Americanos vão às urnas na eleição mais acirrada das últimas décadas

WASHINGTON, 6 Nov 2012 (AFP) -Os eleitores americanos foram às urnas nesta terça-feira para votar nas eleições presidenciais mais disputadas das últimas décadas e marcadas pelas visões econômicas totalmente diferentes do presidente democrata Barack Obama e de seu desafiante republicano Mitt Romney.

A ansiedade causada pelas pesquisas de opinião passou e agora o maior show político do mundo entrou em seu emocionante desfecho, após uma viagem de montanha-russa de 18 meses que expôs a polarização da população.

A campanha mais cara da história dos Estados Unidos viu cerca de US$ 6 bilhões de dólares serem gastos pelos candidatos em uma disputa para conquistar uma fatia fina de um eleitorado indeciso e que pode fazer a diferença nas urnas.

Depois de campanhas frenéticas de última hora, os eleitores se decidiam pela reeleição de Obama, apesar da frágil economia, ou por deixar as rédeas do país a Romney, que prometeu um retorno à prosperidade.

Eles também vão decidir os candidatos que ocuparão um terço do Senado, liderado pelos democratas, e todos os representantes da Câmara, de maioria republicana. Mas com poucas chances de uma das duas câmaras mudarem de mãos, o atual impasse político provavelmente permanecerá.

Obama, de 51 anos, supera seu adversário republicano por uma pequena margem, enquanto tenta desafiar o precedente histórico que sugere que os presidentes americanos não conseguem alcançar um segundo mandato de quatro anos em períodos de desemprego elevado.

Romney, de 65 anos, ex-governador de Massachusetts e criticado como um rico empresário indiferente aos problemas da classe média, em caso de vitória, fará história como o primeiro presidente mórmon que promete fortalecer o crescimento econômico e a criação de empregos.

Ao depositar seu voto em Belmont, Massachusetts, com a mulher, Ann, Mitt Romney disse que se sente muito bem em relação às perspectivas de sua eleição, mas sua decisão de ir para Ohio e Pensilvânia no dia da eleição demonstra que o candidato não está tão tranquilo.

Obama, por sua vez, passou o dia em seu reduto de Chicago, antes de participar da noite eleitoral democrata no Palácio de Congressos da cidade de Illinois (norte). Ele, já votou antecipadamente, esteve no início da manhã em um escritório de sua campanha para agradecer aos voluntários. Depois ligou para alguns voluntários de Wisconsin para elogiar sua dedicação.

"Alô, falo com Annie? Sou Barack Obama", disse ao telefone diante de jornalistas. "Você foi muito simpática, mesmo que no início não tivesse ideia de com quem estava falando", elogiou Obama.

O presidente disse estar convencido de que terá uma boa noite e elogiou o seu adversário republicano. "Quero enviar os meus parabéns ao governador Romney por sua campanha animada. Eu sei que seus partidários estão comprometidos, entusiasmados e trabalhando duro hoje, tanto quanto os democratas", declarou Obama à imprensa.

"Estamos confiantes de que temos os votos necessários para vencer", acrescentou, ressaltando, contudo, que isso depende, "no fim das contas, da participação".

"Então, quero estimular a todos, de ambos os lados, para que desfrutem deste direito (de votar) precioso, pelo qual tantos lutaram para que pudéssemos desfrutar", declarou Obama.

"Estou animado para ver os resultados. Mas aconteça o que acontecer, quero expressar a minha gratidão a todos aqueles que me apoiaram, a todos aqueles que trabalharam tão duro por mim", afirmou.

O presidente fez seu último discurso de campanha na segunda-feira à noite em Iowa (centro) e não programou nada fora de Chicago nesta terça-feira. Ele já havia votado no final de outubro, aproveitando da votação antecipada.

Obama ainda teve tempo de jogar basquete, seguindo seu ritual antes de uma eleição.

Já seu adversário votou cedo nesta manhã em Belmont, Massachusetts, e viajou para Ohio (norte) e Pensilvânia (leste) para tentar convencer os eleitores desses estados potencialmente decisivos.

"Estou muito otimista, não apenas quanto aos resultados, mas também quanto ao futuro dos Estados Unidos", afirmou Romney ao chegar a Cleveland, onde visitou uma central de voluntários de sua campanha.

Os dois candidatos fizeram o seu apelo final aos eleitores em comícios noturnos realizados na segunda-feira, na presença de simpatizantes fervorosos.

"Amanhã, do granito de New Hampshire às Montanhas Rochosas do Colorado, da costa da Flórida às colinas da Virgínia, dos vales de Ohio a estes campos de Iowa, vamos manter a América avançando", disse Obama.

Discursando em Iowa, o primeiro estado que alimentou seus sonhos à Casa Branca em 2008, uma única lágrima rolou do rosto do presidente enquanto ele realizava o seu último evento desta campanha, vença ou não a eleição.

Romney colocou um ponto de exclamação em sua campanha com seu próprio comício à noite em uma arena de esportes em New Hampshire, onde lançou sua cruzada em direção à Casa Branca quase 19 meses atrás.

"Amanhã é um momento de olhar para o futuro e imaginar o que podemos fazer, deixar os últimos quatro anos para trás e construir um novo futuro", disse.

Os eleitores também vão pesar sobre mais de 170 questões relativas a vários assuntos, que vão do casamento gay à legalização da maconha e do aborto.

Uma corrida pela Casa Branca sem brilho, tão diferente da busca eufórica de Obama por esperança e mudança em 2008, produziu a eleição que os dois lados previram - uma briga frenética por vitórias apertadas em vários estados-chave.

A eleição presidencial americana não é decidida diretamente pelo voto popular, e exige que os candidatos acumulem 270 de um total de 538 votos de um colégio eleitoral concedidos por certo número de delegados em cada estado com base na população local.

Um candidato pode, portanto, ganhar o voto nacional popular e ser privado da Presidência por não alcançar o número necessário de votos no Colégio Eleitoral.

Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, se agarrava nas esperanças dos estados do centro-oeste do país de Ohio, Wisconsin e Iowa, que poderiam, junto com os estados tradicionalmente democratas, garantir a sua reeleição.

Em números calculados pelo site RealClearPolitics, Obama liderava em Iowa (por 2,4%), Ohio (2,9%), Wisconsin (4,2%), Virgínia (0,3%), New Hampshire (2,0%) e Colorado (1,5%).

Romney levava a melhor por 1,5% no grande estado da Flórida e na Carolina do Norte, que Obama venceu por apenas 3%, ou 14.000 votos, em 2008.

Nenhum presidente desde a II Guerra Mundial foi eleito com a taxa de desemprego acima de 7,4%, e Obama espera evitar o destino de uma série de líderes europeus, que pagaram pela crise econômica com seus próprios empregos.

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