Em meio à crise na Ucrânia, Reino Unido põe fim a 'vistos de ouro', para investidores ricos
O governo britânico anunciou nesta quinta-feira (17) que vai parar imediatamente de emitir os chamados "vistos de ouro" para investidores ricos, à medida que Londres endurece sua postura sobre a entrada de dinheiro russo em meio à crise ucraniana.
O objetivo da medida é lidar com "finanças ilícitas", afirmou a ministra das Relações Exteriores, Liz Truss, no Twitter. "Esse tipo de atividade nefasta, incluindo o que estamos vendo por parte da Rússia no momento, não tem lugar no Reino Unido", acrescentou.
Criados em 2008, esses vistos são reservados para investidores com pelo menos 2 milhões de libras (2,7 milhões de dólares) que desejam se estabelecer no Reino Unido.
No entanto, alguns casos suscitaram "preocupação" em termos de segurança, especialmente no que diz respeito a "pessoas que acumularam sua riqueza de forma ilegal" e vinculadas à corrupção, disse o Ministério do Interior em um comunicado.
Nesse contexto, a ministra do Interior, Priti Patel, afirmou que quer "garantir que os britânicos tenham confiança no sistema, entre outras coisas, detendo as elites corruptas que ameaçam nossa segurança nacional e trazem dinheiro sujo para nossas cidades".
O fim dos "vistos de ouro" se aplicará a todas as nacionalidades, mas o foco agora está na Rússia.
O governo de Boris Johnson foi acusado de complacência no fluxo de dinheiro russo de origem duvidosa, em especial em algumas das áreas mais luxuosas da capital britânica, que ganharam o apelido de "Londongrad".
Questionado nesta quinta-feira, o primeiro-ministro destacou as leis "duras" em vigor contra a lavagem de dinheiro, antes de falar das sanções econômicas reforçadas que Londres preparou no caso de uma invasão russa da Ucrânia.
No final de janeiro, o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento britânico, Tom Tugendhat, culpou o Reino Unido pela atual crise devido ao papel de Londres na lavagem de dinheiro a nível mundial.
A comissão vem alertando há anos que a inação do Executivo em relação ao dinheiro sujo lavado através dos circuitos financeiros do Reino Unido, além de ativos como imóveis de luxo, encorajou o presidente russo, Vladimir Putin.
Em 1º de fevereiro, o órgão anunciou o início de uma investigação sobre o "dinheiro sujo" que entra no país e seus territórios ultramarinos.
A ONG Transparência Internacional estima em 1,5 bilhões de libras (2 bilhões de dólares) o valor das propriedades no Reino Unido de cidadãos russos acusados de corrupção ou ligados ao Kremlin.
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