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Quais são as opções para salvar os meninos presos em uma caverna na Tailândia?

03/07/2018 18h13

Uma equipe internacional de socorristas enfrenta o desafio de tirar 12 adolescentes e seu treinador de futebol de dentro de uma caverna inundada na província de Chiang Rai, na Tailândia. Nesta terça-feira, eles receberam comida e medicamentos pela primeira vez em 10 dias.

Sete mergulhadores, incluindo um médico e um enfermeiro, foram ao encontro deles para checar seu estado de saúde, alimentá-los e fazer companhia.

Os mergulhadores não vão correr nenhum risco na operação, disse uma autoridade tailandesa.

"Não vamos ter pressa para tirá-los da caverna", disse o governador da província de Chiang Rai, Narongsak Osoththanakorn. "Quem estiver correndo risco zero primeiro poderá sair da caverna primeiro."

O grupo foi encontrado por mergulhadores na segunda-feira, em cima de uma rocha - eles ficaram presos na caverna depois de um treino de futebol, por causa de uma enchente.

As autoridades estudam drenar a água da caverna, retirá-los por via aérea ou até mesmo ensiná-los a mergulhar para saírem do local. Mas todas as opções são difíceis, e as autoridades dizem que eles podem ter que ficar onde estão por meses até serem resgatados.

Como eles sairão de lá?

Uma das possibilidades é que a equipe de resgate ensine as crianças a mergulhar pelos túneis da caverna usando equipamento especializado, como tanques de oxigênio e máscaras.

"A opção de trazê-los mergulhando é a mais rápida, mas também a mais perigosa", diz Anmar Mirza, coordenadora nacional da coordenadora nacional da Comissão Nacional de Resgate de Cavernas dos Estados Unidos.

Foram necessários dias para que uma equipe com alguns dos melhores mergulhadores do mundo chegasse ao ponto onde estão as crianças - muitas das quais não sabem nadar - teriam de superar as fortes torrentes de água, a baixa visibilidade e as passagens estreitas.

Eles levaram várias horas para conseguir chegar ao grupo a partir da entrada, utilizando passagens minúsculas e cheias de destroços, auxiliados por esforços de bombeamento 24 horas por dia para tentar limpar as águas da enchente.

A equipe de resgate pode entregar máscaras e instalar, no caminho, cordas de mergulho, tanques de oxigênio e bastões fluorescentes para guiar as crianças. Mesmo assim, especialistas dizem que o risco seria muito grande.

Edd Sorenson, coordenador regional na Flórida para a Organização Internacional de Resgate e Recuperação de Cavernas Subaquáticas, disse à BBC News que a opção de mergulho é "extremamente perigosa e arriscada", acrescentando que ele a consideraria "um último recurso".

"Em um lugar completamente sem visibilidade, sem estar familiarizado com esse tipo de condição extrema, é realmente muito provável que eles entrem em pânico, colocando em risco de morte a si mesmos e os socorristas."

Espera longa demais

Outra opção é esperar que o nível das águas baixe para que o grupo saia da caverna a pé, mas isso pode levar meses, já que é estação de monções na região.

"O período de quatro meses é o pior cenário possível, mas as autoridades aproveitarão cada oportunidade que tiverem para retirar os meninos o mais rapidamente possível. Quem for forte o suficiente para se deslocar será retirado primeiro", explica Youkonggaew.

Os mergulhadores também avaliam a possibilidade de perfurar a rocha e retirar os garotos por via aérea, o que também seria uma tarefa difícil.

Mas, até mesmo para começar o processo, novas estradas precisariam ser construídas acima das cavernas para acomodar o equipamento de perfuração necessário para quebrar a rocha.

Além disso, Anmar Mirza explica que teria que ter sido feito um levantamento das cavernas e que seria preciso conhecê-las profundamente antes de começar a perfurar - caso contrário, haveria poucas chances de cavar um buraco no lugar certo para os meninos e o treinador.

"Parece fácil, mas na verdade é muito difícil. É como achar uma agulha num palheiro", afirma.

Quais são os perigos dentro da caverna?

Os garotos - que têm entre 11 e 16 anos - e seu treinador de 25 anos, estão agrupados na saliência de uma pequena rocha. O local é úmido, então, eles precisam se manter secos e aquecidos, sob o risco de sofrerem hipotermia.

Avalanches ou deslizamentos de rochas também são um risco, mas a principal preocupação dos socorristas é o aumento do nível de água na caverna, provocado pelas fortes chuvas.

Isso poderia complicar as rotas de acesso até o grupo e diminuir a quantidade de ar disponível na câmara onde eles estão, além de arruinar os planos de resgate.

Os meninos e o treinador também precisarão se manter calmos e ficar em cima da rocha enquanto esperam pelo resgate, segundo Andy Eavis, ex-diretor da Associação Britânica de Espeleologia.

Do contrário, eles podem cair em algum buraco entre as rochas ou serem levados pela água.

"O maior problema é ter que rastejar lá dentro no escuro", disse Eavis à BBC.

Que tipo de ajuda eles estão recebendo?

Nesta terça-feira, a equipe de resgate levou alimento e medicamentos para os garotos. Eles receberam, por exemplo, comprimidos de paracetamol e tubos de gel de carboidrato.

"Estamos nos preparando para mandar mais comida, que possa mantê-los por pelo menos quatro meses, e para treinar todos os 13 para mergulhar, enquanto continuamos tentando drenar a água", disse o capitão da Marinha Anand Surawan, segundo um comunicado das Forças Armadas tailandesas.

As autoridades dizem que a maior parte do grupo está ilesa, apesar de alguns estarem fracos e terem ferimentos leves. Um médico e um enfermeiro estão com eles e avaliarão se eles estão fortes o suficiente para serem retirados dali.

Enquanto isso, mergulhadores já começaram a levar centenas de tanques de oxigênio para dentro da caverna e se preparando para fazer um acampamento de base lá dentro.

Como eles vão lidar com a pressão psicológica?

"A escuridão é algo que debilita muito (as pessoas) nessas situações", diz Andy Eavis. Segundo ele, os garotos podem ter usado lanternas e as luzes de seus celulares, mas provavelmente estão no escuro há horas.

Por isso, os socorristas têm levado luzes para dentro da caverna e feito companhia para o grupo.

Mergulhadores também estão instalando linhas elétricas e de telefone para permitir que eles falem com seus familiares.

Considerando as circunstâncias difíceis, eles parecem estar bem até agora.

"Eles estão estáveis psicologicamente, o que é muito bom", disse à agência de notícias AFP o mergulhador belga Ben Reymenants, que faz parte da operação de resgate.

"Por sorte, o treinador teve o bom senso de mantê-los sentados juntos para economizar a energia deles. Isso os salvou."