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Youssef e Paulo Roberto Costa "eram lobos maus", diz empreiteiro da Lava Jato

Erton Fonseca, diretor-presidente da divisão de engenharia da Galvão Engenharia - Ag. O Globo/Arte/UOL
Erton Fonseca, diretor-presidente da divisão de engenharia da Galvão Engenharia Imagem: Ag. O Globo/Arte/UOL

De Brasília, São Paulo e Curitiba

07/05/2015 14h53

O empreiteiro Erton Fonseca, da Galvão Engenharia, disse ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da operação Lava Jato, que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef "parecem cordeirinhos" na frente do magistrado, mas "lá, a cara deles era de lobos maus mesmo". O "lá", a que o executivo se refere, é uma reunião na qual ele afirma ter sido extorquido por Costa, Youssef e João Cláudio Genu, ex-assessor do PP, que teriam pedido R$ 4 milhões.

"Aqui, eu até vi na televisão, eles fazem cara de mansinhos para o senhor, parecem uns cordeirinhos para o senhor. Mas lá a cara deles não era de cordeirinhos, igual eles fazem para o senhor. Lá, a cara deles é de lobo mau mesmo. Apertando até dizer chega", afirmou o empreiteiro.

Segundo Erton Fonseca, por volta do fim do ano de 2010, início de 2011, o ex-diretor pediu que ele atendesse uma ligação do 'primo', apelido de Youssef. O executivo contou que à Justiça, que o doleiro o chamou para uma reunião em Brasília sem especificar o assunto. Ele afirma que havia visto Youssef em uma ocasião, tempo antes, na casa do ex-deputado José Janene (PP-PR), morto em setembro 2010.

O encontro na capital teria ocorrido em uma casa. Erton Fonseca conta só descobriu que 'primo' e Youssef eram a mesma pessoa quando chegou ao endereço e viu o doleiro na porta do imóvel.

"Me convidaram para entrar, entrei lá dentro da casa. Quando eu entrei na casa, eu já não entendi mais nada, porque estava o diretor Paulo Roberto dentro da casa. O que o diretor Paulo Roberto estava fazendo dentro daquela casa em Brasília com o assessor do PP, junto ao senhor Youssef?", contou Erton Fonseca.

"Em 2, 3 minutos de conversa fiada, já foram para o assunto. Colocaram que a diretoria de Abastecimento era do PP, que o partido contava com uma colaboração das empresas que trabalhavam para a Petrobras, nas obras de Abastecimento. Colocaram lá que a Galvão tinha em andamento diversos contratos e que se não desse a contribuição, eles iam atrapalhar a vida desses contratos. Eu fiquei lá naquela situação, questionei o Paulo Roberto: os contratos que nós ganhamos, o senhor sabe que nós ganhamos contratos por preços nunca antes praticados na Petrobras, a vantagem que a Petrobras teve na contratação desses contratos todos, o ganho que a Petrobras teve nesses contratos todos. Mesmo assim, ele não se alterou, continuou a insistência. Virou uma briga, que tinha que pagar, puxaram um número que seria R$ 4 milhões. (Eu) Disse que não tinha como pagar esses R$ 4 milhões, me senti extorquido por tudo quanto era lado, faca no pescoço pelos três."

O PP, o PT e o PMDB são suspeitos de lotear diretorias da Petrobras para arrecadar entre 1% e 3% de propina em grandes contratos, mediante fraudes em licitações e conluio de agentes públicos com empreiteiras organizadas em cartel. O esquema instalado na estatal foi desbaratado pela força-tarefa da Lava Jato.

"Eu estava enojado com aquela situação, jamais podia imaginar que uma pessoa do calibre do Paulo Roberto, com conhecimento técnico que ele tinha, eu considerava o Paulo Roberto um excelente engenheiro, pelas reuniões que eu havia participado com ele, técnicas. Fiquei enojado com aquilo e pedi um tempo. Disse que não tinha autonomia para resolver aquilo e dei um jeito de sair de lá. Voltei para São Paulo, procurei meu superior, que era o Jean, contei o caso para o Jean, ele também ficou indignado com a situação. E nós fomos procurar o Dario (Galvão, sócio da Galvão Engenharia)", explicou Erton Fonseca.

O executivo disse, naquele momento, a empresa já havia mobilizado todas as obras. Foi decidido, então, que o pagamento dos R$ 4 milhões seria feito. Segundo Erton Fonseca, o dinheiro foi pago por meio de um contrato de consultoria com a empresa MO Consultoria, empresa de fachada de Youssef, em 7 parcelas, durante o ano de 2011.

"Mobilização de obra é a fase que mais se gasta no contrato. Você gasta, gasta, gasta, mas não começou a executar, então você não tem faturamento, você só tem gasto. A Galvão já havia gasto uma barbaridade de dinheiro que ela nem tinha para mobilizar esses contratos", contou o executivo. "O Dario achou melhor ceder a essa situação e a pagar os R$ 4 milhões. Ele autorizou o pagamento de R$ 4 milhões de extorsão."