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Sobe para 21 número de mortos em explosão de mina na Colômbia

Equipes de resgate trabalham na mina em Sutatausa, na Colômbia; 21 pessoas morreram após uma explosão - LUISA GONZALEZ/REUTERS
Equipes de resgate trabalham na mina em Sutatausa, na Colômbia; 21 pessoas morreram após uma explosão Imagem: LUISA GONZALEZ/REUTERS

16/03/2023 09h00

Uma explosão no interior de um túnel de minas de carvão deixou um total de 21 mineiros mortos no centro da Colômbia, uma das piores tragédias dos últimos anos em um país com frequentes acidentes desse tipo - informaram autoridades locais nesta quinta-feira (16). 

"Lamentavelmente, 21 pessoas morreram neste acidente trágico em Sutatausa", município do departamento de Cundinamarca, escreveu o presidente colombiano, Gustavo Petro, no Twitter.

A explosão ocorreu na noite de terça-feira (14) dentro de um túnel de mina de carvão nesse município do departamento de Cundinamarca, cerca de 75 quilômetros ao norte de Bogotá. 

As equipes de resgate encontraram outros 11 corpos sem vida na quarta-feira. 

Hoje, o governador do departamento de Cundinamarca, Nicolás García, deu as buscas por encerradas. "Infelizmente, não há mais ninguém com vida, nossos corações estão arrasados", tuitou. 

Deslizamentos de terra que bloqueavam a passagem nas galerias dificultaram os trabalhos de resgate de dezenas de socorristas nos túneis de seis minas interconectadas que desabaram na explosão de terça-feira. 

O saldo final de 21 mortos faz dessa tragédia uma das piores dos últimos anos na Colômbia, que registrou mais de 1.200 desastres deste tipo entre 2011 e 2022. 

A licença de exploração da empresa colombiana Minminer, que opera nos túneis onde ocorreu a emergência, foi suspensa "enquanto prosseguem todos os processos de investigação", disse o prefeito de Sutatausa, Jaime Arévalo, em entrevista à Blu Radio.

- Homens jovens -

Desde quarta-feira, familiares dos mineiros divulgam fotografias dos falecidos nas redes sociais, em sua maioria homens jovens. 

Alguns trabalhadores que escaparam dos escombros relataram para a AFP o caos que se seguiu à explosão. 

"Sentia que ia me afogar e não dava para ver nada", contou Joselito Rodríguez, um dos que foram afetados nos pulmões. 

Sutatausa e os municípios próximos têm uma longa tradição de mineração. Seus habitantes estão inclinados para esta atividade, que oferece melhor remuneração do que o salário-base de pouco mais de US$ 200. 

Segundo o prefeito Arévalo, mais de 2.000 das 6.400 pessoas que vivem naquela localidade dedicam-se à extração de carvão.

Pelo menos 130 mil pessoas trabalham na mineração no país, segundo dados do Ministério de Minas e Energia. 

- Gás metano -

As autoridades estimam que o acidente em Sutatausa foi causado por uma faísca que explodiu o gás metano concentrado em um dos túneis. Agora, investiga-se se o local, que tem as licenças legais para extração, tinha condições adequadas de fluxo de ar. 

Para que o metano "não seja explosivo, são necessários processos de ventilação, um sistema de monitoramento que permita alertar e tomar decisões, que deverão ser revisadas se existiam, ou não", explicou o diretor da Unidade Nacional para Gestão do Risco de Desastres (UNGRD), Javier Pava, ao Canal Institucional. 

"Deve existir um plano de gerenciamento de risco" e treinamentos para os mineiros em caso de emergência. "É uma parte que precisa ser revista", acrescentou. 

Organizações sociais denunciam, constantemente, as más condições de trabalho dos mineiros de empresas nacionais e multinacionais.

O presidente Petro está realizando um plano de "transição energética" para abandonar gradualmente a exploração de carvão e petróleo. Ele também anunciou que vai apresentar ao Congresso um projeto de reforma trabalhista que estende benefícios aos trabalhadores. 

"Cada morte no trabalho não é apenas um fracasso empresarial, mas também social e governamental", tuitou o presidente após relatar as mortes em Sutatausa.

As tragédias no setor de mineração são frequentes na Colômbia, especialmente nas explorações ilegais de Cundinamarca e em outros departamentos no centro e no nordeste, próximos à Venezuela. 

Segundo Pava, este ano já foram registradas 23 mortes de garimpeiros no país. 

"Isso não é aceitável, que tenhamos tantas pessoas que perdem a vida em uma atividade como esta, que é muito perigosa, mas que precisamos não apenas de regulamentos, mas de decisões fundamentais", criticou. 

Petróleo e minerais são os principais produtos de exportação da Colômbia.

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© Agence France-Presse