Calotes no metrô de Santiago mantêm tensão social no Chile
Dezenas de jovens entraram sem pagar em várias estações do metrô de Santiago nesta segunda-feira (2), uma forma de protesto que detonou há sete semanas a grave crise social que sacode o Chile e que o governo não consegue apaziguar.
Os jovens, a maioria vestindo uniforme escolar e usando lenços no pescoço para não ser reconhecida, saíram de uma das composições do metrô na estação Los Héroes, uma das mais importantes do centro da capital chilena, e abriram as portas de acesso às plataformas para que os usuários entrassem sem pagar, constatou um jornalista da AFP.
Em seguida, os manifestantes subiram nas roletas, aos gritos de "evadir, no pagar, outra forma de luchar!" (burlar, não pagar, outra forma de lutar!) e voltaram a entrar em outro trem.
Na estação Irarrázaval, no bairro residencial de Ñuñoa (leste de Santiago), jovens encapuzados tentaram entrar aos chutes e a pauladas, mas não conseguiram quebrar as portas de acesso, segundo a imprensa local.
Em outras estações também foram registrados incidentes que obrigaram a empresa Metro, que controla o serviço ferroviário metropolitano, a interromper o serviço em algumas paradas.
Em 18 de outubro, os calotes realizados por estudantes em protesto contra o aumento nas passagens do metrô deu início à pior crise social que o Chile viveu em três décadas, com estações e trens incendiados.
As manifestações que se seguiram, saques e incêndios em lojas, assim como enfrentamentos com forças de segurança, deixaram 23 mortos e milhares de feridos.
A violência deflagrada desde então provocou um grande prejuízo à economia, que sofreu uma contração de 3,4% em outubro - mês em que a crise começou -, e o repúdio de quase toda população chilena.
Segundo a mais recente pesquisa da empresa Cadem, 96% dos entrevistados "discordam dos saques e roubos ao comércio", enquanto 72% apoiam a "mão dura" contra os saqueadores.
O presidente Sebastián Piñera apresentou soluções às demandas sociais, mas boa parte da população continua a considerar tais medidas insuficientes. A agenda governamental para lidar com a crise se concentrou na luta contra a violência e no fortalecimento da Polícia.
A sondagem também revelou que 67% dos consultados concordam com a continuidade das manifestações, e 59% estão de acordo com um projeto de lei de Piñera para que os militares zelem pela infraestrutura pública sem necessidade de decretar estado de emergência.
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