Bolívia rompe relações com Israel por conflito em Gaza
A Bolívia rompeu relações diplomáticas com Israel em "repúdio" à ofensiva realizada na Faixa de Gaza, após o ataque do grupo islamista Hamas em 7 de outubro, anunciou o vice-chanceler, Freddy Mamani, nesta terça-feira (31).
O governo do esquerdista Luis Arce é o primeiro na América Latina a cortar vínculos com Israel desde o início do conflito, que já deixou milhares de mortos.
A Bolívia "tomou a decisão de romper relações diplomáticas com o Estado de Israel em repúdio e condenação à agressiva e desproporcional ofensiva militar israelense realizada na Faixa de Gaza", indicou Mamani em coletiva de imprensa.
Israel acusou a Bolívia de capitular diante do "terrorismo".
"A decisão do governo da Bolívia de romper os laços diplomáticos com Israel é uma capitulação diante do terrorismo e ao regime dos aiatolás do Irã", afirmou nesta quarta-feira o porta-voz do ministério israelense das Relações Exteriores, Lior Haiat.
"O governo boliviano se alinha com a organização terrorista Hamas, que massacrou mais de 1.400 israelenses e sequestrou 240 pessoas, incluindo crianças, mulheres, bebês e idosos", acrescentou, em referência ao balanço do ataque de 7 de outubro.
Desde os ataques do movimento islamista palestino Hamas em Israel, a resposta militar israelense na Faixa de Gaza deixou mais de 8.500 falecidos, muitos deles crianças, segundo as autoridades de Saúde do território palestino.
"Estamos enviando este comunicado oficial ao Estado de Israel, no qual informamos nossa decisão (...) de romper relações diplomáticas", acrescentou a ministra da Presidência, María Nela Prada, durante a coletiva, na qual também anunciou o envio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
"Exigimos o cessar dos ataques" na Faixa de Gaza "que provocaram até agora milhares de vítimas fatais civis e o deslocamento forçado de palestinos", completou.
O governo boliviano anunciou, ainda, o envio de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza.
Também na terça-feira, Chile e Colômbia convocaram para consultas seus embaixadores em Tel Aviv.
- Hamas elogia decisão -
Em sua declaração, as autoridades não mencionaram a violenta incursão do Hamas em território israelense.
Por meio de nota, o Hamas saudou o anúncio da Bolívia, expressando sua "grande estima" pela decisão tomada por La Paz, e instou os "países árabes que normalizaram suas relações" com Israel a fazer o mesmo.
No passado, a Bolívia já tinha rompido relações diplomáticas com Israel, que datam de 1969. Em 2009, o governo do líder indígena Evo Morales - ex-aliado de Arce - tomou a mesma determinação por um ataque israelense na Faixa de Gaza.
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Quero receberA Bolívia retomou as relações uma década depois por ordem da presidente de direita Jeanine Áñez, que substituiu Morales no poder, em meio a uma severa crise doméstica.
- Aplausos com críticas -
Em sua declaração nesta terça-feira, Prada - que falou como chanceler encarregada - disse que governo "compartilha" a condenação do secretário-geral da ONU, António Guterres, da situação em Gaza.
"Ao mesmo tempo, chamamos ao diálogo e soluções estruturais que respeitem a vida, para evitar uma maior escalada no conflito", acrescentou.
O ex-presidente Morales - que rompeu relações com Arce - elogiou a decisão do governo, mas com ressalvas.
"Finalmente, e por pressão do povo, o governo decidiu romper relações diplomáticas com Israel. Tomaram a decisão depois de estarem três anos no poder e depois do regime israelense assassinar mais de 8.500 pessoas", afirmou na rede social X, antigo Twitter.
Antes de romper relações com Israel, o presidente Arce se reuniu na segunda-feira com o embaixador palestino, Mahmoud Elalwani. Após o encontro, ele rejeitou no X "os crimes de guerra cometidos em Gaza" e defendeu a solução de dois Estados.
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© Agence France-Presse
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