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Gasodutos Nord Stream sofrem vazamentos no Mar Báltico e Dinamarca denuncia sabotagem

Bolhas gigantescas no Mar Báltico após vazamento de gás nos gasodutos Nord Stream - DANISH DEFENCE / AFP
Bolhas gigantescas no Mar Báltico após vazamento de gás nos gasodutos Nord Stream Imagem: DANISH DEFENCE / AFP

27/09/2022 08h34

Os dois gasodutos Nord Stream entre a Rússia e a Alemanha - que estão fora de serviço devido à guerra na Ucrânia - sofreram vazamentos de gás no Mar Báltico que geraram bolhas gigantescas nesta terça-feira (27), alimentando suspeitas de sabotagem.

Os três grandes vazamentos identificados desde segunda-feira perto da ilha dinamarquesa de Bornholm são visíveis da superfície e geraram bolhas de 200 metros a até um quilômetro de diâmetro, anunciou o exército dinamarquês em um comunicado, que inclui imagens impressionantes.

"O parecer das autoridades é que se trata de atos deliberados. Não estamos falando de um acidente", declarou em coletiva de imprensa a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, sem apontar nenhum suspeito em particular.

O argumento é a profundidade das águas e também o fato de que os furos por onde o gás está escapando são "grandes demais" para serem fruto de um acidente.

O governo da Dinamarca estima que os vazamentos nos dutos - fora de operação devido à guerra na Ucrânia, mas cheios de gás - podem durar "ao menos uma semana", até que se esgote o metano que está escapando dos tubos submarinos, explicou o ministro de Energia e Clima, Dan Jørgensen, que acredita que "detonações" podem estar por trás do ocorrido.

O gasoduto Nord Stream 2 foi o primeiro a sofrer danos na segunda-feira. Nesta terça-feira também foram registradas falhas no traçado do Nord Stream 1, que segue de forma quase paralela ao Mar Báltico.

O Instituto Sismológico Sueco informou à AFP que duas explosões submarinas foram registradas antes da descoberta dos três vazamentos. 

A Rede Sísmica Nacional Sueca registrou "duas liberações maciças de energia" pouco antes e perto do local dos vazamentos de gás na costa da ilha dinamarquesa de Bornholm, disse à AFP Peter Schmidt, sismólogo da rede nacional. 

"Nós interpretamos como procedente, com uma probabilidade muito alta, de algum tipo de detonação", disse Schmidt, que explicou que essas liberações de energia foram "muito repentinas".

A Rússia afirmou que está "extremamente preocupada" com os vazamentos detectados e acrescentou que não descarta "nenhuma hipótese", incluindo uma sabotagem, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Um porta-voz da Nord Stream, o consórcio que opera o gasoduto, afirmou à AFP que "não é comum um incidente, em que três tubulações registram dificuldades no mesmo dia".

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse à imprensa que os Estados Unidos estavam analisando relatos de que os vazamentos foram "resultado de um ataque ou algum tipo de sabotagem".

"Caso se confirme, isso claramente não é do interesse de ninguém", observou. "Meu entendimento é de que os vazamentos não terão um impacto significativo na resiliência energética da Europa", acrescentou.

- Estado de alerta -

A Dinamarca colocou todas as suas infraestruturas energéticas em alerta e enviou duas embarcações à região, acompanhadas por helicópteros. A Suécia convocou uma reunião de emergência.

O país escandinavo aumentou o alerta no setor de energia elétrica e de gás para o nível laranja, o segundo mais elevado, e proibiu a navegação em um raio de 5 milhas náuticas (9 quilômetros) ao redor dos vazamentos, assim como os sobrevoos no raio de um quilômetro.

Construído ao lado de seu antecessor, o gasoduto Nord Stream 2 deveria dobrar a capacidade de importação da Rússia para a Alemanha. Sua iminente entrada em operação foi suspensa, porém, devido às represálias a Moscou pela invasão da Ucrânia.

As autoridades alemãs não comentaram os vazamentos até o momento, mas, de acordo com uma fonte próxima ao governo citada pelo jornal alemão Taggesspiegel, "tudo vai contra uma coincidência".

"Não podemos imaginar um cenário que não seja um ataque direcionado", disse a fonte.

A Ucrânia afirmou nesta terça-feira que os vazamentos registrados nos gasodutos foram causados por um "ataque terrorista" planejado por Moscou contra a União Europeia. 

"Os vazamentos de gás em grande escala Nord Stream 1 são apenas um ataque terrorista planejado pela Rússia e um ato de agressão contra a UE", afirmou no Twitter o conselheiro presidencial ucraniano Mikhailo Podoliak.

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© Agence France-Presse