UE dividida aposta na Turquia para frear chegada de migrantes
Bruxelas, 6 Mar 2016 (AFP) - A União Europeia (UE) tentará na segunda-feira pressionar o governo da Turquia para que a ajude a frear a chegada de milhares de migrantes e controlar uma crise que está colocando em risco a unidade do bloco.
Os 28 se reunirão em Bruxelas com o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, para tentar enfrentar a chegada maciça de demandantes de asilo, que em 2015 alcançaram o número recorde de 1,25 milhão.
Davutoglu se dirigirá a Bruxelas neste domingo para preparar o encontro junto à chanceler alemã, Angela Merkel, e ao primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, informaram fontes diplomáticas.
A cúpula, a segunda em menos de quatro meses, coincide com um clima tenso entre a Turquia e a UE, muito crítica à política repressiva do presidente islamita-conservador Recep Tayyip Erdogan, como demonstra a recente intervenção de um jornal da oposição.
No fim de novembro, a UE assinou com o governo de Ancara um plano de ação para deter os milhares de migrantes que saem da costa turca em direção às ilhas gregas.
Neste domingo, ao menos 18 pessoas morreram em um naufrágio na região de Didim, no sudoeste da Turquia, informaram autoridades de Ancara.
Após uma viagem aos Bálcãs, à Grécia e à Turquia, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, se mostrou otimista na sexta-feira e afirmou que existe um "consenso europeu (...) para uma estratégia global que, se for colocada em andamento de maneira leal, pode frear os fluxos" migratórios.
Tusk propõe aplicar ao pé da letra os acordos de livre circulação de Schengen para que entrem na Grécia apenas as pessoas que fazem uma demanda de asilo.
Esta medida permitiria levantar neste mesmo ano os controles fronteiriços decididos unilateralmente por alguns países da UE - uma tentativa de frear o avanço caótico dos migrantes ao norte - e também expulsar os "migrantes econômicos" à Turquia, que depois os devolveria aos seus países de origem.
Até o momento, a UE quer convencer a Turquia a cumprir o acordo de novembro e colocar em andamento em junho um sistema para readmitir em seu território os migrantes irregulares. Bruxelas também pede que o país reforce a luta contra os traficantes que operam em sua costa.
Segundo Tusk, "é possível reduzir os fluxos com retornos rápidos e em grande escala de todos os migrantes" que tiveram seu pedido de asilo rejeitado.
Como sinal de boa vontade, o governo turco aceitou readmitir mais de 800 migrantes de origem magrebina que passaram à Grécia.
32.000 migrantes bloqueados na GréciaNa Grécia a situação é preocupante: desde que vários países dos Bálcãs e da Europa central fecharam suas fronteiras, cerca de 32.000 migrantes estão bloqueados no país em condições miseráveis.
Para enfrentar a situação, a UE prometeu a Atenas, afundada em uma grave crise econômica, uma ajuda de 700 milhões de euros nos próximos três anos.
Enquanto isso, todos os dias continuam chegando da Turquia à costa grega 2.000 migrantes, três vezes menos que em outubro, mas ainda um número alto, segundo os líderes europeus, que temem que o bom tempo aumente este índice.
"O irônico é que somos nós que temos que deter o fluxo, que temos que salvar a União Europeia", comenta o embaixador da Turquia ante a UE, Selim Yenel. "Depois de terem nos ignorado durante dez anos, agora se lembram de nós!".
Segundo um responsável europeu, a UE cometeu "um erro estratégico" há dez anos quando frustrou as esperanças da Turquia de entrar no bloco.
Em troca de sua cooperação na crise migratória, a Turquia conseguiu contrapartidas da UE, como a supressão, talvez ainda neste ano, dos vistos obrigatórios para os turcos e a retomada do processo de adesão à UE.
Igualmente, a UE prometeu uma ajuda substancial de 3 bilhões de euros para os 2,7 milhões de refugiados sírios em seu território.
axr-agr/mba/pc/avl/an/age/ma
Os 28 se reunirão em Bruxelas com o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, para tentar enfrentar a chegada maciça de demandantes de asilo, que em 2015 alcançaram o número recorde de 1,25 milhão.
Davutoglu se dirigirá a Bruxelas neste domingo para preparar o encontro junto à chanceler alemã, Angela Merkel, e ao primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, informaram fontes diplomáticas.
A cúpula, a segunda em menos de quatro meses, coincide com um clima tenso entre a Turquia e a UE, muito crítica à política repressiva do presidente islamita-conservador Recep Tayyip Erdogan, como demonstra a recente intervenção de um jornal da oposição.
No fim de novembro, a UE assinou com o governo de Ancara um plano de ação para deter os milhares de migrantes que saem da costa turca em direção às ilhas gregas.
Neste domingo, ao menos 18 pessoas morreram em um naufrágio na região de Didim, no sudoeste da Turquia, informaram autoridades de Ancara.
Após uma viagem aos Bálcãs, à Grécia e à Turquia, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, se mostrou otimista na sexta-feira e afirmou que existe um "consenso europeu (...) para uma estratégia global que, se for colocada em andamento de maneira leal, pode frear os fluxos" migratórios.
Tusk propõe aplicar ao pé da letra os acordos de livre circulação de Schengen para que entrem na Grécia apenas as pessoas que fazem uma demanda de asilo.
Esta medida permitiria levantar neste mesmo ano os controles fronteiriços decididos unilateralmente por alguns países da UE - uma tentativa de frear o avanço caótico dos migrantes ao norte - e também expulsar os "migrantes econômicos" à Turquia, que depois os devolveria aos seus países de origem.
Até o momento, a UE quer convencer a Turquia a cumprir o acordo de novembro e colocar em andamento em junho um sistema para readmitir em seu território os migrantes irregulares. Bruxelas também pede que o país reforce a luta contra os traficantes que operam em sua costa.
Segundo Tusk, "é possível reduzir os fluxos com retornos rápidos e em grande escala de todos os migrantes" que tiveram seu pedido de asilo rejeitado.
Como sinal de boa vontade, o governo turco aceitou readmitir mais de 800 migrantes de origem magrebina que passaram à Grécia.
32.000 migrantes bloqueados na GréciaNa Grécia a situação é preocupante: desde que vários países dos Bálcãs e da Europa central fecharam suas fronteiras, cerca de 32.000 migrantes estão bloqueados no país em condições miseráveis.
Para enfrentar a situação, a UE prometeu a Atenas, afundada em uma grave crise econômica, uma ajuda de 700 milhões de euros nos próximos três anos.
Enquanto isso, todos os dias continuam chegando da Turquia à costa grega 2.000 migrantes, três vezes menos que em outubro, mas ainda um número alto, segundo os líderes europeus, que temem que o bom tempo aumente este índice.
"O irônico é que somos nós que temos que deter o fluxo, que temos que salvar a União Europeia", comenta o embaixador da Turquia ante a UE, Selim Yenel. "Depois de terem nos ignorado durante dez anos, agora se lembram de nós!".
Segundo um responsável europeu, a UE cometeu "um erro estratégico" há dez anos quando frustrou as esperanças da Turquia de entrar no bloco.
Em troca de sua cooperação na crise migratória, a Turquia conseguiu contrapartidas da UE, como a supressão, talvez ainda neste ano, dos vistos obrigatórios para os turcos e a retomada do processo de adesão à UE.
Igualmente, a UE prometeu uma ajuda substancial de 3 bilhões de euros para os 2,7 milhões de refugiados sírios em seu território.
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