Butantan: Saúde manifestou interesse por 7 milhões de doses da CoronaVac
O Instituto Butantan disse que o Ministério da Saúde manifestou hoje interesse em adquirir 7 milhões de doses da CoronaVac, tendo em vista o intuito de utilizá-las na vacinação de crianças a partir de 6 anos contra a covid-19.
Presidente do Butantan, Dimas Covas disse hoje, em entrevista ao UOL News - Tarde, programa do Canal UOL, que o instituto já está reunido com o Ministério da Saúde para fechar o acordo de venda de doses para o governo federal.
A perspectiva, segundo ele, é que as tratativas sejam fechadas "o mais rapidamente possível". "As doses estão aguardando. Ocorrendo a definição, colocamos a carga em movimentação [para o ministério]. Isso pode ser feito em poucas horas", afirmou.
A aplicação em regime emergencial da CoronaVac em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, com exceção das com imunossupressão — ou seja: com baixa imunidade —, foi aprovada ontem pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O pleito inicial do Butantan era para que a CoronaVac pudesse ser aplicada em crianças a partir de 3 anos, mas a Anvisa alegou falta de estudos suficientes para autorizar o uso da vacina na faixa etária de 3 a 5 anos.
Ontem, o Butantan disse que possuía, em estoque e para uso imediato, 11 milhões de doses da CoronaVac, sendo que 4 milhões ficariam em São Paulo e 7 milhões permaneceriam aguardando interesse de compra por parte do Ministério da Saúde.
Pressão de SP
Logo após a aprovação da CoronaVac para crianças e adolescentes, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que ainda aguardava o "inteiro da decisão" do órgão antes de incluir a vacina nos planos do ministério
Até ontem, o estado de São Paulo vinha afirmando que o Ministério da Saúde ainda não havia demonstrado interesse em adquirir doses extras da CoronaVac.
"Fizemos várias ofertas ao Ministério da Saúde, que nunca demonstrou interesse na aquisição", disse o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus de SP, João Gabbardo, em entrevista ao UOL News - Noite, programa do Canal UOL.
Na ocasião, Gabbardo disse que, se a Saúde não demonstrasse pronto interesse em adquirir as doses, elas seriam negociadas diretamente pelo Butantan com os estados.
E de outros governadores
Também jogando pressão na pasta, ontem, o Consórcio Nordeste, formado pelos nove estados da região, enviou um ofício ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, cobrando urgência na compra de mais doses da CoronaVac junto ao Instituto Butantan.
O ofício foi assinado pelo líder do bloco, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). Na carta, ele reiterou a urgência de vacinar crianças e adolescentes, tendo em vista o aumento no número de casos de covid-19 em decorrência da variante ômicron.
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), também disse que fez, por meio do Fórum Nacional de Governadores, um pedido ao ministério para que a CoronaVac fosse incluída nos planos da pasta para a vacinação de crianças e adolescentes.
Wellington Dias afirmou ainda que o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, disse a ele que o imunizante seria incluído no plano.
"O objetivo é que tenhamos tanto o uso da Pfizer como da CoronaVac para essa faixa abaixo de 18 anos em todo o Brasil, garantindo a imunização mais acelerada, também, de crianças e adolescentes", enfatizou o governador.
Avaliação de necessidade
Hoje, em entrevista a jornalistas captada pela GloboNews, em Brasília, Rodrigo Cruz, já havia dito que a pasta estava disposta a comprar doses da CoronaVac junto ao Instituto Butantan.
Segundo ele, porém, a aquisição dependia de avaliações da Saúde para saber quantas doses da CoronaVac ainda estavam paradas em estoques federais, estaduais e municipais.
"Precisamos fazer essa consulta para que não façamos uma aquisição desnecessária", afirmou, pedindo que estados e municípios não aplicassem doses do imunizante em crianças e adolescentes antes que a avaliação fosse feita.
Na ocasião, o secretário disse que a Saúde tinha 6 milhões de doses da CoronaVac com possibilidade de já serem enviadas a estados para a vacinação de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos contra a covid-19.
Porém, de acordo com ele, os estados também possuíam algumas doses da CoronaVac constando como não aplicadas — mas ainda era preciso verificar se, de fato, elas ainda não haviam sido utilizadas ou se ocorreu algum atraso na comunicação à Saúde.
"Temos cerca de 17 milhões de doses que não foram registradas como vacinas aplicadas, mas a gente não tem a garantia de que essas doses estão na rede (pública de saúde)", detalhou.
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