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PT entra com ação contra deputado que se armou contra Lula

O bolsonarista Junio Amaral reagiu a um vídeo de Lula em que ele sugere mapear casas de deputados - Reprodução/Redes Sociais
O bolsonarista Junio Amaral reagiu a um vídeo de Lula em que ele sugere mapear casas de deputados Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Natália Santos

São Paulo

06/04/2022 15h37Atualizada em 06/04/2022 15h58

O PT entrou com uma representação no Conselho de Ética da Câmara contra Junio Amaral (PL-MG), após o deputado divulgar vídeo empunhando um arma e dizer que aguardava a "turma" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegar em sua casa. "Serão muito bem-vindos", afirmou ele, enquanto carregava uma arma de fogo com munição.

O vídeo de Amaral foi em resposta a uma declaração que Lula fez durante evento da Central Única dos Trabalhadores (CUT), na segunda-feira, 4. O petista defendeu que os sindicalistas mapeiem o endereço dos parlamentares e se dirijam a essas residências para "incomodar a tranquilidade" dos políticos, pressionando-os com as demandas sindicais. "Se a gente mapeasse o endereço de cada deputado e fossem 50 pessoas até a casa dele, não é para xingar, mas para conversar com ele, conversar com a mulher dele, com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele. Eu acho que surte muito mais efeito", afirmou o petista.

A representação do PT afirma que a reação de Amaral foi "desproporcional, autoritária, odiosa, totalmente incompatível com o que se espera de um deputado federal" e solicita a abertura de processo ético disciplinar no conselho por quebra de decoro parlamentar. "O representado responde à fala do presidente Lula fazendo expressa ameaça, consistente em receber, tanto o presidente, quanto eventuais cidadãos (manifestantes), com uma arma de fogo totalmente carregada, a indicar que poderia matá-los ou lesioná-los, de forma grave", diz.

A representação atribuiu a Amaral três crimes: ameaça, incitação ao crime e apologia de crime ou criminoso. "As ações do representado, além de criminosas, configuram verdadeiras exortações de ódio aos adversários políticos reais e/ou imaginários, o que não pode ser admitido", afirma o texto.

Para o partido, a declaração do petista foi democrática. "Lula apenas reforçou os mecanismos democráticos de que podem dispor os trabalhadores e cidadãos brasileiros, na perspectiva de buscar, junto aos representantes populares - que devem prestar contas de suas ações a seus eleitores - um canal de diálogo mais próximo e que permita, sem intermediários, apresentar as variadas e necessárias demandas trabalhistas, sociais e políticas, muitas vezes deixadas de lado pelo Parlamento."

No Twitter, o deputado Rogério Correia (PT-MG), que assina o documento, publicou que "fascistas não passarão!". Além dele, o nome da presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e do deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) também constam na representação.

Em nota, o deputado Amaral afirmou que seu vídeo foi uma resposta à ameaça que Lula fez aos deputados. "Apenas avisei que não submeterei a minha família à qualquer risco que algum dos terroristas queiram nos colocar", disse. Para o parlamentar, não há no vídeo "qualquer fato" que caiba inquérito e imputação de algum crime. "O art 24 do Código Penal me garante defesa proporcional à mim e minha família, assim como meu direito de manifestar por isso. A casa é asilo inviolável de qualquer cidadão, conforme a Constituição Federal", disse.