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Após três semanas de alta em internações, SP fala em ampliar testagem

Imagem de teste swab, o RT-PCR, considerado padrão ouro para detecção da covid-19 - Xavier Caivinagua/Agencia Press South/Getty Images
Imagem de teste swab, o RT-PCR, considerado padrão ouro para detecção da covid-19 Imagem: Xavier Caivinagua/Agencia Press South/Getty Images

Juliana Arreguy

Do UOL, em São Paulo

05/01/2022 19h45Atualizada em 05/01/2022 20h43

Em meio à alta de casos e hospitalizações pela covid-19 e pela influenza, o governo de São Paulo anunciou hoje (5) a ampliação da quantidade de testes para as duas doenças. A medida, anunciada na terceira semana de alta de internações no estado, espera reduzir as filas em postos de saúde e prover melhor orientação sobre o isolamento da população.

Embora a demanda por testes de detecção do coronavírus seja antiga, ela vem se intensificando diante do avanço da variante ômicron, que tem provocado uma corrida aos laboratórios privados para a realização de exames. Somado a isso, há o surto de influenza, com sintomas que confundem o paciente e aumentam a necessidade de um diagnóstico preciso.

O coordenador-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, João Gabbardo, observou que a baixa testagem da rede pública e a falta de opções — como testes em valores acessíveis ou de rápido resultado — têm contribuído para a lotação de postos de saúde e pronto atendimentos.

"Muita gente vai aos postos de saúde porque lá é a única maneira de fazer o teste. Para isso temos que achar solução, evitar que pessoas tenham que ir aos postos para serem testadas e concentramos as pessoas nas unidades, aumentando a possibilidade da transmissão entre pacientes", declarou Gabbardo em entrevista coletiva concedida no início da tarde no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

Só na última semana, houve um aumento de 30% nas internações provocadas pela covid no estado, incluindo hospitais públicos e privados. O coordenador-executivo do comitê explicou na coletiva que os testes devem ser aplicados em "locais diferenciados e de mais fácil acesso a população" para aliviar as unidades de saúde.

Diferença entre covid e influenza

O secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, reforçou a necessidade de testar os casos suspeitos para diferenciar a covid-19 da influenza. O governo afirma ter disponibilizado 1.250.000 testes, distribuídos entre os 645 municípios do estado, e mais 800 mil testes de antígeno, que detectam anticorpos da doença.

"A necessidade de testagem é imperiosa para diferenciar se trata de outro caso viral ou covid. Medidas de isolamento são definidas e rastreio das pessoas no entorno são necessários", declarou.

Gorinchteyn, assim como Gabbardo, também mencionou a possibilidade de aplicação de testes em locais de fácil acesso, mas explicou que caberá a cada município determinar a forma como isso será feito.

"Cabe ao município avaliar cada uma das unidades de saúde para a criação de tendas externas, do lado externo, para agilizar o acolhimento e permitir que profissionais de saúde, do lado de dentro [das unidades], possam dar atenção mais pormenorizada aos que clinicamente precisam de mais assistência."

Testagem x apagão

A ampliação da testagem pelo governo estadual ocorre em um momento em que os dados da pandemia ainda são afetados pelo apagão de dados do Ministério da Saúde, que teve início em 10 de dezembro.

A pasta credita a situação a ataques hackers a sites e plataformas, gerando falhas na divulgação de dados relacionados à covid. Há quase um mês, os estados não conseguem fornecer informações precisas sobre o avanço da variante ômicron, levando a distorções da média móvel de casos e mortes pela doença.

O ministro da Saúde Marcelo Queiroga declarou que espera que o sistema seja normalizado ainda na primeira quinzena deste mês, embora tenha admitido que não há uma data precisa para que o DataSUS volte funcionar corretamente.