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Ucrânia adverte navios no Mar Negro para possibilidade de ataques

A Ucrânia advertiu, nesta quinta-feira (20), que os barcos que navegam pelo Mar Negro rumo aos portos controlados pela Rússia poderiam ser atacados, depois que Moscou efetuou bombardeios nos portos ucranianos de Mikolaiv e Odessa em uma nova "noite infernal".

Após ameaças semelhantes por parte de Moscou, a Ucrânia advertiu hoje que todos as embarcações que trafeguem pelo Mar Negro em direção à Rússia e às zonas ocupadas pelas tropas de Moscou poderão ser consideradas "como transporte de mercadorias militares com todos os riscos associados".

A Ucrânia acusa a Rússia de atacar especificamente sua infraestrutura portuária com o objetivo de impedir qualquer possível retomada de suas exportações de grãos.

Os ataques foram condenados pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.

"Estes ataques estão tendo impacto muito além da Ucrânia. Já vemos o efeito negativo nos preços mundiais do trigo e do milho, o que prejudica todos, mas especialmente as pessoas vulneráveis do sul do planeta", disse Guterres através de seu porta-voz, Stéphane Dujarric.

Na madrugada de hoje, pelo menos duas pessoas morreram e mais de 20 ficaram feridas em bombardeios russos com drones e mísseis nos portos do sul da Ucrânia, segundo as autoridades, que publicaram imagens de edifícios em chamas e parcialmente destruídos.

Em Odessa, o zelador de um prédio foi encontrado "sob os escombros" após um bombardeio que destruiu um edifício administrativo no centro e danificou várias casas, afirmou o governador da província, Oleh Kiper.

A prefeitura de Mikolaiv informou que "pelo menos cinco prédios residenciais foram danificados" e o corpo de uma pessoa foi encontrado. 

"Foi uma noite infernal para o nosso povo", resumiu o diretor do serviço de emergência ucraniano, Serhiy Kruk.

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A Força Aérea ucraniana informou que a Rússia lançou ao todo 38 mísseis e drones contra as cidades.

"Infelizmente não é possível interceptar todos os mísseis, em particular os mísseis supersônicos Kh-22 e Onyx, que são muito difíceis de destruir", disse Oleh Kiper no Telegram.

Esses mísseis, pouco utilizados pela Rússia, já foram lançados durante um ataque na noite de terça para quarta-feira contra terminais de grãos e infraestruturas nos portos de Odessa e Chornomorsk, destruindo silos e 60.000 toneladas de grãos.

Na quinta-feira, o Exército russo afirmou que só atacou instalações militares na província de Odessa e perto de Mikolaiv.

- 'Estão mortos' -

Em Mikolaiv, equipes de resgate estavam trabalhando nos escombros para encontrar sobreviventes, relatou um jornalista da AFP. 

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"Quem precisa dessa guerra?", questionou Oleksiy Luhanchenko. "Eu disse a eles que tinham que ir e agora estão mortos", disse ele, cujo corpo do cunhado foi encontrado sem vida, enquanto aguardava notícias sobre sua irmã, que estava sob os escombros.

O início da ofensiva russa, em fevereiro de 2022, provocou o bloqueio dos portos ucranianos no Mar Negro até julho do ano passado, quando foi assinado um acordo, com mediação da Turquia e da ONU, que foi prorrogado em duas oportunidades.

O Kremlin, no entanto, anunciou na segunda-feira a saída do pacto após meses de reclamações da violação de um dispositivo do acordo para permitir a exportação de produtos agrícolas e fertilizantes russos.

O presidente russo, Vladimir Putin, declarou na quarta-feira que seu país está disposto a retornar ao acordo se a "totalidade" de suas demandas for respeitada e acusou os países do Ocidente de "chantagem política".

- Incêndio continua -

Na Crimeia, a península no sul da Ucrânia anexada pela Rússia em 2014, um ataque com drone matou uma adolescente e atingiu vários prédios administrativos, informou nesta quinta-feira o governador local designado por Moscou, Sergei Aksionov.

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As autoridades locais ordenaram na quarta-feira a saída de 2.000 civis de suas casas após um incêndio em uma área militar no leste da Crimeia, que continuava nesta quinta-feira.

A Ucrânia não reivindicou responsabilidade pelo bombardeio, mas suas forças militares aumentaram os ataques à Crimeia, que é um importante ponto de abastecimento para as tropas russas em solo ucraniano.

Na frente de batalha, os combates se concentram no leste da Ucrânia, onde a contraofensiva iniciada em junho por Kiev enfrenta dificuldades para romper as linhas russas, apesar do envio de armas pelos países ocidentais.

O conselheiro da Presidência ucraniana, Mikhailo Podolyak, afirmou que o país precisa de 200 a 300 veículos blindados adicionais para romper as linhas russas e de 60 a 80 caças F-16, além de cinco a 10 sistemas de defesa antiaérea Patriot, de fabricação americana, ou seu equivalente francês SAMP/T.

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© Agence France-Presse

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