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Espanha: mortos e feridos em tentativa massiva de entrar no território de Melilla

Migrantes do Marrocos andam nas ruas de Melilla antes de cruzeram fronteira com a Espanha - Reprodução/Twitter
Migrantes do Marrocos andam nas ruas de Melilla antes de cruzeram fronteira com a Espanha Imagem: Reprodução/Twitter

AFP, Madri

24/06/2022 13h13

Cinco migrantes morreram e 76 ficaram feridos, 13 em estado grave, em uma tentativa massiva de entrar no território espanhol de Melilla, no norte da África.

Também ficaram feridos 140 policiais, cinco com lesões graves, afirmaram as autoridades em nota enviada à AFP.

"Quase 2.000 migrantes iniciaram uma aproximação de Melilla às 6H40 horas", informou um porta-voz da prefeitura espanhola.

Duas horas mais tarde, "mais de 500 subsaarianos, depois de quebrar a porta de acesso do posto de controle fronteiriço, começaram a entrar na cidade, mas apenas 133 conseguiram. Todos homens", acrescentou.

Um comunicado da Delegação de Governo destaca que a ação aconteceu "apesar do amplo dispositivo das forças marroquinas, que colaboram ativamente e de forma coordenada com as forças de segurança do Estado espanhol".

A delegação destacou que a entrada ocorreu "apesar do amplo dispositivo das forças marroquinas, que têm colaborado ativamente" com as espanholas.

"Agradecemos, em nome do governo da Espanha, a extraordinária cooperação com o Reino de Marrocos, que demonstra a necessidade de ter a melhor relação(...) em matéria de luta contra a imigração irregular", disse o presidente do Governo espanhol Pedro Sánchez.

Omar Naji, da Associação Marroquina dos Direitos Humanos (AMDH), declarou à AFP que na quinta-feira à noite aconteceram confrontos entre migrantes e as forças de segurança do lado marroquino da fronteira.

O Hospital Hassani de Nador, perto de Melilla, informou que vários policiais foram internados, assim como alguns migrantes.

As tentativas anteriores de invasão em massa na Espanha por um de seus enclaves norte-africanos (Ceuta e Melilla) aconteceram em março, antes do degelo nas relações Espanha-Marrocos.

A crise diplomática entre os dois países começou depois que a Espanha recebeu em abril de 2021 o líder dos independentistas saarauis da Frente Polisário, Brahim Ghali, para tratamento de covid-19 em um hospital do país.

O governo do Marrocos reivindica a região do Saara Ocidental, uma ex-colônia espanhola, e a crise diplomática acabou quando a Espanha abandonou sua neutralidade histórica entre independentistas saararuis e Rabat para apoiar o plano marroquino para o território, que consiste em dar autonomia à região.

A mudança de postura rendeu muitas críticas ao governo do primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez. Alguns políticos de oposição interpretaram como uma concessão a Rabat para que interrompesse a chegada de imigrantes.

O pior momento da crise entre os países aconteceu em maio de 2021, quando, aproveitando que as autoridades marroquinas flexibilizaram os controles, quase 10.000 migrantes entraram em Ceuta.

Apesar de Madri e Rabat terem ajustado as relações, o chefe de Governo espanhol alertou que o país "não vai tolerar a instrumentalização da tragédia da imigração irregular como arma de pressão".

O avanço das relações com Marrocos, plataforma de saída da maioria dos imigrantes sem documentos que chegam às costas espanholas, provocou uma redução das chegadas.

O número de migrantes nas costas do arquipélago espanhol das Canárias em abril, primeiro mês do retorno à normalidade bilateral, foi 70% inferior ao registrado em fevereiro, de acordo com o ministério espanhol da Interior.

Madri, que será a sede da reunião de cúpula da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na próxima semana, de 28 a 30 de junho, abordará com seus aliados a questão da migração irregular como instrumento de pressão entre países, como ameaça "híbrida", não convencional.

A normalização das relações entre Rabat e Madri permitiu a reabertura em maio das passagens fronteiriças entre Marrocos, Ceuta e Melilla. A iniciativa foi precedida por uma visita de Sánchez a Rabat.

Ceuta e Melilla são as únicas fronteiras terrestres entre a UE e o continente africano. Milhares de migrantes subsaarianos sonham em chegar aos enclaves como primeiro passo para sua presença na Europa.