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Carta achada pela polícia confirmaria pista terrorista do ataque na Holanda

19/03/2019 09h46

Os investigadores do ataque de Utrecht (Holanda) indicaram hoje que consideram seriamente a pista terrorista depois de terem achado uma carta no carro do principal suspeito.

Em um comunicado conjunto, o Ministério Público holandês e a polícia informaram que por ora não foi estabelecido nenhum vínculo entre o suspeito de origem turca, Gokmen Tanis, e as vítimas do ataque de ontem em um VLT da cidade, no qual três pessoas morreram e sete ficaram feridas, segundo balanço atualizado.

Na véspera, as autoridades holandesas afirmaram que provavelmente o ataque teve uma motivação terrorista, mas que "não podiam descartar" outros motivos, como uma disputa familiar.

"Neste momento, a motivação terrorista é levada em conta seriamente", aponta o comunicado do MP e da polícia local, que interpelou um total de três suspeitos.

Gokmen Tanis, de 37 anos, foi preso ontem após uma caçada que durou oito horas. Uma arma de fogo foi apreendida durante a sua detenção, informaram os investigadores.

O primeiro-ministro holandês Mark Rutte afirmou que não poderia excluir outras pistas que a motivação terrorista.

"Há muitas perguntas e boatos", declarou durante uma coletiva de imprensa em Haia. "Qual foi a razão, terrorista ou outra, ainda não sabemos, mas não podemos excluir nada", acrescentou.

"Os outros motivos não estão excluídos, eles também são objeto de investigações", acrescentaram nesta terça o MP e a polícia.

Além do principal suspeito, dois outros homens, de 23 e 27 anos, estão sob custódia após sua prisão na noite anterior. Nenhum detalhe foi dado sobre o grau de envolvimento dos detidos.

No início desta manhã, os moradores desta cidade de cerca de 350.000 habitantes, a quarta maior da Holanda, deixaram flores no local da tragédia em homenagem às vítimas.

"Estou aqui para homenagear as vítimas e apoiar seus entes queridos", disse Yvette Koetjeloozekoot, de 29 anos, moradora do bairro.

Os mortos no ataque são uma mulher de 19 anos e dois homens de 28 e 49 anos, todos da província de Utrecht, informaram as autoridades hoje.

Comportamento instável

Após a tragédia, os VLTs voltaram a trafegar depois da interrupção do serviço, o tempo para que a polícia concluísse o seu trabalho na cena do crime, um local muito movimentado do centro da cidade.

Enquanto as bandeiras estavam a meio mastro em muitos edifícios do país, Mark Rutte presidiu uma reunião de gabinete sobre o ataque, que suscita temores de segurança pública na véspera de importantes eleições provinciais na Holanda.

Ontem o nível de ameaça terrorista foi elevado a cinco em Utrecht (seu nível mais alto), na sequência do ataque. Ele foi rebaixado após a prisão de Gokmen Tanis.

Sobre este homem já conhecido da justiça holandesa, considerado o principal suspeito, os serviços de inteligência turcos estão "reunindo informações", informou ontem à noite o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

"Alguns dizem que (o ataque) se deve a uma disputa familiar, outros dizem que foi um ato terrorista", acrescentou em entrevista ao canal de TV turco Ulke TV.

De acordo com a rede pública de rádio e televisão holandesa NOS, Gokmen Tanis compareceu há duas semanas perante a justiça por um caso de estupro.

Alguns membros de sua família teriam ligações com grupos muçulmanos radicais, mas, segundo a NOS, Gokmen Tamis também é conhecido por seu comportamento instável desde sua separação de sua esposa há dois anos.

Testemunhas do ataque no VLT relataram que o atirador tinha como alvo uma mulher e as pessoas que tentavam ajudá-la, de acordo com relatos da mídia.

Escolas e mesquitas permaneceram fechadas ontem até a prisão de Gokmen Tanis por policiais de elite altamente armados.

A União Europeia, os Estados Unidos e a Rússia, em particular, manifestaram a sua solidariedade para com a Holanda.

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