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Greta doa parte de prêmio para combate ao coronavírus na Amazônia

A ativista Greta Thunberg venceu hoje a primeira edição do prêmio português Gulbenkian para a Humanidade - Susana Vera/Reuters
A ativista Greta Thunberg venceu hoje a primeira edição do prêmio português Gulbenkian para a Humanidade Imagem: Susana Vera/Reuters

20/07/2020 11h11

A ativista ambiental sueca Greta Thunberg, de 17 anos, venceu hoje a primeira edição do prêmio português Gulbenkian para a Humanidade e vai receber um milhão de euros que serão investidos em projetos de combate à crise climática e ecológica.

Logo após o anúncio, Greta compartilhou em sua conta no Instagram a vitória e anunciou que os primeiros 100 mil euros (cerca de R$ 615 mil) serão doados à Campanha SOS Amazônia, mantida pela Fridays For Future Brazil (Greve pelo Futuro), para o combate do novo coronavírus na Amazônia. Outros 100 mil euros serão doados para a Fundação Stop Ecocide, que busca tornar o ecocídio um crime internacional.

A jovem sueca foi escolhida entre 136 nomeações (correspondendo a 79 organizações e 57 personalidades) provenientes de 46 países. A vitória foi anunciada na sede da Fundação Gulbenkian, em Lisboa, pela presidente da instituição, Isabel Mota, que destacou o compromisso da entidade com a situação urgente da ação climática.

O ex-presidente português Jorge Sampaio, presidente do Grande Júri do prêmio, afirmou que "maneira como Greta Thunberg conseguiu mobilizar as gerações mais jovens pela causa do clima e sua tenaz luta para mudar um status quo que persiste na persistência fazem dela uma das figuras mais memoráveis de hoje".

Em um vídeo enviado aos organizadores do evento, Greta disse estar "incrivelmente honrada e extremamente grata" e que espera que o dinheiro sirva "para fazer a diferença".

O júri que escolheu a jovem sueca é composto, entre outros nomes, pelo alemão Hans Joachim Schellnhuber, fundador e diretor emérito do Instituto de Pesquisa sobre Impacto Climático de Potsdam, e pelo espanhol Miguel Arias Cañete, ex-comissário europeu de Energia e Ação Climática.

A Fundação Calouste Gulbenkian, que concedeu o prêmio, foi criada em 1956 por testamento de Calouste Sarkis Gulbenkian, filantropo de origem armênia que viveu em Lisboa entre 1942 e 1955. A entidade tem como propósito melhorar a qualidade de vida das pessoas através da arte, da beneficência, da ciência e da educação.

Desde 2018, Greta, inspirou milhões de jovens em todo o mundo a saírem da escola e irem às ruas às sextas-feiras protestar em favor do clima, no movimento chamado "Fridays for Future". Ela virou o rosto de um movimento global por uma política climática mais assertiva e foi eleita em dezembro de 2019 a Pessoa do Ano pela revista Time.

Na luta em defesa do clima, a adolescente já conversou com chefes de Estado na ONU, se reuniu com o papa, discutiu com o presidente dos Estados Unidos e inspirou milhões de pessoas ao redor do mundo a irem às ruas. Entre dezenas de prêmios e honrarias, ela recebeu o Embaixador da Consciência, concedido pela ONG Anistia Internacional, em setembro do ano passado.

No mesmo mês, ela esteve entre os vencedores do Prêmio Right Livelihood, também conhecido como Nobel Alternativo, ao lado de Davi Kopenawa, porta-voz dos povos indígenas do Brasil. A Revista Forbes a incluiu na lista das 100 Mulheres mais poderosas de 2019 e ela também teve duas nomeações consecutivas para o Prêmio Nobel da Paz (2019 e 2020).

No final do ano passado, Greta mudou sua descrição biográfica no Twitter para "pirralha", após ser chamada por esse termo pelo presidente Jair Bolsonaro. Este ano, com a pandemia de covid-19, a jovem conclamou os seguidores e não irem às ruas protestar em defesa do clima, devido ao risco de contaminação pelo novo coronavírus. Em vez disso, sugeriu que as ações migrem para a internet e as redes sociais.