Estudo mostra forte presença de mercúrio em peixes do Amapá
Quase um terço dos peixes do estado do Amapá apresentam altos níveis de mercúrio, perigosos para o consumo humano, devido às atividades de garimpo ilegal nesta região amazônica, revelou um estudo realizado por três institutos de pesquisa com a WWF-Brasil.
Os cientistas coletaram amostras de 400 peixes em cinco regiões do Amapá, estado fronteiriço com a Guiana Francesa, incluindo as bacias hidrográficas próximas a unidades de conservação entre agosto de 2017 e maio de 2018.
Todos os peixes registraram a presença de mercúrio, mas "a concentração excedeu o limite de segurança em 77,6% dos (peixes) carnívoros, 20% dos onívoros e 2,4% dos herbívoros", detalhou o estudo publicado esta semana na Revista Internacional de Pesquisa Ambiental e Saúde Pública.
"Quatro das sete espécies com as maiores concentrações de mercúrio estão entre as mais consumidas na região", acrescenta o texto. Os níveis mais altos foram detectados no pirapucu (Boulengerella cuvieri) e no tucunaré (Cichla monoculus).
A pesquisa alerta que o consumo superior a 200 gramas de espécies de peixes contaminados pode comprometer a saúde dos habitantes das comunidades locais.
A presença de altos níveis de mercúrio nos rios ocorre principalmente pela prática ilegal de mineração, que utiliza esse mineral para separar as partículas de ouro, explica Marcelo Oliveira, especialista em Conservação da WWF-Brasil.
"O estudo traz dados contundentes sobre o nível de destruição que o garimpo do ouro está promovendo na Amazônia. Já tínhamos noção do quanto o garimpo destrói a floresta. Agora, temos mais evidências do quanto ele também destrói a saúde das pessoas que vivem na floresta", escreveu Oliveira.
"A gente sempre considerou comer peixe como algo saudável, agora estamos descobrindo que populações amazônicas estão ameaçadas por consumir peixes", disse o especialista à AFP.
"Temos outro estudo de 2017, no qual as amostras nos fizeram ver que peixes situados a 150 km da fonte de mercúrio tem o mesmo nível de contaminação que outro a 50 km", acrescenta Oliveira.
O especialista em conservação pede para que a população questione a origem dos produtos consumidos, e que haja investimento na "mineração responsável, porque o que vemos é uma ilegalidade escancarada".
Além da WWF-Brasil, participaram do estudo pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA) e do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé).
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