Rede vê 'interesses não republicanos' de Bolsonaro e vai ao STF contra nomeação
A Rede Sustentabilidade entrou com ação no Supremo Tribunal Federal para derrubar a indicação do ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, para a direção-geral da Polícia Federal. Nome de confiança da família Bolsonaro, Ramagem teve a nomeação publicada no Diário Oficial da União na madrugada desta terça, 28.
Em primeira instância, a Rede tentou manter no cargo o ex-diretor da corporação, Maurício Valeixo, mas o pedido de liminar foi negado pelo juiz Ed Lyra Leal, da 22ª Vara Federal do Distrito Federal. A petição era assinada pelos senadores Randolfe Rodrigues e Fabiano Contarato.
No pedido ao Supremo, o partido relembra as acusações do ex-ministro Sérgio Moro, que acusou Bolsonaro de tentar interferir na autonomia da PF para obter acesso a informações de investigações sigilosas. Na segunda a noite, o ministro Celso de Mello abriu inquérito no Supremo para apurar as denúncias do ex-juiz da Lava Jato contra o presidente.
"O desvio de finalidade é patente, posto que o Presidente da República ao usar sua competência de nomear para o cargo de Diretor-Geral da Polícia Federal o faz não com interesses republicanos, de boa condução da corporação ou eficiência, mas sim com interesses pessoais não republicanos: acessos indevidos a investigações em andamento e poder de influir em tais investigações", afirma.
A Rede também destaca a proximidade de Ramagem com a família Bolsonaro, anexando nos autos a foto em que o ex-chefe da Abin foi clicado ao lado do filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos). A imagem, segundo o partido, mostra que 'não restam dúvidas' sobre a relação íntima do clã com o nomeado.
"Instado a se manifestar por apoiadores em rede social sobre o potencial desvio de finalidade na nomeação, o Presidente da República reafirmou o objetivo de indicar um amigo para comandar a Polícia Federal: 'E daí? Antes de conhecer meus filhos, eu conheci o Ramagem. Por isso deve ser vetado? Devo escolher alguém amigo de quem?'", aponta a Rede, ao Supremo.
A sigla também relembra as trocas de mensagens entre Moro, Bolsonaro e a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP). Na conversa com a parlamentar, Moro diz que 'não está à venda' após Zambelli afirmar que, aceitando Ramagem na chefia da PF, ela trabalharia para obter com Bolsonaro a indicação do ex-juiz da Lava Jato para o Supremo Tribunal Federal.
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