7 medidas práticas que governos precisam tomar contra mudanças climáticas
A COP26, conferência do clima que aconteceu na cidade escocesa de Glasgow neste mês, foi apresentada como a última chance de limitar o aquecimento global a 1,5 °C.
Depois de duas semanas de intensas negociações, os quase 200 países presentes à COP26, conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, assinaram no sábado (13/11) um acordo para tentar garantir o cumprimento da meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C.
Mas, além dos acordos e das oportunidades de fotos, o que na prática os países precisam fazer para enfrentar as mudanças climáticas?
1. Manter os combustíveis fósseis no solo
A queima de combustíveis fósseis como petróleo, gás e, especialmente, carvão, libera dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, retendo o calor e elevando as temperaturas globais.
É uma questão que deve ser enfrentada a nível governamental para que o aumento da temperatura seja limitado a 1,5ºC, nível considerado como porta de entrada para mudanças climáticas perigosas.
No entanto, muitos dos principais países dependentes do carvão — como Austrália, Estados Unidos, China e Índia — se recusaram a assinar um acordo na conferência com o objetivo de eliminar progressivamente a fonte de energia nas próximas décadas.
2. Reduzir as emissões de metano
Um relatório recente da Organização das Nações Unidas (ONU) sugeriu que a redução das emissões de metano poderia dar uma contribuição importante para combater a emergência planetária.
Uma quantidade significativa de metano é liberada a partir do chamado flaring — a queima de gás natural durante a extração de petróleo — e pode ser interrompida com soluções técnicas.
Encontrar maneiras melhores de descartar o lixo também é importante, porque os aterros sanitários são outra grande fonte de metano.
Na COP26, quase 100 países concordaram em reduzir as emissões de metano, em um acordo liderado pelos EUA e pela União Europeia. O Global Methane Pledge visa limitar as emissões de metano em 30% em comparação com os níveis de 2020.
3. Mudar para energia renovável
A geração de eletricidade e calor contribui mais para as emissões globais do que qualquer setor econômico.
Transformar o sistema global de energia, hoje dependente de combustíveis fósseis, em um dominado por tecnologia limpa — processo conhecido como descarbonização — é fundamental para atingir os objetivos climáticos atuais.
As energias eólica e solar vão precisar dominar a matriz energética até 2050 se os países quiserem cumprir suas metas de emissão líquida zero.
Há desafios, no entanto.
Menos vento significa menos eletricidade gerada, mas uma melhor tecnologia de bateria poderia nos ajudar a armazenar energia excedente de fontes renováveis, pronta para ser liberada quando necessário.
4. Abandonar a gasolina e o diesel
Também vamos precisar mudar a forma como abastecemos os veículos que usamos para nos locomover em terra, no mar e no ar.
Deixar para trás os carros a gasolina e diesel e adotar veículos elétricos será crucial.
Caminhões e ônibus poderiam ser movidos a combustível de hidrogênio, idealmente produzido a partir de energia renovável.
E os cientistas estão trabalhando em combustíveis novos e mais limpos para aeronaves, embora os ativistas também estejam fazendo um apelo às pessoas para que reduzam o número de voos que pegam.
5. Plantar mais árvores
Um relatório da ONU em 2018 afirmou que, para haver uma chance realista de manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5 °C, teremos que remover o CO2 do ar.
As florestas são excelentes em absorvê-lo da atmosfera, razão pela qual ativistas e cientistas enfatizam a necessidade de proteger o mundo natural reduzindo o desmatamento.
Programas de plantio em massa de árvores são vistos como uma forma de compensar as emissões de CO2.
As árvores provavelmente serão importantes à medida que os países lutam para atingir suas metas de emissão zero, porque, uma vez que as emissões tenham sido reduzidas o máximo possível, as emissões restantes poderiam ser "anuladas" por sumidouros de carbono, como as florestas.
6. Remover os gases de efeito estufa do ar
Tecnologias emergentes que removem artificialmente o CO2 da atmosfera, ou impedem que ele seja liberado em primeiro lugar, podem desempenhar um papel nisso.
Uma série de instalações de captura direta de ar estão sendo desenvolvidas, incluindo as construídas pela Carbon Engineering, no Texas, e pela Climeworks, na Suíça.
Estas máquinas funcionam usando ventiladores enormes para sugar o ar para um filtro químico que absorve CO2.
Outro método é a captura e armazenamento de carbono, que captura as emissões em "fontes pontuais", nas quais são produzidas, como usinas de energia a carvão. O CO2 é então enterrado profundamente no subsolo.
No entanto, a tecnologia é cara e controversa, porque é vista pelos críticos como uma ajuda a perpetuar a dependência dos combustíveis fósseis.
7. Ajudar financeiramente os países mais pobres
Na COP de Copenhague em 2009, os países ricos se comprometeram a fornecer US$ 100 bilhões (R$ 550 bilhões) em financiamento até 2020, destinados a ajudar os países em desenvolvimento a combater e se adaptar às mudanças climáticas.
O prazo não foi cumprido, embora o governo do Reino Unido, que detém a presidência da COP, tenha esboçado recentemente um plano para colocar o financiamento em prática até 2023.
Muitos países dependentes do carvão estão enfrentando graves faltas de energia que colocam em risco sua recuperação da pandemia de covid-19 e afetam desproporcionalmente os pobres.
Estes fatores os impedem de se afastar de indústrias poluentes.
Alguns especialistas acreditam que as nações mais pobres vão precisar de apoio financeiro contínuo para ajudá-las a avançar em direção a energias mais verdes.
Por exemplo, os EUA, a União Europeia e o Reino Unido destinaram recentemente US$ 8,5 bilhões (R$ 46 bilhões) para ajudar a África do Sul a eliminar o uso de carvão.
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