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Covid: Se Brasil vacinar 1 milhão de pessoas por dia, estoque dura 11 dias

DeFodi Images/Colaborador Getty Images
Imagem: DeFodi Images/Colaborador Getty Images

Douglas Porto e Beatriz Montesanti

Do UOL e colaboração para o UOL, em São Paulo

25/03/2021 04h00

O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou ontem que sua principal meta à frente da pasta é vacinar 1 milhão de pessoas por dia. Hoje, a média de vacinação diária, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte, é de 421 mil pessoas. Pelos cálculos do Ministério da Saúde, o número é de aproximadamente 300 mil doses.

A medida seria implantada, segundo Queiroga, a curto prazo. Já foram distribuídas aos estados 29.043.858 doses. Entretanto, foram aplicadas apenas 17.807.632 entre primeiras e segundas doses.

Caso o país passe a vacinar 1 milhão de pessoas diariamente, o estoque de pouco mais de 11 milhões de doses terminaria em aproximadamente 11 dias.

Queiroga cita que o Brasil tem "condições de vacinar muitas pessoas", com base no PNI (Plano Nacional de Imunização). Disse ainda que é uma determinação expressa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que a vacinação seja ampliada.

Por outro lado, Bolsonaro já afirmou que não tomaria a vacina, por ter sido infectado pelo novo coronavírus. No fim do ano passado, expressou que ter tido "a melhor vacina, foi o vírus", acrescentando não ter havido efeito colateral.

O governo federal promete a chegada de 562 milhões de doses até o fim do ano, com importação e fabricação própria. Entretanto, nesse montante, estão vacinas que nem entraram com pedido de autorização de uso pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). São 20 milhões de doses da Covaxin e 10 milhões da Sputnik V.

crono - Divulgação/Ministério da Saúde - Divulgação/Ministério da Saúde
Cronograma de entrega de vacinas contra a covid-19 apresentado pelo Ministério da Saúde
Imagem: Divulgação/Ministério da Saúde

A vacina da Janssen, desenvolvida pela Johnson & Johnson, entregou hoje o pedido de uso emergencial à Anvisa. O imunizante, que tem 38 milhões de doses (expectativa de entrega de 16,9 milhões de doses no terceiro trimestre e 21,1 no quarto trimestre), adquiridas a US$ 95 milhões (R$ 534 milhões na atual cotação), tem a vantagem de ser aplicado em dose única. A análise da solicitação tem prazo de sete dias.

Missão impossível

Em seu pronunciamento feito na noite de anteontem, o presidente voltou a afirmar que toda a população acima de 18 anos estará vacinada até o final do ano. Os números, no entanto, não corroboram a promessa do governo.

Desde o dia 17 de janeiro, quando a primeira brasileira foi vacinada, até a publicação desta reportagem, 4,3 milhões de pessoas receberam as duas doses do imunizante no país, o que corresponde a 2,71% da população maior de idade, segundo análise da plataforma MonitoraCovid, da Fiocruz.

A seguir pelo ritmo atual, serão necessários quatro anos e meio para vacinar toda a população nacional acima de 18 anos, ainda segundo a plataforma. Para chegar a esse cálculo, o MonitoraCovid considera o total de doses aplicadas até a data, a quantidade de dias até a data e a população total maior de idade no país.

Para reverter essa situação, o ritmo de vacinados por dia precisa aumentar consideravelmente.

Mas é preciso ter imunizantes disponíveis, além de estrutura e planejamento. O Ministério da Saúde fala em entregar 562 milhões de doses até o final do ano, mas o cronograma de vacinação tem sofrido uma série de atrasos e alterações. No mesmo dia da declaração do presidente, o governo reduziu em quase 10 milhões a previsão de doses a serem aplicadas em abril.

Essa foi a sexta vez que o número de doses foi diminuído no último mês. Além disso, 12% das vacinas previstas no cronograma do governo não têm ainda aval da Anvisa.