O cantor Agnaldo Timóteo, que morreu hoje aos 84 anos de covid-19, havia tomado a segunda dose da CoronaVac dois dias antes de ser internado. O Instituto Butantan explica em seu site que é possível se contaminar mesmo após a vacinação e que, após receber a segunda dose, são necessárias algumas semanas para atingir maior imunidade.
"Em conclusão, algumas pessoas podem ainda ter a doença ou a infecção mesmo tendo sido vacinadas, mas poderão ter uma forma menos grave da doença em função desta vacinação", diz a nota do Butantan.
A assessoria do artista confirmou ao UOL que ele tomou a primeira dose no dia 15 de fevereiro e a segunda dose em 15 de março. Timóteo deu entrada no Hospital Casa São Bernardo, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, no dia 17 de março.
O intervalo entre a segunda dose e a internação do artista é curto e indica uma infecção antes da vacinação. Não é o primeiro registro de uma pessoa que contraiu a doença após receber as duas doses.
Cantor pediu que grupo de risco respeitasse orientações médicas
Timóteo já havia se manifestado em defesa do cumprimento de protocolos contra a covid-19. Em abril de 2020, durante entrevista à TV Globo, ele declarou estar preocupado com a doença que "parou todo o mundo".
Estou vivendo a realidade do planeta. Dentro de casa há mais de mês sem poder trabalhar. Preocupadíssimo porque a doença é gravíssima parou a nação brasileira e parou todo o mundo. Espero que todos do meu tempo, de 50 [década de 1950] para a frente, cumpram as necessidades determinadas pela medicina
Agnaldo Timóteo em entrevista ao Hora 1 de 22 de abril de 2020
Em 20 de janeiro deste ano, ele participou de uma live beneficente no Santuário Cristo Redentor para ajudar famílias e instituições durante a pandemia de covid-19.
"Agradecemos a imensa corrente de fé que o mundo e, principalmente, a sociedade brasileira está fazendo em prol da grande luta pela sobrevivência humana no combate à covid-19. Um show inédito em minha carreira musical", afirmou Timóteo à equipe de comunicação responsável pelo santuário.
O cantor também compôs uma música no ano passado chamada "Epidemia".
"Deus, a epidemia é uma maldição. Bilhões de inocentes na prisão, à espera de um milagre seu. (...) Deus, espalhe suas bençãos, limpa o ar. De novo a humanidade irá ganhar a paz e a liberdade de ir e vir", diz um trecho da música.
A morte do artista é lamentada por famosos em todo o país.
Relembre a carreira de Agnaldo Timóteo como cantor e político
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Agnaldo Timóteo, que morreu hoje aos 84 anos, é natural de Caratinga (MG) e foi conhecido como o "Cauby Mineiro" no começo da carreira.
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De origem pobre, desde pequeno gostava de imitar cantores de quem gostava, como o próprio Cauby Peixoto, Anísio Silva e Adilson Ramo.
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Ele se mudou ao Rio de Janeiro por incentivo da cantora Ângela Maria, onde gravou seus primeiros compactos. Os discos, porém, não fizeram muito sucesso.
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O grande estouro de sua carreira aconteceu no programa de rádio Rio Hit Parade, em 1965, ganhando concursos ao interpretar a música "The house of the Rising Sun".
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A visibilidade permitiu que gravasse seu primeiro disco, "Surge um Astro", com versões de músicas estrangeiras.
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Em 1968, emplacou a música "Meu Grito", de Roberto e Erasmo Carlos, do álbum "Obrigado, Querida". Também fizeram sucesso as músicas desse disco "Mamãe Estou Tão Feliz" e "Os Verdes Campos da Minha Terra".
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Na década de 70, sua era mais produtiva, lançou uma série de hits como "O Último Romântico" (1971), "Frustrações" (1973) e "Amor Proibido" (1974) e "Eu Pecador" (1978) e "Grito de Alerta (1980).
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Nas décadas seguintes, destacam-se trabalhos como "Em Nome do Amor", com músicas de Roberto Carlos, e "Angela e Agnaldo", gravado com sua madrinha artística Ângela Maria.
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A popularidade de Agnaldo foi capitalizada em sua vida política. Ele se elegeu deputado federal pela primeira vez em 1982, pelo PDT do Rio de Janeiro.
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Ficou célebre por abrir seu discurso no parlamento com o bordão "alô, mamãe", fingindo telefonar para casa.
Caio Guatelli/Folha Imagem 11 / 16
Em 1990, trocou o PDT pelo PDS, pelo qual se candidatou ao cargo de governador do Rio de Janeiro. Perdeu para Leonael Brizola (PDT).
Caio Guatelli/Folha Imagem 12 / 16
Em 1995 teve outro mandato como deputado federal, pelo PRN, na suplência de Amaral Neto. Em 1996, concorreu a vereador do Rio de Janeiro e foi eleito com votação expressiva.
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Ele foi eleito, ainda, vereador de São Paulo em 2004, pelo PP, sendo reeleito em 2008. Em 2012, no entanto, não teve votos o suficiente para se manter no cargo.
Terra Britto/Futura Press 14 / 16
Agnaldo era torcedor fanático do Botafogo e chegou a ajudar financeiramente o time em tempos de dificuldade: custeou o enterro de Garrincha e financiou a base.
Divulgação/Botafogo 15 / 16
Timóteo tinha 84 anos e, por isso, fazia parte do grupo de maior risco para a doença.
webe/ARQUIVO / AgNews 16 / 16
Timotinho, filho de Agnaldo Timóteo, fala com a imprensa após o falecimento do pai no Rio de Janeiro.
Pioy/Fabricio Pioyani / AgNews
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