Queiroga: 48 crianças receberam vacina de adulto e precisam ser monitoradas
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, relatou que 48 crianças com idades entre 5 e 11 anos receberam a dose errada da vacina contra o novo coronavírus no município de Lucena, localizado na região metropolitana de João Pessoa, na Paraíba, e precisam ser monitoradas para apuração de possíveis efeitos adversos.
Em entrevista à CNN Brasil, Queiroga disse que todas as crianças receberam as doses antes da distribuição das vacinas específicas aprovadas pelo Ministério da Saúde e pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e acabaram recebendo o imunizante contra a covid-19 com a dose "três vezes mais elevada", o que ele classificou como "um erro vacinal".
"Todas as crianças, apurei que foram 48, devem ser acompanhadas de perto para detectar possíveis eventos adversos da vacina, sobretudo quando se aplica uma dose mais elevada, três vezes a recomendada para crianças. Essas doses foram aplicadas antes da distribuição das vacinas específicas; isso é considerado erro vacinal. É preciso cuidar para que não haja esse tipo de erro novamente", declarou.
Segundo Marcelo Queiroga, um processo administrativo para investigar quem são os responsáveis pelo erro já foi instaurado e o MPF (Ministério Público Federal) também acompanha o caso. Ele afirma que a intenção "não é punir ninguém, mas é claro que [o erro] precisa ser averiguado para que fatos como esse não voltem a acontecer".
Queiroga disse que conversou pessoalmente com o prefeito de Lucena, Leo Bandeira (Solidariedade), e também visitou a mãe de uma das crianças que recebeu a dose errada. O ministro explicou que os imunizantes para essa faixa etária devem ser aplicados em "salas exclusivas" e que são entregues com "tampas de coloração diferente para evitar que uma criança receba a dose inadequada".
Ontem, o secretário de Saúde da Paraíba, Geraldo Medeiros, informou que pelo menos 60 crianças de 4 a 9 anos foram vacinadas indevidamente com doses vencidas e destinada para adultos na zona rural de Lucena.
Segundo Medeiros, as doses em questão foram aplicadas em dezembro de 2021, quando o Ministério da Saúde ainda não havia autorizado a imunização de crianças.
A história veio à tona depois da mãe de uma das crianças vacinadas indevidamente publicar em suas redes sociais um vídeo do cartão dos filhos com a informação de que eles foram imunizados contra o coronavírus no início de janeiro, sete dias antes da chegada do lote exclusivo para crianças de 5 a 11 anos ao Estado.
Ministro defende volta às aulas
Na entrevista, Marcelo Queiroga defendeu que as crianças retornem às salas de aulas, conforme recomendação do Ministério da Saúde. Para ele, os alunos já foram "prejudicados" desde o início da pandemia, quando o ensino remoto foi adotado em todo o país, e, portanto, não é obrigatório apresentar comprovante de vacinação para entrar na sala de aula.
"Já prejudicaram as nossas crianças em 2020 e 2021. Será que querem prejudicar novamente? As vacinas não são obrigatórias, as aulas devem acontecer", afirmou.
Questionado se o presidente Jair Bolsonaro (PL) tentará acelerar a chegada dos imunizantes da Pfizer para a imunização das crianças no país, Queiroga pontuou que, para o governo, "a questão não é acelerar, pois as doses têm que ser aplicadas no momento certo".
Vacina pediátrica é diferente
A vacina contra o coronavírus destinada a crianças não é igual à que tem sido desenvolvida para aplicação em adultos.
O imunizante aprovado há um mês para crianças de 5 a 11 anos apresenta diferenças na apresentação (o frasco da vacina para crianças vem em frascos na cor laranja para evitar confusão com as vacinas adultas —de embalagem azul), dosagem, composição e concentração de RNA mensageiro, o principal componente.
A dose pediátrica equivale a um terço da que é administrada em pessoas com 12 anos ou mais. A secretaria de Saúde da Paraíba informou que as crianças vacinadas apresentaram reações leves, como febre e dor no local da injeção.
As primeiras doses da vacina para esse público começaram a chegar aos Estados na sexta. O Ministério da Saúde liberou a vacinação de crianças de 5 a 11 anos em 6 de janeiro. O imunizante usado foi desenvolvido pela Pfizer, único autorizado pela Anvisa para essa faixa etária até o momento.
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