baseado em dados fornecidos pelas secretarias estaduais de saúde.