Cruz Vermelha vai a Mariupol, mas retirada de civis é incerta
A Cruz Vermelha Internacional informou hoje que comboios humanitários partiram de Zaporizhzhia com direção a Mariupol para retirar civis, mas que ainda "não está certo" que eles conseguirão cumprir sua missão.
O anúncio vem após o governo russo autorizar pelo segundo dia consecutivo a retirada dos cidadãos que ainda não tinham conseguido fugir da guerra. Ontem, segundo informou a vice-premiê ucraniana, Iryna Vereshchuck, foram 1.458 civis retirados.
Em informação não confirmada de forma oficial, um jornalista da BBC que está cobrindo o conflito informou que um comboio da Cruz Vermelha com ajuda humanitária foi barrado em Berdyansk, localidade que fica entre Mariupol e Zaporizhzhia porque não foram dadas garantias de segurança para os voluntários.
Ainda conforme o repórter, alguns ônibus foram apedrejados por soldados russos e apenas três veículos conseguiram fazer a viagem completa.
O prefeito de Mariupol, Petro Andryushchenko, informou à mídia internacional por meio do Telegram que "é muito perigoso" sair da cidade nesse momento, mesmo com a suposta trégua russa.
"A cidade permanece fechada para entradas e é muito perigoso sair com transporte pessoal", disse Andryushchenko acusando os militares de impedirem a entrada de ajuda humanitária, como alimentos, água e medicamentos.
A mesma denúncia foi feita por Vereshchuck ao jornal "Kyiv Independent". De acordo com a representante do governo, cerca de 14 toneladas de alimentos que deveriam ir para Melitopol e Mariupol foram bloqueados pelas tropas russas.
Já o presidente do país, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de estar "acumulando" tropas em áreas próximas a Mariupol para realizar um novo grande ataque. "Vão existir batalhas e nós precisamos ainda percorrer um caminho muito difícil para ter tudo que queremos", acrescentou.
Além dos ataques no sul do país, Zelensky informou que Moscou está planejando também "pesados ataques" na área separatista do Donbass para que os rebeldes conquistem partes do território da região ainda sob controle ucraniano.
"Faz parte da tática deles. Sabemos que eles afastam as tropas das zonas onde estamos combatendo para concentrar-se em outras áreas muito importantes... onde será mais difícil para a gente responder", pontuou.
A situação de Mariupol, no Mar de Azov, é uma das mais dramáticas da guerra porque a localidade - que tinha 400 mil habitantes - está sitiada desde os primeiros dias de combate.
Conforme cálculos de Kiev, são cerca de 100 mil cidadãos presos por lá.
Cerca de 90% dos prédios foram destruídos em bombardeios russos e a cidade não tem mais o fornecimento de água, energia elétrica ou medicamentos há mais de um mês.
Acnur
Hoje, a Acnur (Agência da ONU para Refugiados) atualizou os números de refugiados e informou que, além dos quatro milhões de cidadãos que fugiram do país em cinco semanas de combate, outros 6,5 milhões se tornaram deslocados internos - ou seja, precisaram deixar suas casas, mas não saíram da Ucrânia.
Ainda conforme o relatório, 90% dessas pessoas são mulheres e crianças.
O Alto Comissariado da Acnur ressalta que essa é a pior crise humanitária na Europa da Segunda Guerra Mundial e que o mundo "está vendo uma crise humanitária gigantesca, que cresce a cada segundo".
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