Julian Assange apresenta sintomas de "tortura psicológica", diz relator da ONU
Julian Assange apresenta "todos os sintomas de tortura psicológica", a qual esteve exposto "durante vários anos", afirmou hoje o Relator Especial da ONU sobre a Tortura, que o visitou com médicos na prisão.
"A perseguição coletiva de Julian Assange deve terminar agora", exigiu em um comunicado Nils Melzer, especialista independente da ONU e professor de direito internacional.
Desde que o WikiLeaks divulgou em 2010 documentos confidenciais sobre as Forças Armadas americanas "houve uma campanha, implacável e sem contenção, intimidação contra Assange, não apenas nos Estados Unidos, mas também no Reino Unido, na Suécia e, mais recentemente, no Equador", criticou.
O relator da ONU, que fala apenas em seu nome, visitou no dia 9 de maio o australiano, fundador do WikiLeaks, ao lado de dois médicos especializados em examinar vítimas de tortura, quase um mês após sua detenção pela polícia britânica na embaixada do Equador.
Após um "exame médico profundo", Melzer considerou "evidente que a saúde de Assange foi gravemente afetada pelo entorno hostil a que permaneceu exposto durante vários anos".
"Além das doenças físicas, Assange apresenta todos os sintomas típicos de uma exposição prolongada à tortura psicológica, uma ansiedade crônica e traumas psicológicos intensos", destacou Melzer, para quem as "provas são contundentes e claras".
"Assange foi exposto de forma deliberada, durante vários anos, a formas graves de penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, cujos efeitos acumulativos só podem ser descritos como tortura psicológica", acrescentou.
Em função do pedido de extradição dos Estados Unidos, Assange foi detido em 11 de abril na embaixada do Equador em Londres.
Ele estava refugiado na representação diplomática desde 2012, em parte para escapar da justiça americana após a publicação meio milhão de documentos confidenciais sobre as atividades do exército americano no Iraque e Afeganistão e de 250 telegramas do Departamento de Estado.
No início de maio o australiano foi condenado a 50 semanas de prisão por um tribunal britânico por ter violado os termos de sua liberdade condicional.
Além disso, a Suécia reabriu a investigação sobre as denúncias de um suposto estupro em 2010.
Na semana passada, a justiça americana anunciou 17 acusações adicionais contra Assange relacionadas a leis de combate à espionagem.
Em caso de extradição aos Estados Unidos, Assange "seria exposto a um risco real de violações graves de seus direitos humanos, incluindo sua liberdade de expressão e o direito a um julgamento justo", destacou Melzer, que afirmou ter ficado "particularmente alarmado" com as 17 novas acusações.
"Isto poderia resultar em uma pena de prisão e, inclusive, a pena de morte caso acrescentem outras acusações", concluiu.
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