Saúde retira de cronograma previsão de entrega de 30 mi de doses para 2021
O Ministério da Saúde revisou hoje o cronograma de entrega de vacinas contra a covid-19 para 2021, e não conta mais com uma data específica para receber 30 milhões de doses que estavam previstas na última atualização do plano nacional de vacinação, feita em 15 de março. O quantitativo diz respeito a 20 milhões de doses do imunizante indiano Covaxin e mais 10 milhões da vacina russa Sputnik V.
Ambas as vacinas estavam previstas para o primeiro semestre e tiverem problemas para receberem um aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). No final de março, a agência federal negou os pedidos de importação e uso emergencial da Covaxin. Dias antes, a Sputnik V teve o prazo de análise do seu pedido de uso emergencial suspenso pela Anvisa, que alegou falta de documentação.
Com a situação dos imunizantes indefinida, a pasta chefiada pelo ministro Marcelo Queiroga anunciou em entrevista coletiva realizada hoje, em Brasília, um novo cronograma de entrega de vacinas contra a covid-19 para este ano. Nele, tanto a Covaxin como a Sputnik V só constam no total de vacinas contratadas, mas sem previsão de entrega.
O Ministério afirmou que agora vai revisar às quartas-feiras o cronograma de entrega de doses, baseado nos possíveis contratempos que a logística dos imunizantes pode sofrer, como atraso na importação de doses e, principalmente, na liberação de insumos para o envase nacional de vacinas. Atualmente, o Instituto Butantan, que produz a CoronaVac, e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que envasa a vacina da AstraZeneca/Oxford, dependem de matéria-prima vinda da China.
Além da falta de previsão das entregas da Covaxin e da Sputnik V, outro desfalque de imunizantes no cronograma atualizado é em relação às doses da vacina de Oxford que chegam ao Brasil por meio do Covax Facility, um consórcio de vacinas liderado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
No mês passado, o governo federal previa a chegada de pouco mais de 9 milhões de doses do consórcio até maio. Agora, essa previsão de entrega caiu para pouco mais de 3 milhões, com uma redução de cerca de 6 milhões de doses.
Outros grandes quantitativos, como os 38 milhões de doses negociadas com a Janssen (subsidiária da Johnson & Johnson) e mais 32,5 milhões de doses previstas para serem entregues por meio do Covax, estão no cronograma apenas a partir de outubro, no quarto trimestre do ano.
14,5 milhões de doses a menos em maio
Desde que fez as primeiras previsões de entregas de doses de vacinas contra a covid-19, o Ministério da Saúde já revisou os quantitativos para baixo por diversas vezes. Há cerca de um mês, o governo federal reduziu em quase 10 milhões as previsões de doses para abril, de 57,1 milhões para 47,2 milhões. Depois, Queiroga voltou a reduzir a previsão quase pela metade, para 25,5 milhões.
Com nova projeção de 26,6 milhões para o mês atual, mesmo com o acréscimo de 1,1 milhão, a previsão ainda é menos do que a metade do cronograma inicial, feito na gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello.
Como a redução já havia sido anunciada por Queiroga, o desfalque maior se dá agora para maio, para quando eram previstas 46,9 milhões de doses. Agora, serão 14,5 milhões a menos, com projeção de 32,4 milhões de doses entregues no próximo mês.
Outra previsão que não será cumprida é sobre o início das entregas da vacina da Janssen, de dose única. Era previsto que 16,9 milhões chegassem entre julho e setembro, mas agora todos os 38 milhões estão no cronograma do último trimestre do ano.
A exceção fica por conta da vacina da Pfizer/BioNTech, que teve o anúncio da antecipação de 2 milhões doses até maio. O cronograma revisado prevê cerca de 1 milhão de doses chegando em abril —com previsão para a próxima quinta-feira (29)— e mais cerca de 2,5 milhões em maio.
Ainda no primeiro semestre, há a previsão de entrega de 12 milhões de doses em junho. O restante do contrato por 100 milhões de doses deve vir no terceiro trimestre.
Queiroga explica fala de Bolsonaro
Na entrevista em que foi anunciado o novo cronograma, Queiroga foi questionado sobre a declaração dada ontem pelo presidente da República, de que considera acionar as Forças Armadas contra as medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos como forma de combate à pandemia. O ministro tentou explicar como sua pasta reage ao ver Bolsonaro indo contra as medidas de isolamento social.
O Ministério da Saúde não reage, ele age. Claro que se usarmos as medidas não farmacológicas, nunca vamos chegar ao lockdown. Lockdown é fruto do fracasso dessas medidas, e é nesse sentido que o presidente se manifesta.
Marcelo Queiroga, ministro da Saúde
O ministro lembrou a forma mais dura de controle da atividade econômica, o lockdown, tão criticado por Bolsonaro. Nele, até atividades consideradas essenciais podem sofrer restrições para conter a disseminação do vírus.
"Bom que fica bem claro. E as recomendações são para todos os brasileiros. Vamos trabalhar em um contexto para levar harmonia para a sociedade brasileira, para que consigamos vencer", completou Queiroga num tom conciliador, pregando o distanciamento social e o uso de máscaras.
O ministro ainda afirmou que mantido contato constante com Bolsonaro, conversando com o presidente todos os dias.
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