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Não é hora de pensar em aglomerações do Carnaval, diz chefe de comitê de SP

Henrique Sales Barros e Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

24/11/2021 14h23Atualizada em 24/11/2021 17h20

Ainda é cedo para falar em Carnaval. Essa é a posição do epidemiologista Paulo Menezes, coordenador do Comitê Científico, que auxilia o governo de São Paulo nas decisões sobre a pandemia.

Para o médico, o avanço da vacinação no estado e no Brasil é indicativo de que a situação em 2022 deverá ser diferente deste ano —que não teve festa oficial—, mas a imunização sozinha não garante a segurança em eventos que reúnem multidões.

"Ainda é precoce pensar em uma situação de multidões na rua, com aglomeração, mesmo que seja daqui a três meses. Não é o momento de pensar nas grandes aglomerações do Carnaval. Ele movimenta milhões e milhões de brasileiros, de pessoas de fora do país", declarou Menezes durante coletiva hoje.

Ele já havia afirmado em outras ocasiões que uma festa como o carnaval, com milhões de pessoas de diferentes países se encontrando de forma desenfreada —e muito provavelmente sem máscara— é uma situação inédita no mundo pós-pandemia.

Temos boas perspectivas, como já foi colocado hoje: o avanço da cobertura vacinal no estado de SP é exemplo para o mundo, e o que também temos de exemplo é conjugar o avanço da cobertura vacinal com outras medidas que têm garantido o nosso sucesso até o momento. [Mas] não podemos nos enganar e dizer que estamos livres da pandemia, livres do coronavírus. Ele está circulando, e por isso estamos mantendo as medidas com cautela."
Paulo Menezes, coordenador do Comitê Científico

Até agora, pelo menos 70 cidades do estado já cancelaram as festas oficiais de rua por causa da pandemia. O estado diz que manterá a liberação e a capital projeta "o maior carnaval da história".

Menezes pontua que há uma diferença entre eventos fechados de carnaval, com controle de pessoas, como os desfiles em sambódromo, e a festa de rua.

"Não vejo nenhuma diferença entre um evento no Sambódromo e outros eventos. O que a gente tem que discutir são as aglomerações não controladas: o Carnaval reúne milhões e milhões de pessoas no país inteiro, circulando de lá pra cá e de cá pra lá", argumentou Menezes.

Hoje, o estado tem 74,4% da população geral com duas doses ou dose única, cerca de 34,4 milhões de habitantes. O plano é chegar em pelo menos 90% até as festas de final de ano.

Já o Brasil está com 61,1% da população completamente vacinada, com algumas regiões mais lentas. A projeção é que, em fevereiro, no período da festa, esta marca esteja em 80%.

"O melhor é aguardar. Mas estamos confiantes de que vamos ter uma situação mais favorável no final de fevereiro", completou o epidemiologista.