Governos árabes pressionam YouTube para bloquear acesso a filme anti-islâmico
Com a escalada dos protestos contra o filme anti-islâmico que satiriza o profeta Maomé, governos de todo o mundo árabe reiteraram o pedido ao YouTube para bloquear o acesso ao vídeo, prometendo retaliações caso a solicitação não seja cumprida.
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A Árabia Saudita foi a última nação a se juntar à lista que reivindica a retirada do ar do filme "Inocência dos Muçulmanos". Produzida nos Estados Unidos, a fita tem provocado manifestações por toda a região nos últimos dias.
Segundo as autoridades sauditas, se o Google, dono do YouTube, não cooperar, o próprio governo bloqueará o acesso ao site dentro do país.
O Google já havia rejeitado uma solicitação da Casa Branca para remover o vídeo do site e bloquear seu acesso na Líbia, Egito, Indonésia e Índia.
A companhia americana alega que já está atuando onde o material é considerado ilegal.
Em um comunicado oficial, o rei Abdullah, da Arábia Saudita, afirmou que o YouTube seria bloqueado caso o Google não concordasse em remover os links para o vídeo.
O departamento de comunicação e tecnologia de informação do país também pediu a cidadãos sauditas e expatriados para denunciar se descobrirem links para o filme que difama Maomé.
"Isso é considerado um dever religioso de cada muçulmano, de forma a prevenir qualquer relato de blasfêmia ao nosso Profeta e à nossa religião", afirmou o comunicado divulgado através da agência estatal SPA.
Rússia
O governo da Rússia também pediu para que o material fosse bloqueado no país.
Um tribunal russo está atualmente considerando se classificaria o vídeo como "extremista".
Se for classificado dessa forma, todo o YouTube seria bloqueado, como parte de uma nova e controversa legislação cuja vigência começa no próximo dia 1º de novembro.
Segundo os termos dessa lei, o conteúdo digital classificado como extremista ou ofensivo seria colocado numa espécie de lista negra nacional e, posteriormente, teria o acesso bloqueado a todos os provedores de serviço de Internet dentro do país.
"Isso soa como se fosse uma piada, mas, por causa desse vídeo...todo o YouTube poderia vir a ser bloqueado em toda a Rússia", escreveu no Twitter o próprio ministro da Comunicação da Rússia, Nikolai Nikiforov.
"Se houver uma decisão e o YouTube não retirar o vídeo, então o acesso será limitado", acrescentou.
Resposta radical
Jim Killock, diretor-executivo da entidade Open Rights Group, de defesa dos direitos humanos, afirmou que tal proibição seria "uma resposta desproporcional e radical" dada pela Rússia.
"Trata-se de um caso extremamente estranho - uma atitude tomada por um indivíduo está sendo generalizada como sendo a do governo americano por motivos políticos e nós precisamos ter uma discussão sobre por que isso está acontecendo e se ela é razoável ou não", afirmou Killock à BBC.
"Mas as companhias envolvidas nessa polêmica devem resistir a todo custo tais 'solicitações', exceto se elas tiverem de obedecer leis nacionais e isso é completamente razoável", acrescentou.
Um representante do YouTube afirmou à BBC: "Nós trabalhamos duro para criar uma comunidade na qual todo mundo pode se divertir e que também permite às pessoas expressar suas diferentes opiniões acerca de vários temas. Isso pode ser desafio porque o que é legal em um país pode ser ofensivo em outro".
"Esse vídeo - que foi amplamente divulgado na web - enquadra-se claramente dentro das nossas regras e, assim, ele não tem razão de ser excluído do YouTube. No entanto, nós temos restringido o acesso ao filme em países onde ele é ilegal, como a Índia e a Indonésia, tal como na Líbia ou no Egito, dada a situação sensível nesses dois últimos países", acrescentou ele.
"Essa abordagem vai ao encontro dos princípios que nós divulgamos em 2007", concluiu.
Princípios do Google
Tais princípios incluem uma proibição internacional à pornografia infantil, por exemplo.
Mas Rachel Whetstone, diretora global de comunicação e RP do Google para a Europa, Oriente Média e África, escreveu em um blog que a companhia americana não pode ser "o árbitro do que pode ou não pode aparecer na web".
"Nós tentamos levar em conta as culturas locais e suas necessidades - que variam dramaticamente ao redor do mundo - quando desenvolvemos e implementamos nossas políticas de produtos globais", afirmou ela.
"Tratar de temas controversos é, sem dúvida, um dos maiores desafios que nós enfrentamos hoje", concluiu Whetstone.
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