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SP: intubados são amarrados por falta de medicamento, dizem médicos a TV

27.abr.21 - Pacientes são amarrados em Brasilândia por falta de medicamento para intubação - Reprodução/SPTV
27.abr.21 - Pacientes são amarrados em Brasilândia por falta de medicamento para intubação Imagem: Reprodução/SPTV

Do UOL, em São Paulo

27/04/2021 20h42Atualizada em 27/04/2021 22h36

Pacientes do Hospital Municipal da Vila Brasilândia, na zona norte de São Paulo, foram amarrados a macas por falta de medicamentos para sedação dos intubados. O relato foi feito por médicos ao SPTV.

"Está faltando vários insumos... faltando sedações, faltando luvas, faltando atadura, itens essenciais para o bom tratamento dos pacientes no maior hospital de campanha de covid do estado de São Paulo", disse um deles.

O Hospital da Vila Brasilândia está com 94% dos leitos de UTI ocupados, e segundo os relatos, novos infectados não param de chegar. Os funcionários dizem que só há estoque para fazer o procedimento de intubação, mas não para manter os pacientes graves sedados, imóveis e confortáveis.

"A medicação para intubar são medicamentos para induzir. É um hipnótico junto com um bloqueador neuromuscular que você faz a intubação. Depois, passam cinco minutos e esse paciente acorda, depois que está intubado. E aí é o problema! Não tem sedação, não tem analgesia para esse paciente ficar no tubo. Então ele fica acordado no tubo, entendeu? O que pode ocasionar vários problemas. Vários problemas relacionados ao pulmão, que podem levar ao óbito do paciente", afirmou o médico.

Pacientes novos, pacientes que estão morrendo por falta de sedação. Não estamos conseguindo fazer o tratamento adequado neste hospital, entendeu?"
Médico relato cenário do Hospital da Vila Brasilândia

Um segundo médico relata a situação dos pacientes: "É um absurdo. Você vê paciente igual um peixe fora da água abrindo a boca, mordendo o tubo o tempo inteiro, completamente agitado", afirmou.

Outro médico da unidade diz trabalhar em outros hospitais atendendo pacientes com covid, mas que o Hospital da Brasilândia tem o pior cenário. "Nos outros serviços não falta dessa maneira. Tem uma escassez, tá faltando alguma coisa. Mas não num quadro tão crítico quanto esse aqui".

Ainda segundo ele, o hospital recebeu kits de intubação doados por empresários ao Ministério da Saúde, mas os medicamentos duraram apenas uma semana.

Procurada pelo UOL, a Secretaria de Saúde da Prefeitura disse que não há falta de medicamentos para intubação e que as imagens não comprovam ou justificam a falta de remédios.

"O estoque é considerado regular. Durante esse processo, em alguns casos, o paciente fica agitado e, para que não se machuque, é necessária a imobilização física", informou.

Leia a nota da Prefeitura de São Paulo na íntegra:

"Nesses casos, não há qualquer relação com o procedimento de intubação e medicamentos utilizados para tal operação, o chamado 'kit intubação'. O órgão esclarece que durante o processo de extubação - quando são retirados do paciente os medicamentos da intubação - as medicações sedativas são retiradas gradualmente para que o paciente acorde e retome a consciência. A Pasta tem realizado a compra desses medicamentos para que não falte tratamento adequado, mesmo com as incertezas do mercado e dificuldade por parte das empresas em atender a demanda nacional. Os estoques dos medicamentos são verificados rotineiramente, caso seja necessário, é possível o remanejamento entre as Unidades de Saúde. Nos últimos dias, o Hospital Municipal da Brasilândia foi abastecido com 800 frascos de Propofol (500 deles provenientes de uma doação de Recife) e 500 frascos de Midazolan.

Apesar de não haver falta de abastecimento e as imagens não comprovarem erro na conduta, ainda assim, para que não existam dúvidas, nesta terça-feira (27) será realizada uma averiguação preliminar por uma comissão formada por médico, enfermeiro e farmacêutica da SMS para avaliar o atendimento oferecido na unidade Hospitalar, referência para o tratamento da Covid-19 na capital."