Americanos levantam cedo e enfrentam obstáculos para poder votar

Falls Church, Virgínia (EUA)

Indo de uma simbólica localidade e de um estado-chave indeciso vizinho dos corredores do poder em Washington até as ruas de Nova York atingidas pela supertempestade Sandy, os americanos levantaram cedo para votar a favor de Barack Obama ou Mitt Romney.

Por toda a costa leste, os eleitores enfrentaram muito frio na escuridão da madrugada, enquanto faziam fila para finalizar uma das campanhas eleitorais mais caras e disputadas já realizadas.

Eles tinham a sua frente uma escolha entre dois homens com visões muito diferentes sobre como reerguer um país com uma economia muito fragilizada.

Mais de 100 pessoas já estavam esperando pacientemente na fila do centro comunitário Falls Church por mais de meia hora quando o local abriu as suas portas, precisamente às 06h00 locais (09h00 de Brasília).

"As urnas estão abertas! Podem entrar!", afirmou o responsável pelo centro de votação.

Este aviso lançado pelo equivalente a um árbitro iniciando uma partida ecoou por toda a costa leste, com centros de votação mais a oeste - em estados decisivos, como Ohio, que podem determinar o vencedor - esperando para iniciar a votação um pouco mais tarde.

Neste subúrbio de Washington, uma fita azul na calçada marcava a linha que os integrantes da campanha democrata e republicana não podiam atravessar para solicitar votos. Dois cães esperavam pacientemente sentados por seus proprietários, que foram cumprir com seu dever cívico.

O estado da Virgínia, que ajudou a colocar Obama na Casa Branca em 2008 depois de favorecer os republicanos por anos, é um dos estados chamados "campos de batalha", onde a disputa está tão apertada que pode afetar o resultado final nacional.

Cerca de 20 minutos após o início da votação, dezenas de eleitores foram observados por jornalistas da AFP esperando fora dos centros de votação na Virgínia, um sinal do entusiasmo provocado pela disputa entre Obama e Romney.

"Será uma participação maior do que o normal, com certeza", afirmou a integrante da equipe de Romney Chris Redder enquanto distribuía propagandas de seu candidato para eleitores que chegavam em Falls Church, indicando quais campos os republicanos deveriam assinalar.

"Eu considero esta uma eleição importante", disse. "São duas visões da América - mais responsabilidade pessoal versus governo mais intrusivo, e pró-vida versus o que eu chamaria de pró-aborto".

Se Obama for reeleito, afirmou Redder à AFP, suas políticas irão prejudicar o país de modo que levará anos para se recuperar.

"Eu sei que vai ser uma disputa acirrada", acrescentou um eleitor idoso que, como muitos, preferiu não dar seu nome.

"Eles aumentaram os locais (de votação), então eles devem ter percebido a mesma coisa", enfatizou.

Um funcionário municipal de meia-idade, que imigrou para os Estados Unidos há 14 anos vindo das Filipinas, apoia a reeleição de Obama, afirmando: "Se Romney perder, será por sua própria culpa".

"O que aconteceu em 2008 está acontecendo agora", disse à AFP. "Há mais simpatizantes de Obama - e Romney não tem o seu tipo de organização".

Uma imigrante naturalizada do Japão, que já trabalhou na equipe de campanha republicana por três vezes e atualmente é empregada na indústria de software, e que não quis divulgar seu nome pelo que ela chamou de "um bom motivo", apoia Romney.

"Sou uma pessoa muito conservadora e gosto de suas políticas", disse. "Eu tendo a não gostar de um grande governo e de grandes gastos".

Nesta terça-feira, as primeiras cédulas de votação foram depositadas nas urnas pouco depois da meia-noite na aldeia de Dixville Notch, em New Hampshire, onde foram imediatamente contabilizadas. Pela primeira vez, ocorreu um empate: cinco votos para Obama, cinco para Romney.

Em Nova Jersey, um dos estados mais atingidos na semana passada pela supertempestade Sandy, as pessoas esperavam na fila, impacientes em meio aos escombros e ao lixo deixado pela tempestade.

Em Hoboken, um centro de votação improvisado sofreu um atraso de 40 minutos, provocando queixas das 60 pessoas que aguardavam na fila.

Quando as portas finalmente se abriram, um voluntário saiu e disse à multidão: "Desculpem a aparência deste lugar, há dois dias estava sob dois pés de água".

Em um centro eleitoral num auditório de Miami-Dade, sul da Flórida, ouro estado-chave, a imensa maioria dos eleitores nas longas filas é de origem cubana.

Aqueles que chegaram ao país na década de 1960 concordam em votar em Romney "porque precisamos de alguém que conheça negócios e reative a economia", segundo Ulises Calzadilla, aposentado de 75 anos.

Quem tem menos de 15 anos é mais aberto às propostas democratas, e Estrella del Sol, apesar de ter 52 anos, optou por Obama na primeira vez em seu país de adoção.

"Sendo cubana, é um privilégio aproveitar este direito que a liberdade dá. Vim votar em Obama porque acredito que é o candidato da liberdade", declarou.

Em Chicago, uma grávida deu o exemplo maior de participação democrática.

a americana Galicia Malone queria votar de qualquer jeito e nem mesmo a chegada iminente de seu primeiro filho a impediu.

A mulher de 21 anos, moradora de um subúrbio de Chicago, cidade de adoção do presidente Obama, começou a sentir as primeiras contrações durante a madrugada.

Mas, em seu caminho para o hospital, insistiu em parar em seu centro de votação para depositar seu voto.

"Nunca votei, por isso marca uma grande diferença na minha vida", afirmou Malone à rádio WBBM de Chicago. "E quero que isso seja um trampolim (na vida) de minha filha, que isso a inspire", afirmou, satisfeita.

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