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Brasil está perdendo influência na América do Sul, segundo ex-presidente FHC

15/07/2012 18h03

O ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso disse que o Brasil está perdendo influência na América do Sul por sua falta de oposição à liderança de Hugo Chávez, e criticou a forma como a Venezuela foi incorporada ao Mercosul após a crise política no Paraguai.

O Brasil "está perdendo influência. Antes, tínhamos uma influência indiscutível, automática e não anunciada", disse FHC (1995-2003), em uma entrevista para a revista “Veja”, na edição que começou a circular neste fim de semana.

FHC, do opositor PSDB, atribuiu essa redução da liderança brasileira à posição que o país adotou em relação a Chávez, a quem descreveu como "outro polo de influência" regioal.

"Tenho a impressão de que o Brasil prefere não se opor. É como se fossemos da mesma família (...). O Brasil fica uma pouco impedido de tomar posição para não ser considerado alguém que saiu da família", disse.

Por outro lado, o ex-presidente brasileiro criticou a forma como a diplomacia brasileira lidou com a crise gerada no Paraguai após a polêmica destituição do ex-líder Fernando Lugo pelo Congresso, em 22 de junho, acusado de mau desempenho de suas funções.

"A ação do Paraguai foi muito rápida, o que é politicamente inconveniente, mas não foi ilegal", disse FHC.

Ao mesmo tempo, julgou como "grave" a forma como a Venezuela foi incorporada ao Mercosul, aproveitando a suspensão do Paraguai do bloco que integra também Argentina, Brasil e Uruguai. Porém, se declarou a favor do ingresso do país no grupo.

O Congresso paraguaio era o único do bloco que não tinha ratificado a incorporação da Venezuela ao Mercosul como membro pleno, por sua oposição a Chávez.

Na cúpula realizada no final de junho em Mendoza, na Argentina, o Mercosul decidiu pelo ingresso da Venezuela em uma reunião que acontecerá no Rio de Janeiro em 31 de julho, após suspender o Paraguai, em represália pela destituição de Lugo, até as eleições de abril de 2013.