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Analista militar detida na Venezuela responderá por 'traição' e 'terrorismo'

A ativista e especialista em questões militares Rocío San Miguel, detida quando se preparava para deixar a Venezuela, será acusada de "traição à pátria", "terrorismo" e "conspiração", informou o procurador-geral, Tarek William Saab, na segunda-feira (12).

Saab declarou na rede social X que o Ministério Público solicitará ao tribunal antiterrorismo que cuide do caso de "privação judicial preventiva de liberdade contra a cidadã Rocío del Carmen San Miguel Sosa pela suposta prática dos crimes de traição, conspiração, terrorismo e associação, entre outros".

A defesa de San Miguel denunciou anteriormente que ela e cinco de seus familiares - sua filha, dois irmãos, seu pai e seu ex-marido - sofreram "desaparecimento forçado".

Este é "um padrão claro de desaparecimento forçado", disse Juan González Taguaruco, um dos advogados de defesa da ativista detida em 9 de fevereiro na área de imigração do aeroporto de Maiquetía, que serve Caracas.

O Ministério Público também solicitará a privação preventiva de liberdade do militar reformado Alejandro José Gonzales De Canales Plaza, ex-companheiro de San Miguel, pela "suposta prática dos crimes de revelação de segredos políticos e militares relativos à segurança da nação, obstrução de administração da Justiça e associação".

Saab indicou que estava em andamento uma audiência de apresentação de seis "cidadãos que, após rigorosas investigações preliminares, parecem supostamente envolvidos na trama conspiratória chamada 'Brazelete Blanco'".

O procurador não especificou se entre as seis pessoas apresentadas em tribunal estão familiares de San Miguel.

O governo descreveu "Brazelete Blanco" como um plano para atacar uma base militar em Táchira, na fronteira com a Colômbia, para posteriormente assassinar o presidente venezuelano Nicolás Maduro.

Saab disse que além da privação de liberdade contra San Miguel e seu ex-marido, o Ministério Público solicitará "medidas cautelares" com apresentações periódicas para outras quatro pessoas.

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Trata-se de uma "detenção que se estende ao seu grupo familiar, a qualquer pessoa que tenha ligação emocional ou familiar com Rocío San Miguel. Isto é terrível", disse González Taguaruco sobre as detenções de familiares da ativista de dupla nacionalidade venezuelana e espanhola.

O governo venezuelano denuncia frequentemente planos conspiratórios contra Maduro. Só em 2023, afirma ter neutralizado cinco "conspirações" envolvendo militares, jornalistas e ativistas de direitos humanos.

Já em 2014, San Miguel havia sido acusada pelo próprio Maduro, que tentará a sua terceira reeleição em 2024, de estar envolvida em uma "revolta militar".

"Essa acusação nos parece absurda e infundada", concluiu González Taguaruco.

ONGs e opositores questionam a prisão. A embaixada dos Estados Unidos também reagiu.

"O padrão sistemático de desaparecimentos forçados temporários na Venezuela foi documentado por órgãos das Nações Unidas e relatado ao Grupo de Trabalho sobre Desaparecimentos Forçados ou Involuntários", afirmaram 204 organizações em um comunicado conjunto divulgado na segunda-feira.

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A detenção de San Miguel e dos seus familiares "dá continuidade a uma tendência preocupante" de detenções arbitrárias, observou a embaixada virtual dos Estados Unidos na Venezuela, que funciona a partir de Bogotá.

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