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Bolsonaro critica isolamento: Duvido que quem ficou em casa não ganhou peso

Do UOL, em São Paulo

06/04/2021 21h09

No dia em que o Brasil registrou mais de 4 mil mortes em decorrência da covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar o isolamento social e, para isso, deu como exemplo o suposto aumento de peso da população, durante conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília, na noite de hoje.

"Tem uma pesquisa aí que diz que quem tem uma vida saudável é 8 vezes menos propenso a ter problema com a covid", afirmou ele, sem citar a fonte da pesquisa, em vídeo divulgado por canal bolsonarista no YouTube.

"Mas quando você prende o cara em casa, o que ele faz em casa? Duvido que ele não aumentou um pouquinho de peso. Duvido. Até eu cresci um pouquinho a barriga", completou Bolsonaro, arrancando gargalhadas dos apoiadores.

Diante da escalada no número de casos de coronavírus, no Brasil, todos os estados e o Distrito Federal passam por algum tipo de restrição. O isolamento social é consolidado internacionalmente como uma das principais ferramentas de combate à covid-19.

Entre especialistas e a comunidade científica, não há questionamento de que medidas de isolamento social funcionam para combater a pandemia.

Mais do que isso, segundo pesquisadores ouvidos pelo UOL, as restrições não só ajudam a segurar os números como evitam o surgimento de novas variantes - algo que, no Brasil, sem controle geral da pandemia, não tem acontecido.

Em março, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defendeu uma orientação para a população usar máscaras e adotar o isolamento ao assumir a pasta. A postura foi elogiada por parlamentares, inclusive integrantes da oposição, por não seguir o presidente Jair Bolsonaro.

"Do que eu não sou culpado, aqui, no Brasil?"

Durante a conversa com apoiadores, Bolsonaro também falou sobre o título de "genocida" dado a ele em função das mortes ocorridas durante a pandemia da covid-19, e ironizou.

"Me chamavam de torturador, racista, homofóbico. Agora é o quê? Aquele que mata muita gente? Genocida! Imagina se o Haddad estivesse no meu lugar?! (...) Do que eu não sou culpado aqui no Brasil? (risos)", afirmou ele.

"O pessoal [em outros países] quer destruir o vírus. O pessoal, aqui, quer destruir o presidente. Se vai morrer mais gente, não interessa [pra eles], não", concluiu.

Novo recorde

O Brasil bateu, mais uma vez, recorde no número de mortes pela covid-19. Nas últimas 24 horas, foram confirmados 4.211 óbitos em todo o país. É a primeira vez que o índice supera a casa de 4 mil. O levantamento é do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte, com base nos dados fornecidos pelas secretarias estaduais de saúde.

Em um mês, o Brasil dobrou o número de mortes em um dia pela covid. No dia 6 de março, o recorde da pandemia era de 1.840 vidas perdidas por dia. Quatro dias depois, registrou mais de 2.000 óbitos nas últimas 24 horas. Após duas semanas, em 23 de março, o país superou a marca de 3.000 mortes no mesmo dia. Com a progressão, o número total de mortes da pandemia é de 337.364.