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Em crise migratória, presidente de Belarus pode cortar gás enviado para UE

23.set.2020 - Alexander Lukashenko toma posse em seu 6º mandato em uma cerimônia sigilosa em Belarus - Maxim Guchek/BELTA/AFP
23.set.2020 - Alexander Lukashenko toma posse em seu 6º mandato em uma cerimônia sigilosa em Belarus Imagem: Maxim Guchek/BELTA/AFP

11/11/2021 09h40

O presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko, afirmou nesta quinta-feira (11) que irá "reagir" se a União Europeia impuser um novo pacote de sanções contra o governo por conta da crise com migrantes na fronteira da Polônia.

"Fornecemos calor para a Europa, e ainda mais agora que ameaçam fechar as fronteiras. E se interrompermos o fornecimento de gás natural ali?", ameaçou o mandatário em uma entrevista à agência de notícias estatal Belta.

A referência de Lukashenko é sobre o gasoduto Yamal-Europe, da empresa russa Gazprom, e que, apesar de partir do território da Rússia, tem cerca de 680 quilômetros de dutos em Belarus até chegar à Polônia.

A fala do presidente refere-se ao anúncio da Comissão Europeia feito nesta quarta-feira (10) de que já está tramitando nos órgãos internos um novo pacote de sanções contra aliados de Lukashenko, o sexto desde as eleições presidenciais de agosto do ano passado, consideradas fraudadas pelo bloco.

A tendência é que se a UE impor mais punições, outros grandes países ocidentais, como Reino Unido e Estados Unidos, também reforcem as suas. Vale ressaltar que as medidas não afetam a população em si, mas aliados políticos e econômicos do país, que veem seus bens bloqueados nos 27 países-membros do bloco e têm suas viagens para essas nações barradas.

O bloco europeu acusa Minsk de usar migrantes como uma "arma política" na fronteira com a Polônia. O governo estaria forçando e incentivando que essas pessoas entrem ilegalmente no território polonês, em uma rota que segue para a Alemanha e outras nações do bloco.

Além disso, uma recente operação polonesa em um dos acampamentos verificou material de propaganda extremista islâmica e há o temor que Minsk esteja permitindo que potenciais terroristas se infiltrem nos grupos de migrantes verdadeiros.

No entanto, desde 22 de outubro, a Polônia aprovou uma lei que determina a repatriação imediata de qualquer pessoa que tente entrar ilegalmente em seu território - o que também é uma violação dos tratados internacionais - e autorizou a construção de um muro na fronteira para substituir as cercas de arame farpado. Para Lukashenko, são os poloneses que estão armando os migrantes na fronteira.

Nesta semana, uma marcha de milhares de pessoas chegou à fronteira para tentar forçar a passagem e diversos foram os momentos de alta tensão e de agressões no local. A Polônia enviou cerca de 12 mil soldados para fazer a proteção fronteiriça.