Especialistas franceses descartam envenenamento de Arafat

Em Paris

  • Odd Andersen/AFP

    Imagem de 29 de outubro de 2004 mostra o líder palestino Yasser Arafat acenando <BR>para a população de dentro de um helicóptero em Ramallah, na Cisjordânia

    Imagem de 29 de outubro de 2004 mostra o líder palestino Yasser Arafat acenando
    para a população de dentro de um helicóptero em Ramallah, na Cisjordânia

Os especialistas autorizados pela justiça francesa para investigar a morte de Yasser Arafat, falecido em 2004 perto de Paris, descartaram a tese de envenenamento do líder palestino, indicou nesta terça-feira à AFP uma fonte próxima ao caso.

"O relatório do grupo rejeita a teoria de envenenamento e vai na direção de uma morte natural", explicou a fonte.

Segundo a Radio France Inter, os especialistas concluíram que Arafat morreu "de velhice após uma infecção generalizada".

O sobrinho do falecido líder palestino Yasser Arafat e um líder palestino ligado ao caso expressaram nesta terça-feira ceticismo em relação ao relatório francês que descarta a teoria de envenenamento.

"Até o momento, não vi esse relatório. Mas qualquer nova informação sobre a morte de Arafat, especialmente da França, deve ter relação com o relatório do hospital, em 2004", declarou o sobrinho Nasser al-Qidwa, presidente da Fundação Yasser Arafat.

Procurados pela AFP, a promotoria de Nanterre, perto de Paris, e Pierre-Olivier Sur, conselheiro de Suha Arafat, viúva do líder palestino, não quiseram comentar a notícia.

Tensão entre palestinos e israelenses
Tensão entre palestinos e israelenses

Em julho de 2012, Suha Arafat entrou com um pedido de investigação de assassinato junto ao tribunal de Nanterre após a descoberta de polônio, uma substância radioativa altamente tóxica, em objetos pessoais de seu marido.

Segundo ela, o polônio teria sido administrado na vítima por um membro de sua comitiva.

Os juízes de instrução ordenaram então a exumação do cadáver. As amostras biológicas foram recolhidas no dia 27 de novembro de 2012.

Yasser Arafat morreu em 11 de novembro de 2004 em um hospital militar francês. As causas nunca foram elucidadas e muitos palestinos suspeitam de Israel, que sempre negou o envenenamento.

Mais de 60 amostras foram enviadas para três equipes: uma suíça, uma russa e uma francesa. Cada uma realizou o trabalho de análise de forma independente, sem contato.

Os especialistas dos três países parecem divergir sobre a questão. Os relatórios recentes de exames médicos suíços e russos das amostras dos restos mortais do líder histórico palestino revelaram a presença de quantidades anormais de polônio-210 no corpo, apoiando a teoria de envenenamento.

Para a equipe suíça, "os resultados das análises sustentam moderadamente a hipótese de que a morte foi causada por um envenenamento", indicando em seu relatório que "nós medimos atividades de polônio-210 nos ossos e tecidos até 20 vezes superiores às referências da literatura" médica.

Os especialistas russos foram mais prudentes, concluindo a impossibilidade de determinar se o polônio foi a causa da morte do líder histórico.


Após a divulgação do relatório suíço, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, pediu a formação de uma comissão internacional para investigar o caso, em uma declaração à AFP.

"Israel é o primeiro, o principal e único suspeito no caso do assassinato de Yasser Arafat", afirmou o presidente da comissão de inquérito palestina sobre a morte de Arafat, Tawfiq Tirawi.

O porta-voz do Ministério israelense das Relações Exteriores, Yigal Palmor, considerou nesta terça-feira que o anúncio dos especialistas franceses era previsível.

"Isto não é uma surpresa", disse à AFP.

Palmor já havia negado, em novembro, as "acusações infundadas, sem qualquer prova".

"Israel não matou Arafat, e ponto final", ressaltou à AFP.

Yasser Arafat morreu aos 75 anos em 11 de novembro de 2004. Ele foi transferido no final de outubro de 2004 para o hospital militar de Percy, perto de Paris, depois de sofrer de dores abdominais em seu quartel-general em Ramallah, onde vivia confinado desde dezembro de 2001, cercado pelo Exército israelense. Sua viúva Suha não pediu uma necropsia.

Um relatório do hospital francês, de 14 de novembro de 2004, indicou uma inflamação intestinal "de origem infecciosa" e distúrbios de coagulação "severos", mas não revelou as causas da morte.

 

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