China alerta que não vai tolerar 'separatistas' taiwaneses
A China afirmou que adotará a política de tolerância zero com as "atividades separatistas" em Taiwan e insistiu que retomará a ilha pela força, se necessário, de acordo com um livro branco publicado nesta quarta-feira (10).
"A Questão de Taiwan e a Reunificação da China na Nova Era", o livro branco publicado pelo Escritório de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado chinês, define como Pequim pretende tomar a ilha por meio de incentivos econômicos e pressão militar.
"Estamos preparados para criar um vasto espaço para a reunificação pacífica, mas não deixaremos espaço para atividades separatistas de nenhuma forma", destaca o livro branco.
A advertência de Pequim foi divulgada após vários dias de manobras militares chinesas ao redor de Taiwan, organizadas em resposta à visita a Taipé da presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi.
A congressista se tornou na semana passada a principal autoridade americana a visitar Taiwan em décadas, apesar da ameaça de represálias da China, que busca manter Taipé isolada do cenário mundial.
"Trabalharemos com a maior sinceridade e faremos todo o possível para alcançar a reunificação pacífica. Mas não renunciaremos ao uso da força e nos reservamos a opção de adotar todas as medidas necessárias", destaca o documento.
"Isto é para nos proteger contra a interferência externa e todas as atividades separatistas. De nenhuma maneira tem como alvo nossos compatriotas chineses em Taiwan. O uso da força será o último recurso tomado em circunstâncias terríveis", acrescenta.
China e Taiwan estão separados de fato desde 1949, quando as forças comunistas de Mao Zedong prevaleceram na guerra civil chinesa sobre as tropas nacionalistas, que se refugiaram na ilha.
A edição anterior do livro branco sobre Taiwan foi publicada pela China no ano 2000.
O novo documento foi divulgado no mesmo dia que um líder da oposição taiwanesa viajou à China para reunir-se com empresários taiwaneses, apesar do pedido de Taipé para que cancelasse a viagem.
Andrew Hsia, vice-presidente do partido Kuomingtan, de tendência pró-Pequim, fez a visita em caráter pessoal e não passou por Pequim.
Mas a presidente taiwanesa Tsai Ing-wen o criticou duramente por atravessar o Estreito de Taiwan no momentos em que a China executa manobras ao redor da ilha.
Esta visita "envia a mensagem errada para a comunidade internacional", disse ele.
Desde a década de 1990, a ilha passou de uma autocracia para uma democracia vibrante e desenvolveu uma identidade taiwanesa particular.
As relações entre as duas partes pioraram desde 2016, quando chegou ao poder a atual presidente Tsai, cujo Partido Progressista Democrático não considera Taiwan como parte da China.
Sua plataforma se encaixa na definição do que a China considera separatismo taiwanês, que também inclui aqueles que desejam que a ilha tenha uma identidade separada do território continental.
- Temor de invasão -
O livro branco chinês promete a Taiwan prosperidade econômica, assim como "mais segurança e dignidade" depois da "reunificação".
Mas a oferta foi divulgada depois do maior exercício militar que a China organizou ao redor da ilha, incluindo simulações de bloqueio.
As manobras geraram o temor de que as autoridades comunistas chinesas estariam preparando uma invasão.
Os exercícios deveriam ter acabado no domingo, mas prosseguiram durante a semana, sem um anúncio sobre a data de encerramento.
O exército finalmente anunciou nesta quarta-feira que "o conjunto de tarefas foi realizado", sinalizando sua próxima conclusão.
A ilha realizou seus próprios exercícios militares para combater um eventual ataque.
"Tsai Ing-wen e o PDP... empurram Taiwan para o desastre", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China em comunicado nesta quarta-feira.
"As relações [entre Pequim e Taiwan] são mais uma vez confrontadas com duas opções para o futuro. Cabe às autoridades taiwanesas escolher a certa", acrescentou.
tjx/qan/cwl/mas/zm/fp/aa
© Agence France-Presse
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