Vice de Lugo, Franco toma posse no Paraguai e pede união
Federico Franco tomou posse na noite desta sexta-feira (22) como novo presidente do Paraguai, após o impeachment de Fernando Lugo. O então vice-presidente de Fernando Lugo foi muito aplaudido pelos senadores ao tomar posse --os congressistas o saudaram aos gritos de "Federico, Federico".
"O Paraguai já tem um novo presidente", disse o presidente do Senado, às 19h em ponto (20h em Brasília).
"A República do Paraguai vive momentos difíceis. E nessas circunstâncias Deus e o destino quiseram que eu assumisse a Presidência da República. Esse compromisso só será possível com a ajuda de todos vocês. A única maneira de levar adiante o Paraguai, que tem que ser reconstruído em todos os setores, católicos e não católicos, com a união de todos os partidos e todos os movimentos sociais", disse Franco na tribuna do Senado paraguaio, enfatizando o pedido de união do Congresso. Franco citou nominalmente vários partidos em seu pedido de união: Partido Colorado, Partido Liberal, Partido Democrata Progressista.
"Eu me comprometo a respeitar as instituições democráticas. Diante desse honorável Congresso, venho ratificar minha vontade irrestrita de respeitar as instituições democráticas e o Estado de direito e os direitos humanos", acrescentou.
"Há poucos dias, chorávamos a morte de compatriotas. A melhor maneira de honrar a morte é iniciando um verdadeiro desenvolvimento da agricultura familiar", disse, referindo-se ao episódio que levou à queda de Lugo. "A transição que hoje iniciamos se realiza dentro da ordem constitucional, em absoluto respeito aos tratados universais", enfatizou, em resposta a críticas de órgãos como a Unasul.
"Não pretendo fazer um programa de governo. Todos os projetos do governo [de Fernando Lugo], vamos continuar. Vamos dar uma atenção especial à industrialização", disse Franco. "Temos que mudar essa situação. vamos fazer uma política de Estado energética, que possa usar a usina de Itaipu para que nenhum paraguaio tenha que ir ao estrangeiro procurar trabalho. Com essa bandeira, vermelha, branca e azul, peço que me ajudem. Tenho vontade, tenho experiência, tenho saúde, mas não tenho todo o conhecimento. Peço que me ajudem. Quero entregar um país organizado, sem mais mortes, com participação de todos os setores, com participação de ricos e pobres. Por favor, Congresso Nacional, façamos uma política que leve o país ao caminho do desenvolvimento."
"No Chaco paraguaio está a chave do progresso nacional", afirmou ainda o novo mandatário. Franco teve seu discurso interrompido por aplausos durante vários momentos.
Quem é Franco
Liberal, Luis Federico Franco Gómez assumiu o posto de presidente do Paraguai após a deposição de Fernando Lugo em um processo de impeachment que começou na Câmara e foi referendado pelo Senado.
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O Senado paraguaio aprovou, por volta das 17h30 (18h30 no horário de Brasília) desta sexta-feira (22), o impeachment do presidente Fernando Lugo. O julgamento durou cinco horas. Lugo foi deposto pelo Senado com 39 votos pela condenação, duas ausências e quatro votos pela sua absolvição.
Franco, que foi eleito como vice-presidente na chapa de Lugo em 2008, nasceu em 24 de julho de 1962 em Assunção e pertence ao Partido Liberal, conhecido pela sigla PLRA no Paraguai.
Franco teve uma divergência política com Lugo recentemente. Em fevereiro deste ano, Franco já havia apresentado sua pré-candidatura às eleições presidenciais do país, que, caso não houvesse o impeachment, ocorreriam daqui a dois meses.
Cirurgião por profissão, Franco é de uma família de políticos --seu irmão, Julio César Franco, é senador e um dos dirigntes do PLRA.
Franquismo x luguismo
Em agosto de 2008, no mesmo ano da eleição da chapa Alianza Patriótica para el Cambio (APC), já começaram as divergências entre Franco e Lugo. Lugo dizia que "não precisava" de seu vice para se comunicar com o Parlamento.
Miguel López Perito, porta-voz do ex-presidente, chegou a dizer que Lugo tinha o direito de formar as equipes que desejasse. "A ideia é justamente trabalhar com uma equipe pequena", disse López em 2008.
As relações entre presidente e vice nunca voltaram ao normal, e o Congresso paraguaio acabou se dividindo entre "franquistas" e "luguistas". Lugo foi perdendo cada vez mais apoio --no processo de impeachment, apenas uma deputada foi a seu favor; no Senado, quatro parlamentares tentaram impedir sua cassação.
*Com informações de Guilherme Balza, em Assunção
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