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Após saída de Teich, Centrão critica Bolsonaro e apoio agora é alvo de discussão

15.mai.2020 - Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante cerimônia no Palácio do Planalto - Gabriela Biló / Estadão Conteúdo
15.mai.2020 - Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante cerimônia no Palácio do Planalto Imagem: Gabriela Biló / Estadão Conteúdo

Redação

Do Estadão Conteúdo, em Brasília

15/05/2020 15h48

Um dos líderes do Centrão, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP) divulgou hoje uma nota criticando os "impulsos" do presidente Jair Bolsonaro na condução da crise do novo coronavírus, que levaram ao pedido de demissão do ministro da Saúde, Nelson Teich. No Congresso, representantes do grupo já afirmam, nos bastidores, que será muito difícil apoiar Bolsonaro em meio à queda de popularidade. Em outra frente, no entanto, partidos como o PL também intensificaram as negociações para ocupar pastas no Ministério da Saúde.

"Saiu quem não tinha entrado. Hoje, o ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu exoneração do cargo, mas, não sei se alguém percebeu, já não fazia diferença", disse Paulinho da Força, como é conhecido o deputado, que preside o Solidariedade. Após afirmar que Teich era constantemente desautorizado por Bolsonaro, Paulinho partiu para o ataque ao chefe do Executivo.

"Duvido que alguém consiga fazer o presidente aprender com a ciência e perceber que reduzir o isolamento social é colocar mais brasileiros na fila de espera por uma vaga na UTI. O Brasil precisa de liderança, mas vai ser difícil encontrar um ministro que seja capaz de lidar, ao mesmo tempo, com a crise sanitária e com os impulsos de Jair Bolsonaro."

A avaliação é compartilhada por outros partidos que integram o Centrão. "Diante das imposições do presidente, só topará ser ministro da Saúde quem não tiver compromisso com a ciência e nem com a medicina. O pedido de demissão do ministro demonstrou que ele tem", afirmou o deputado Marcelo Ramos (PL-AM).

Uma hora depois da demissão de Teich, a empresa AP Exata captou que a rejeição a Bolsonaro nas redes sociais chegou a 65% - um aumento de 11 pontos em relação ao período anterior a esse cenário.

O presidente vem perdendo apoio nas mídias digitais desde o início do ano, mas enfrentou os piores momentos recentemente, com as saídas de Sérgio Moro, ex-titular da Justiça, e de Luiz Henrique Mandetta, que comandava o Ministério da Saúde antes de Teich.

Como informou o Estadão na quarta-feira (13), o PL de Valdemar Costa Neto deverá ocupar a Secretaria de Atenção Especializada à Saúde do Ministério que estava nas mãos de Teich. A mudança de posto na Secretaria, em meio ao pico da covid-19, ocorre após a demissão de Francisco de Assis Figueiredo, que havia sido indicado para o cargo pelo Progressistas, partido do deputado Arthur Lira (AL).

O PL de Valdemar Costa Neto chegou a negociar nomes para a Secretaria de Vigilância em Saúde, pasta estratégica para formular ações sobre o avanço da covid-19 no Brasil, como orientações de isolamento social. A Secretaria de Atenção Especializada, no entanto, é mais atrativa - porque autoriza o custeio (habilitação) de leitos de UTI em todo o País, além de certificar entidades que fazem serviços complementares ao SUS - e virou o novo alvo do partido.