Governos não estão à altura de crise climática, diz Nobel de Física
O físico teórico italiano Giorgio Parisi, vencedor do Nobel de Física em 2021, afirmou nesta sexta-feira (8) que os governos "não estão à altura" do desafio da crise climática no planeta.
Três dias após ter sido laureado com o meteorologista japonês Syukuro Manabe e o oceanógrafo alemão Klaus Hasselmann, Parisi participou de uma reunião preparatória para a COP26 na Câmara dos Deputados da Itália, em Roma - o país é coorganizador da conferência climática em 2021, ao lado do Reino Unido.
"Infelizmente, as ações tomadas pelos governos não estiveram à altura desse desafio, e os resultados até agora são extremamente modestos", declarou o físico, acrescentando que a humanidade precisa fazer "escolhas essenciais".
"Já faz décadas que a ciência nos alertou que os comportamentos humanos estão colocando as bases para um aumento vertiginoso da temperatura no nosso planeta", disse.
De acordo com Parisi, a luta contra a crise climática exige um "esforço monstruoso da parte de todos". "É como dirigir de noite: os faróis são a ciência, mas a responsabilidade de não sair da estrada é do motorista, que deve levar em conta que os faróis têm alcance limitado", afirmou.
Para o físico italiano, o dever da política é "ajudar a humanidade a passar por uma estrada cheia de perigos". "Se a temperatura aumentar mais de 2ºC, entraremos em uma terra desconhecida em que pode haver fenômenos que não previmos", alertou.
O Acordo de Paris, assinado em 2015, mira manter o aumento médio da temperatura do planeta até o fim do século "bem abaixo" dos 2ºC em relação aos níveis pré-industriais, com o compromisso de tentar limitar esse crescimento a 1,5ºC, mas já são vários os relatórios que mostram que o mundo não está fazendo o suficiente para cumprir essa meta.
De acordo com a Real Academia de Ciências da Suécia, responsável pelo Nobel de Física, Parisi foi premiado por sua "descoberta da interação entre desordens e flutuações em sistemas físicos, de escalas atômicas até planetárias".
Já Manabe e Hasselmann foram laureados por seus modelos para compreender e simular o clima na Terra e por seus trabalhos sobre como a atividade humana, em especial a emissão de dióxido de carbono (CO2), eleva a temperatura no planeta.
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